23 de abril de 2020
A calçada ainda molhada pela chuva da noite anterior espelhava os rostos de quem passava. Bow se distraía do silêncio de sua caminhada observando outras pessoas, ao seu lado Adora mantinha a cabeça baixa, os pensamentos rodopiavam em confusão e os olhos pesavam muito mais.
Glimmer tinha decidido que iria sair com a amiga, para se distraírem um pouco, enquanto Bow iria descobrir um pouco mais sobre o número desconhecido que aparentemente tinha uma relação muito íntima com Adora.
— Já faz um tempinho que cê vai pra terapia né?
— Faz alguns meses.
— Eu quero que você volte pra uni logo, ficar em casa sozinha deve tá sendo um saco.
— Só vou poder voltar se eu conseguir passar nas provas.
— Você vai passar nas provas, tu é inteligente e já estudou um bocado.
— Mesmo assim.
— Vamo tomar uma banana split. — Glimmer puxa a mão da amiga em direção à sorveteria amarela com letreiro chamativo.
Para Bow, as coisas não iam tão bem, estava tomando um chá de cadeira na espera para ser atendido. Ele continuava a revirar o celular de Adora, lendo as mensagens que ela trocara com aquele número. Mesmo a menina dando permissão total para o amigo ler as mensagens, ele se sentia desconfortável ao xeretar uma conversa tão pessoal.
O garoto absorvia todas as informações que ele poderia retirar daquele bate-papo, ao mesmo tempo que pensava em uma desculpa para fazer perguntas sobre o Babe. Ele já tinha pensado em várias mentiras, mas nenhuma parecia convincente o suficiente para que a empresa revelasse dados pessoais sobre o proprietário do número.
Quando chegou a vez de Bow, ele se dirigiu ao atendente e mostrou seu sorriso mais atraente.
— Boa tarde, eu tô com uma situação complicada. — O rapaz retirou do bolso um pequeno papel com o número de Babe rabiscado e entregou ao homem à sua frente. — Já faz um tempo que uma amiga minha perdeu o celular dela, e a gente tentou encontrar de todas as maneiras possíveis.
O atendente checou o número de telefone e continuou olhando para Bow, dando deixa para que ele terminasse a história.
— E aí a gente lembrou do número que ela usava no celular, ele não tinha nenhum tipo de senha, então se alguém tiver achado pode estar usando o número. Se for possível, o senhor pode rastreá-lo pra mim?
— É necessário um boletim de ocorrência, o senhor fez algum?
Bow gelou por alguns segundos, em todas as hipóteses que ele criou antes de inventar essa história, ele nunca tinha considerado um boletim de ocorrência na equação.
— Então, sobre o boletim. Não deu pra fazer porque o aparelho não foi roubado, nem furtado, ele foi perdido.
— Sem o boletim eu não posso rastrear o número.
— Por favor, esse número tinha contatos muito importantes.
Fora necessários alguns minutos de debate e conversa, Bow estava torcendo para que ele não chamasse a polícia para levá-lo.
— Tudo bem, eu rastreio a última vez que ele foi usado, mas não prometo nada.
— Muito obrigada.
Minutos de silêncio se passaram e o número foi finalmente encontrado.
— Ele foi desativado em 2017, na Fright Zone. Só posso te dizer isso.
— Tudo bem, muito obrigada.
Bow se levanta e sai em direção à sorveteria que combinaram de se encontrar. Seus passos eram rápidos, seu cérebro trabalhava para assimilar as informações novas e tentar montar uma teoria sobre quem poderia ser o Babe.
De longe, o garoto podia ver as amigas conversando em uma das mesas. Chegando de fininho ele se sentou em uma das cadeiras disponíveis.
— Como foi lá?
— Eu descobri algumas coisas.
— O que?
— O número foi desativado em 2017, e aparentemente o dono morava na Fright Zone.
— Como assim morava? Será que ele morreu?
Os olhos de Adora saltaram com o comentário da mais nova.
— Como assim morreu? Será que ele morreu por minha causa?
— Calma gente ninguém morreu, eu acho. Eu disse morava porque de acordo com as conversas dele com a Adora, ele pode estar morando aqui em Bright Moon.
As duas pararam de falar imediatamente se inclinando na direção do amigo.
— Em algumas partes, o Babe diz que quer estudar artes na nossa universidade, e como o antigo número foi desativado, ele provavelmente trocou pra não ter mais contato com a Adora.
A loira se encolheu ao ouvir tais palavras, era verdade que ela causou algum sofrimento nele, mas ela queria se desculpar e resolver o mal entendido.
— Nossas chances agora são, bem, investigar os alunos novatos de qualquer curso de artes da uni, e ver quem que nasceu na Fright Zone.
— A perfuma é presidente do grêmio, ela ajuda a gente com certeza. — Glimmer se esticou para trás e olhou para fora da sorveteria.
— É pode ser.
Adora ainda permanecia calada, seus amigos estavam realmente muito empenhados. Ela mal sabia o que diria se encontrasse o Babe de verdade. Ela não conseguia se imaginar em um relacionamento com outra pessoa, estava com medo de reencontrá-la e as coisas saírem do controle. Ou de machucá-la ainda mais.
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𝑗𝑎𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑚𝑒 𝑒𝑠𝑞𝑢𝑒𝑐𝑒𝑟𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝑡𝑖
FanfictionAdora acordou de um coma de três anos sem se lembrar de parte da sua vida antes do acidente, até que mensagens trocadas com um número desconhecido a fazem ir atrás de uma pessoa do passado que ela não sabe ao certo quem é. . . . . . Inspirada no fil...