Chamomile Tea

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Madison

Assim que Daniel passou por mim com o seu sorriso presunçoso, permaneci estática, parada em meio ao tráfego de estudantes que riam e conversavam alegremente, sem nem mesmo saber que a minha existência estava em frangalhos, ruindo como um castelo de areia levado pela maré. Eu sentia-me incapaz de prosseguir, de caminhar rumo a minha próxima aula. Precisava saber que Mads havia lido minha mensagem, precisava ter certeza de que ele sabia o que estava acontecendo e o quão perigosa a situação estava se tornando. Sentia que a cada segundo que se passava era um passo que eu dava em direção ao abismo. 

 Eu já havia estado na beira do precipício antes, mas dessa vez, não sentia a mínima vontade de me jogar de braços abertos, pois eu sabia que não existiria nenhuma rede para me segurar após a queda.

 Quando alguns minutos se passaram sem que Mikkelsen me retornasse, decidi ligar em seu celular. Disquei uma vez, torcendo para que sua aula já tivesse terminado e ele pudesse me atender. 

 Disquei outra vez. Talvez ele estivesse com o celular no bolso, indo almoçar.

 Liguei pela terceira vez. O telefone poderia estar no silencioso, por isso ele não me atendia. 

 Assim segui, dando uma desculpa a cada ligação, até que na décima terceira chamada, desisti. Com um suspiro decepcionado, guardei o aparelho e tomei a decisão drástica de ir até sua casa, ignorando completamente as aulas do segundo período.

 Segurando com força as alças da minha mochila, iniciei a longa caminhada até parte do trajeto para a casa do professor, pois como meus pais ainda não haviam depositado dinheiro na minha conta, eu não possuía o suficiente para pagar uma viagem do campus até o meu destino. 

 - Preciso urgentemente de um estágio. - bufei enraivecida.

 O sol não estava tão forte, a brisa que soprava era refrescante e o clima estava agradável. Em qualquer outra situação eu teria parado a cada esquina para observar as folhas amarelas sendo levadas pelo vento, e me sentiria nostálgica diante da paisagem outonal que me rodeava, contudo, eu me movia com a força do ódio que Daniel havia despertado em mim. A passos largos e desesperados, eu não via a hora de enfim me encontrar diante da casa de aspecto vitoriano, que àquela altura era meu único refúgio e salvação. 

 Eu sentia-me segura quando estava com Mads, em seu mundo, já que ele sempre me passava a sensação de que não havia nada que ele não pudesse resolver, e mesmo que eu soubesse que não era prudente depositar toda a minha confiança em alguém, principalmente do sexo oposto, eu não conseguia evitar. Mikkelsen agora era a lua em meu próprio universo.

 Quando já havia caminhado quase metade do percurso, chamei um Uber para que eu não precisasse andar o resto, visto que o meu peito ardia e as pontadas na lateral do abdômen estavam cada vez mais insuportáveis. 

 Assim que o motorista me buscou no ponto de encontro senti meu celular vibrar. Com o peito taquicárdico de expectativa, desbloqueio a tela, crente que encontraria o nome do dinamarquês piscando no ecrã, contudo, o autor da chamada não era o homem, e sim uma garota de longos cabelos escuros e pele reluzente como a turmalina negra. Acalmei meu coração antes de deslizar o dedo e aceitar a ligação.

 - Alô? 

 - Garota, onde você está? Estou te ligando há um tempão. - a voz de Lindsay denotava preocupação, vindo apressada e ansiosa do outro lado da linha.

 - Estou em um Uber. - limitei-me a responder.

 - Em um Uber? Madison, você não tem aula depois do almoço? 

Brooklyn BabyOn viuen les histories. Descobreix ara