Capítulo 28

23 3 0
                                    

Abro os olhos desejando não ter acordado, não estou com animo nenhum para ir a escola hoje. Levanto e vou até o banheiro, tomo um banho quente e demorado, escovo os dentes, aproveitando e já me maqueio, resolvo caprichar passo base e pó compacto, faço um delineado que fica perfeito e por fim passo um batom roxo vinho. Me seco e vou para o quarto vestida de calcinha e sutiã mesmo, escolho uma calça jeans preta, o uniforme da escola e minha jaqueta jeans também preta. No cabelo faço um coque alto com alguns fios soltos e por fim calço meus mocassins favoritos cor de vinho.
Pego minha mochila e desço para tomar uma xícara de café, não estou com fome. Entro na cozinha e encontro minha mãe aparentemente mais animada.
- Se sente melhor mãe?- pergunto me referindo ao dia anterior.
- Tenho que viver não é mesmo? Não posso viver presa ao passado.- diz com a voz um pouco melancólica.
- Isso mesmo assim que se fala mãe.- digo em tom incentivador.
- Filha?- pergunta hesitante.
- Hum?
- Seu pai ligou hoje mais cedo.- paraliso. - E disse que quer te encontrar hoje para te conhecer melhor.
- Nunca, se depender de mim nunca. Eu posso até ter o perdoado, mas fingir que o passado nunca existiu já é outra história.- me irrito e sinto uma leve dor de cabeça.
- Você que sabe querida, faça o que o seu coração mandar.
- Eu preciso ir mãe, já estou atrasada.- dou um beijo em sua testa.- Se cuida.
- Tchau filha, vai com Deus.
- Amém.- respondo já abrindo a porta. Quando termino de trancar a porta dou de cara com Christopher na calçada.
- Bom dia minha amada pimentinha.- automáticamente sorrio.
- Bom dia meu princeso.- dei um abraço tão demorado e apertado nele, nem eu sabia que estava com tanta saudade.
- Tudo isso é saudade de mim?- diz brincalhão.
- Também, você não sabe o quanto eu precisava desse abraço.
- Me conta tudo, mas enquanto vamos pra escola porque já estamos atrasados.
- Meu pai apareceu Chris.- digo com a voz amarga.
- Como assim? Do nada?- pergunta confuso.
- Sim, ele depois de 17 anos resolve aparecer e quer dar uma de pai presente. Eu precisava dele quando eu era pequena e precisava de alguém para eu chamar de herói, para me levantar quando eu caísse do balanço ou até mesmo para implicar com os garotos que se interessassem por mim.
- Poxa pimentinha, tenso. Imagino que sua mãe deve ter ficado bem mexida também.
- Sim, ontem eu tive que pedir para o Charlie ir lá em casa fazer companhia para ela.
- Você estava aonde?- arregalo os olhos, não comentei com ele que estava com uma menina e os amigos dela que conheci ontem, ou seja, completos desconhecidos.
- Eu fiquei na escola até o turno da tarde com a Britany.
- Quem é Britany?
- Uma menina que conheci ontem, ela é legal.

Quando entramos na escola avisto Britany em uma roda de amigos, sorrindo de algo que parece ser bastante engraçado pois ela não para de rir. Quando ela me vê vem correndo até mim.
- Harley.- me abraça super apertado. Christopher solta a minha cintura e se afasta.
- Chris esta é Britany, Britany este é o meu namorado Christopher.
- Olá Christopher.- diz Britany e estende a mão pra ele.
- Olá Britany.- sorri amarelo para Britany, ele parece envergonhado.
- Britany, a gente precisa ir pra sala agora. Nos vemos no intervalo? - digo sugestiva.
- Claro, até o intervalo então.
- Até.- Christopher passa o braço pela minha cintura e vamos para a sala de aula.

Agora estamos eu, Charlie e Christopher no intervalo. A aula que tive no horário anterior foi de História e claro que eu cabei cochilando no meio da aula, não porque a aula é chata e sim porque eu não dormi tão bem a noite.
-Gente, vamos lanchar ?- diz Charlie olhando para a fila do lanche.- Parece que o lanche hoje é galinhada.
- Mas eu não gosto tanto da galinha daqui, ainda prefiro a galinhada da outra escola.
- Eu também.- dizem Christopher e Charlie ao mesmo tempo.
- Vai lá com ele Chris.- digo piscando para o mesmo.
- Deixa de preguiça Christopher.- diz Charlie o puxando pelo braço.
- Aí, tá bom eu vou.- diz exasperado.- Vocês são muito chatos, credo.- e assim ele se afasta e Charlie o segue. Sorrio involuntariamente relembrando a cena que acabei de presenciar.
- O que está fazendo aí sozinha? - diz uma voz familiar e me viro na direção da mesma.
- Henry!- exclamo um pouco alto demais e o abraço.
- Eita, quanta saudade hein?- diz brincalhão.
- Claro, não é todo dia que eu tenho a oportunidade de ver um menino lindo desse.
- Ah claro, eu sei que sou lindo.- diz todo convencido.
- Convencido nem um pouco você né.
- Admite que eu sou lindo, Harley.- diz tocando o dedo na ponta do meu nariz.
- Claro, claro você é muito lindo.
- Que que é isso Harley, elogiando outro homem que não seja eu?- diz pondo a mão no peito e fingindo estar sentindo muita dor e mágoa.
- Ah meu amor eu só estava iludindo ele.- digo brincalhona e na mesma hora Henry faz uma careta.
- Nossa Harley, eu pensei que você me amasse.- diz Henry secando falsas lágrimas.- Sua traidora.
- Eu amo você sim e muito Henry.- mando um beijinho no ar para ele, que pega e o põe no coração. Sorrio da nossa palhaçada. Neste exato momento o sinal toca indicando o fim do intervalo, vamos para a aula de português com a professora Mayse, eu em particular gosto muito dela, ela é muito gente boa e gosta muito do Charlie e de mim.

Estamos indo embora da escola, a professora do último horário faltou, ou seja, saímos mais cedo ou que significa que pegaremos ônibus vazio, ainda bem.
-O que vocês acham de passarmos na salgaderia?- pergunta Christopher.
- Claro!- diz Charlie tão animado que falta pouco dar pulinhos de alegria, ele realmente gosta muito de salgados.
- Eu não estou muito afim não gente.- digo desanimada, eu só quero ir pra casa e dormir um pouco estou esgotada.
- Ah Harley, como assim.- diz um Charlie visivelmente indignado.- É a primeira vez que você vai ver um salgado depois de anos. - Eu acabo caindo na gargalhada.
- Eu não quero ir gente, é sério.- digo fazendo birra.
- Você vai sim.- diz Christopher fingindo estar com raiva.
-  E o que você vai fazer pra me obrigar ?- digo blefando.
- Você já vai ver.- eu achei que ele estava brincando, mas percebi que não quando percebi que ele estava a caminho da salgaderia, e o pior comigo nos ombros. Eu me esperniei, mas não adiantou então tive que aceitar. Eu acabei comendo duas coxinhas e uma empada, de bebida escolhi uma latinha de guaraná. Depois disso eles me deixaram em casa e foram embora, eu tomei um banho, vesti meu pijama e dormi a tarde inteira só acordei no outro dia.

Os olhos da vida Onde as histórias ganham vida. Descobre agora