Capítulo 53

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Britany nos chamou para ficarmos no jardim da escola, só não gostei pois era para ser somente eu, ela e Bryan, mas alguns amigos dela e de Bryan apareceram e se auto convidaram para ficar com a gente. Britany propõe que façamos alguma brincadeira antes de irmos comprar algo para comer, eu novamente torço o nariz já que sei que, geralmente, essas brincadeiras sempre acabam dando errado, ainda mais que os " penetras" me passaram uma impressão não muito boa.
- O que foi, Haly?- Bryan me tira de meus devaneios.
- Nada.- respondo simples e seca.
- Então por que está com essa cara?
-Eu não quero parecer nojenta, mas não gostei nada dos seus amigos e de Britany.- digo o mais baixo que consigo.
- Eles só são amigos de Britany, não gostei deles também não.- ele faz careta e eu rio baixo.
- Como uma garota tão legal anda com umas pessoas tão fúteis como essas?- pergunto e faço a expressão de indignação mais exagerada que consigo. Neste exato momento uma menina com o cabelo na cor vermelha, que é mais falsificado que nota de três reais, senta no colo de um dos meninos e começa a rebolar, Bryan e eu reviramos os olhos ao mesmo tempo.
- Nem eu sei viu.- bufa.
- Eu sei que aqui eu não fico mais, estou me sentindo desconfortável e deslocada.- digo e estou sendo sincera.
- Quer que eu vá com você? - se oferece.
- Não, não precisa. Depois diz pra Britany que eu me senti mal.- dou um abraço nele e ele concorda com a cabeça, me sinto mais desconfortável ainda quando percebo que um garoto com " pervertido" praticamente escrito na testa não para de olhar para mim, odeio meninos pervertidos, me apresso em sair dali. Quando chego no portão da escola comprimento a vigilante e saio da escola, me sinto mais aliviada, aquele ambiente estava muito pesado para mim, não estava me sentindo nada bem. Uma voz desconhecida chama meu nome e eu ignoro, afinal de contas não é normal uma pessoa desconhecida chamar teu nome no meio da rua, começo a andar mais rápido quando sinto um arrepio, mas sinto que seja lá quem foi que chamou meu nome está andando rápido também. Meu coração quase para quando sou puxada bruscamente para trás, crio coragem suficiente para olhar para trás e me deparo com o " pervertido", me arrependo amargamente de não ter aceitado a companhia de Bryan. Me forço para parecer calma, acho que se ele perceber meu desespero será pior já que não conheço as intenções dele. 
- Pra que a pressa?-  pergunta com uma expressão calma, mas seus olhos me passam malícia.
- O que você quer?- pergunto com a voz um pouco trêmula.
- A Britany me pediu para vir atrás de você, já que saiu sem dizer nada.- algo me diz que ele está mentindo.
- E por que ela mandaria um desconhecido atrás de mim e não o Bryan?- arqueio a sobrancelha.
- Porque ele não estava presente na hora, precisou ir ao banheiro.- percebo que ele mente descaradamente.
- Eu preciso ir, depois eu ligo pra Britany.- puxo meu braço bruscamente da mão dele e me afasto, a intuição de que algo nada agradável vai acontecer me assombra " aí Charlie, onde está você? " repito em minha mente como se fosse um mantra.
- Espera!- segura no meu braço novamente.
- Me solta.- não consigo esconder direito o meu medo.
- Calma, o que acha de um lanche?- continuo percebendo a maldade em seus olhos e agora mais visível.
- Que lanche o que, eu nem te conheço.- começo a me desesperar.- Me solta.-puxo meu braço, mas ele aperta mais.
- Só um lanchinho, princesa.- agora os olhos dele são malícia por completo e  meu desespero aumenta quando ele tenta me arrastar.
- Me solta.- me debato e quando avisto Charlie virando a esquina arranho o braço do " pervertido" e corro em direção a Charlie.
- Harley?- ele me olha confuso, abraço ele forte.
- Me tira daqui.- peço com a voz trêmula.
-O que houve?- ele está confuso e eu mais assustada do que nunca.
- Só me tira daqui.- ele concorda com um aceno de cabeça e saímos dali.

- Agora me conta o que houve.- diz quando chegamos a praça da cidade e nos sentamos em um dos bancos.
- Eu estava vindo embora quando aquele idiota agarrou meu braço e disse que Britany tinha mandado ele vir atrás de mim.- arrepio só de lembrar.
- Eu sabia que não devia ter concordado em deixar você ficar na escola.- ele se exalta e começa a falar muito alto.
- Eu desconfiei que era mentira pois a Britany nunca teria mandado um desconhecido atrás de mim.- suspiro.- Eu quero ir pra casa, eu preciso dormir um pouco.- de repente me sinto exausta.
-Tá bom, eu te levo até em casa.- ele sorri amarelo.
- Obrigada, não conta para a minha mãe, por favor, não ainda.- faço cara de súplica.
- Por que? Ela precisa saber.- ele me olha confuso.
- Porque eu não tô com cabeça para me explicar agora.- ele concorda com a cabeça.

Chego em casa e vou direto para o banheiro, tomo um banho longo e demorado. Deito na minha cama e olho para a janela, já está anoitecendo, Charlie entra pela porta com uma xícara de chá nas mãos, e diz que foi minha mãe quem fez. Tomo todo o chá e me embrulho com meu cobertor, Charlie se deita ao meu lado e diz que ficará aqui até que eu adormeça. Agradeço  por ele ter aparecido no momento certo e conto a ele que fiquei pedindo mentalmente que ele aparecesse logo. Não demora muito e eu caio no sono, espero que amanhã seja um dia mais tranquilo.

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