Capítulo 43- A primeira sessão

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Algumas horas depois

_ Nós podemos conversar agora?_ Vitor perguntou com cautela, ao entrar na casa de Lindsay.

_ Você acredita em mim? _ Lindsay perguntou, desconfiada.

_ Me diga exatamente o que aconteceu.

_ Eu esqueci de trancar a porta, mas ela estava fechada. Aí eu subi, tomei banho e dormi. Mas, no meio da noite eu escutei algo, depois senti alguém me acariciando e segurei sua mão, mas ela tentou correr e quando chegou perto da luz eu a vi. Era ela, Vitor, era a minha mãe. Ela falou comigo.

_ E o que ela disse? _ Vitor tentava a todo custo entender aquela situação.

_ Ela me disse que meu pai e ela tem orgulho de mim, que me amam e que logo vamos nos encontrar.

Vítor arregalou os olhos, desesperado.

_ Eu pensei em ligar para o Paulo, mas preferi te contar primeiro. Que tal se fôssemos hoje ao consultório em que ele trabalha? _ Vítor indicou, em alerta.

_ Você não acredita, não é?

_Na verdade, acho que também vou me consultar, porque eu estou começando a acreditar no que você disse. Quer dizer, a única coisa que eu sei é que alguém realmente entrou aqui. A porta estava semiaberta quando cheguei e eu achei isso no chão da sala.

Vitor estendeu um cordão para Lindsay, em seu pingente havia um coração em seu real formato.

_ Eu sabia que tinha visto esse colar em algum momento! Ontem eu estava revendo as fotos antigas e eu vi esse colar, era o colar da minha mãe!

_ Tem certeza de que era da sua mãe?

_ Bom, a história é a seguinte: meu avô fez dois colares desse, um para minha mãe e outro para minha tia e falou para as duas passarem para seus filhos primogênitos.

_ Sua mãe continuou com o dela?

_ Meu pai me contou que ela ficou desolada quando o filho primogênito dela morreu, mas, antes dela morrer, ela entregou o cordão para o meu pai encontrar minha irmã perdida.

_ Já pensou na possibilidade de ter sido a sua tia a entrar aqui?

_ Minha tia e eu sequer nos conhecemos, ela não sabe onde moro.

_ Tudo bem, sobre a questão do Paulo: talvez ele possa te encaixar em algum horário hoje, eu vou com você e no momento que você quiser ir embora a gente sai.

_Você é bom em convencer. Eu aceito.

Vitor ligou para Paulo e pediu a ele para marcar um horário para Lindsay. Paulo disse que não havia ninguém naquele momento e que, se eles quisessem, poderiam ir. Os dois se direcionaram ao carro de Vitor e eles foram para a clínica em que Paulo trabalhava.

Chegando lá, Paulo os recebeu com muito profissionalismo e carinho. Lindsay perguntou se Vítor poderia acompanhá-la, suas mãos estavam tremendo.

_ Claro, só queremos que você fique à vontade. _Paulo respondeu.

Após recebê-los em sua sala e pedir que fique à vontade, Paulo pediu para que ela contasse o que aconteceu. Lindsay decidiu começar pelo mais óbvio e recente.

_ Ele acha que estou louca. _ Ela disse apontando para Vitor.

_ E por que você acha que ele pensa assim? _ Paulo a incentivou.

_ Porque a minha mãe apareceu lá em casa ontem.

_ Me dê mais detalhes. _ Paulo disse, a observando.

_ Ela disse que nos encontraremos logo e Vítor acha que estou tendo alucinações. _Lindsay disse, de braços cruzados.

_ Lindsay, eu não quis dizer isso... _ Vítor iniciou, mas não soube o que dizer.

_Mas disse. _ Ela respondeu, o analisando.

_ Eu sinto muito, só estou preocupado. _ Vítor parecia mais perdido que a própria Lindsay e pôs as mãos na cabeça de forma reflexiva.

_ Quando a minha mãe voltar e ficarmos juntas você vai se arrepender de não ter acreditado em mim. Ela vai voltar e vai me levar com ela. _ a respiração de Lindsay estava acelerada e seus olhos estavam cheios de água.

_Lindsay, me responda algo: você acredita que a viu, acredita que era ela a mulher que viu ontem?

Lindsay se calou por alguns minutos, era ela, só podia ser.

_Era ela. _ Sua voz saiu um tanto incerta.

_ Tem certeza?

_Eu não sei, era tão parecida, eu a vi.

_ Calma, você está um pouco confusa. Se você quiser, pode se deitar naquele sofá e relaxar. _ O psicólogo disse, com máxima calma.

_ Pode ser._ Lindsay parecia estar desligada.

_Deite-se aqui, feche seus olhos e me diga exatamente o que aconteceu ontem.

Lindsay contou-lhe alguns detalhes do dia que passou enquanto Paulo fazia anotações.

_ Há algo a mais que queira me contar? Algo que dói toda vez que você lembra, algo que você quer esquecer?

_ A morte do meu pai, o acidente que sofremos. Depois que o carro capotou, eu vi o homem que causou tudo sorrindo para mim na beirada do barranco.

_ Acho que está bom por hoje podemos marcar um outro dia para continuarmos essa conversa, o que você acha?

_Ah, eu topo. Eu gostei. _ Lindsay disse, de forma descontraída.

No final da sessão, Paulo explicou algumas oscilações em suas expressões e remarcou uma nova sessão para outro dia.

_ Vou ao banheiro, já volto. _ Lindsay disse e saiu da sala.

_ Vitor, você não está errado em se preocupar. Eu analisei um encaminhamento que você trouxe e me preocupei bastante: ela não procurou um psicólogo depois do acidente de carro com pai, ela perdeu os pais, perdeu a todos e decidiu seguir em frente ignorando essa dor.

_ Tem uma coisa que fica martelando na minha cabeça: ela sempre conta a mesma história, ela diz que quando o carro capotou ela viu o homem sorrir lá na beira do barranco, olhando para eles, sendo que eu fui até o local no dia do acidente e posso afirmar que seria praticamente impossível enxergar alguém de onde ela estava. Fora que, ela estava desmaiada e quando acordou estava desnorteada, não dizia coisa com coisa.

_ Você notou algo estranho nela depois do acidente: alguma fase anormal, dor de cabeça, algo que possa ajudar?

_ Bom... eu a levei ao hospital e a única coisa que o médico disse foi que ela estava com dor de cabeça por conta da batida. Ele lhe passou alguns remédios e somente mandou- a descansar, mesmo que eu tenha insistido para fazer uma tomografia nela.

_ Isso foi uma completa negligência da parte dele. Sei que se passaram 3 anos, mas eu acredito que ainda há como reverter essa situação.

_ Espera, você sabe o que está acontecendo com ela?

_ Preciso de mais informações para um diagnóstico completo, mas suspeito de algo, sim.

_Vamos? _ Lindsay retornou.

Uma Noite Sem FimWhere stories live. Discover now