13 de abril de 2020
O relógio de pulso de Adora marcava 10:14 da manhã de uma segunda-feira, a menina estava sentada em sua escrivaninha, as costas estavam curvadas em cima dos livros, cadernos e papéis, o que indicava que doeriam mais tarde, seus olhos ostentavam pequenas, porém visíveis olheiras e aspecto cansado e seu cabelo estava bagunçado em um coque que já afrouxara depois de um fim de semana sem pausa nos estudos.
Havia mais de dois meses que Adora tivera a primeira lembrança de sua vida antes do acidente, foi bagunçado e muito confuso, mas ela se agarrou naquele fio de esperança e trabalhou duro para conseguir mais momentos como aquele. As sessões de terapia foram muito mais tranquilas e produtivas depois do já citado ocorrido.
Nem Adora nem Netossa perceberam como que perder dois anos de memória e passar três anos em coma afetaria o psicológico de Adora. Ela se sentia devastada, estava obcecada em recuperar as memórias, não conseguia enxergar como seus comportamentos e pensamentos comprometiam sua saúde e seu relacionamento com a família e amigos.
Graças à Angella, Adora conseguiu uma chance de voltar a estudar na Universidade de Bright Moon, ela precisaria estudar muito e se dedicar ao máximo, e estava fazendo isso. Há mais de um mês que estudava sem parar, relendo livros, refazendo provas, pesquisando e trabalhando. Consequentemente ela tinha se lembrado de aulas, colegas, momentos que passara na universidade. Eram lembranças aleatórias e bagunçadas, que vinham na hora que queriam, mas mesmo sendo um caos, Adora se agarrava naquelas lembranças e algumas vezes até se emocionava.
Imersa em seus pensamentos, a garota se sobressaltou com a entrada de Glimmer.
— O almoço já tá pronto, vamo descer?
Adora checou o relógio em seu pulso e já eram 11:51, mal percebeu o tempo passando. Acenou afirmativamente com a cabeça e se levantou seguindo a amiga até a sala de jantar da casa. Angella já estava sentada se distraindo com o celular, quando percebeu a presença das duas meninas deixou o aparelho descansar ao lado do prato e sorriu para ambas.
— Tenho novidades pra você, Adora. O coordenador do seu curso marcou a semana que você poderá fazer as provas.
— Que bom. Quando vai ser? — A menina mal podia esconder o sorriso largo que se formara em seu rosto.
— Dia 27 à 01. Você ainda tem duas semanas pra se preparar, acha que consegue? Se você não se sentir pronta, por qualquer motivo, eu peço mais um tempo.
— Não, tá tudo bem. Eu tô estudando faz muito tempo, refazendo as provas, acho que duas semanas vão ser o suficiente.
Angella sorriu sem dentes, os olhos fixos no rosto confiante e tímido de Adora. Assentiu com a cabeça e iniciou sua refeição, sendo seguida pelas outras duas.
— Então Glimmer, e o comitê dos estudantes? Alguma novidade? — Com um suspiro leve, a menina deu um sorriso gentil e olhou para a mãe na cabeceira da mesa.
— O pior, é que eu tenho uma novidade. Eu saí do comitê.
A mulher ficou surpresa, de todas as respostas imagináveis, ela não contava com essa.
— Por que saiu? O que houve?
— Eu tive que cortar algumas das atividades extra na universidade, pra me dedicar mais ao curso.
— Mas fazer parte de um comitê era uma das coisas que você colocaria no seu currículo, posições de liderança sempre impressionam quando se trata de entrevistas de emprego.
— Eu não vou precisar de entrevistas de emprego porque vou trabalhar pra você. Eu faço administração pra trabalhar pra você, e vou fazer edificações pra trabalhar pra você. Sempre foi assim.
Angella assente com a cabeça, não queria mais estender aquele assunto, principalmente em uma refeição e na frente de Adora. Glimmer não estava completamente errada, e sua mãe reconhecia isso, sempre dissera à filha o que fazer, porque o destino dela sempre foi substituí-la no negócio da família.
Antes do acidente, Adora era quem ajudava na parte administrativa, como uma forma de pagar pela estadia dela, o que era ridículo já que ela nunca foi uma hóspede e sim parte da família. Quando ela entrou em coma, Glimmer tinha total controle da situação, mas Angella não quis envolvê-la nesses assuntos, estudar era a prioridade.
Agora que já tinha percebido seu erro, ela tinha duas opções, dar uma chance para a filha demonstrar seu valor e aflorar suas habilidades, ou ignorar a situação e deixar tudo como está.
— Seu pai disse que quer passar o próximo fim de semana com você.
— E por que ele não falou comigo?
— Pode perguntar à ele quando for vê-lo.
Angella se levantou e saiu da sala, tinha mais alguns minutos de almoço mas pegou sua bolsa e saiu da casa, nem ela sabia pra onde iria.
ESTÁ A LER
𝑗𝑎𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑚𝑒 𝑒𝑠𝑞𝑢𝑒𝑐𝑒𝑟𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝑡𝑖
FanfictionAdora acordou de um coma de três anos sem se lembrar de parte da sua vida antes do acidente, até que mensagens trocadas com um número desconhecido a fazem ir atrás de uma pessoa do passado que ela não sabe ao certo quem é. . . . . . Inspirada no fil...