Os olhos da vida

Capítulo 49

Estou sentada no sofá da sala assistindo um canal de TV aleatório, arrumada para ir à escola e estou bebericando um copo de chá, isso mesmo um copo de chá e não é qualquer copo é um copo de 500ml, acordei muito cedo pois dormi muito cedo mesmo ontem, então já dá para imaginar que até arrumar a casa eu já arrumei. Anne ainda está roncando lá no quarto com certeza deve ter dormido bem tarde ontem, conheço ela e tenho certeza de que estava assistindo as séries que tanto gosta. Sou tirada dos meus devaneios quando ouço passos na escada e quando olho avisto minha mãe.
- Acordada a essa hora filha?- ela faz careta.
- Isso que dá ir dormir quase às 16:00 PM de ontem.- faço careta também e ela só dá uma risadinha de leve.
-E a senhora acordada tão cedo porquê?- vou até a pia e lavo meu copo.
- Eu tenho que chegar cedo no serviço hoje pois tenho que passar no hospital para fazer uns exames de rotina.- ela bufa.- Se eu já não estivesse ficando velha eu largaria esses exames para lá.
- Para mãe, a senhora não está velha ainda está é muito enxuta isso sim.
- Boba.- ela ri e abre o pote de biscoitos que acaba de colocar sobre a mesa.- E você e o Charlie?
- Ele pediu para vir aqui depois que eu cheguei ontem, mas eu preferi não, estava muito cansada e não estava afim de conversar.
- E o que ele fez para você recusar a companhia dele?- rio quando ela enche a boca de biscoitos só para ficar calada mais tempo e me fazer falar mais do que eu quero falar.
- Eu recusei, principalmente, porque eu estava muito cansada mesmo, mas lá no fundo foi também porque ele me deu bolo.- abaixo a cabeça.
- Dá uma chance a ele e pergunta o porquê de ele ter te deixado esperando. Às vezes ele teve um imprevisto.- minha mãe sempre sabe a coisa certa a dizer.
- Tem razão mãe, talvez eu esteja sendo infantil demais.
- Talvez não, você está sendo infantil.- ela fala em tom sério.- Filha, você tem que entender que um relacionamento depende dos dois não de um só. Do mesmo jeito que ele viu seu lado e a perdoou por ter traído ele, você tem que ver o lado dele também.- ela suspira e fica em silêncio como se procurasse a coisa certa a dizer.- Nenhum relacionamento é só flores igual muito livros relatam, tem desentendimentos, desavenças, momentos bons e ruins e assim o casal deve procurar o melhor jeito de resolver tal problema, não é cruzar os braços e ficar emburrados e sem se falar.
- Eu vou falar com ele hoje, isso se ele quiser.- suspiro.
- Isso mesmo. Agora eu tenho que ir, querida, lava minha xícara?
- Lavo.- dou um meio sorriso.

São 06:30 AM, vou acordar Anne e vou na casa de Charlie se eu ficar mais tempo sem fazer nada eu piro. Subo a escada correndo e vou até a porta do meu quarto, pulo em cima de Anne que se debate assustada.
-  O que houve? Ah é você, sai de cima de mim sua gorda.- ela  fica bastante brava e eu começo a rir.
- Já é hora de levantar dorminhoca. São 06:30 AM, eu vou sair agora pois vou na casa do Charlie, tchau para você.- mando um beijinho no ar para ela, pego minha mochila e saio do quarto.

Bato na porta da casa de Charlie e abrem imediatamente como se já soubessem que eu ia chegar. Acabo me assustando quando vejo que quem abre a porta é Charlie, ele está tão bonitinho de pijama, sinto vontade de abraçá-lo e não soltar mais, mas reprimo minha vontade.
- Oi, eu já estava subindo para o meu quarto para terminar de me arrumar.- diz e devo estar com cara de idiota pois estou achando muito fofo ele assim com carinha de sono.
- Eu vim pedir desculpa por ter agido como criança ontem.- falo com certa dificuldade, de repente me senti tímida.
- Tudo bem, entra, aí fora está frio.- me dá um sorriso pequeno, estou sentindo o clima tão estranho entre nós que imediatamente uma vontade enorme de ir embora me consome. Começo a me afastar para ir embora, mas Charlie pega minha mão.- Linda é sério está tudo bem, ontem eu não pude aparecer na hora marcada pois minha mãe me pediu para ir ao mercado comprar algumas coisas para ela pois ela vai fazer um almoço para as amigas dela.- uma onda de alívio me consome e eu abraço ele apertado.
- Estava com saudade do seu abraço, do seu cheiro, do seu calor.- digo parecendo uma louca apaixonada.
- Eu também estava com saudades, agora vamos esquecer tudo o que aconteceu e começar do zero.- subimos para o quarto dele e fico aguardando enquanto ele termina de se arrumar.
- Que namorado lindo esse que eu tenho.- faço cara de malícia.
- Eu sei, eu sei muito lindo ele. Olha, se ele não fosse comprometido eu juro que eu pegava.- diz brincalhão.
- Ainda bem que você sabe, ele é só meu e de mais ninguém.- levantando cama e vou em direção a ele, passo as mãos pelo pescoço dele e deposito um beijo em seus lábios.
- Amo você.- ele me pega no colo e passo as pernas pela sua cintura.
- Eu também me amo muito.- começamos a rir.
- E quem vai me amar?- faz uma carinha de cachorro abandonado.
- Você se ama por nós dois.
- Assim eu não quero.- finge estar bravo.
- Eu amo você muitão.- dou um beijo bem demorado nele e ele só separa nossos lábios quando sinto o colchão em minhas costas. Começo a sentir um calor incontrolável, mas antes que possamos passar somente dos beijos e avançar para uma coisa mais quente alguém bate na porta.
- Vai embora, não posso atender agora.- Charlie grita exasperado e volta a me beijar, mas eu não consigo evitar e começo a rir. Me solto dos braços de Charlie, me  levanto e vou até a porta do quarto ainda rindo da situação.