Epílogo

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"Cause we've no time for getting old
Mortal body; timeless souls
Cross your fingers, here we go"

(Youth - Troye Sivan)

***

Madison

Se eu achava que a vida era difícil, não sou capaz de mensurar as infindáveis complicações de ter que equilibrar a vida acadêmica, estágios, trabalho de meio período, família e um relacionamento nada convencional com o meu professor universitário.

No início do curso minha rotina já era uma correria, porém quando consegui um emprego em um café do outro lado da cidade, eu passei a mal ter tempo de respirar. A escala era ajustada, de modo a me possibilitar comparecer todos os dias em um período de aproximadamente cinco horas. Tudo enquanto eu não estivesse em aula. Meu uniforme consistia em uma vestido amarelo com botões, avental e patins, bem ao estilo anos 80, e por mais que eu tivesse dado um duro danado para aprender a andar sobre aquelas rodinhas, eu amava meus patins brancos. Não era nada muito glamouroso, porém me proporcionava renda o suficiente para depender cada vez menos dos meus pais.

Quando eu chegava em casa após de atender dezenas de mesas, sempre com um enorme sorriso no rosto, eu pensava que o dia enfim havia acabado, mas ai sentava-me na escrivaninha do quarto que dividia com Lindsay e estudava para todas as provas, apresentações e trabalhos. Eu lia, relia, fazia anotações até as onze horas, que era quando eu me deitava para poder acordar cedinho para as aulas da manhã seguinte.

Eu poderia estar reclamando da sobrecarga das minhas atividades diárias, contudo, confesso que depois do escândalo do ano novo, quando Mads e eu aparecemos como um casal no evento da UCLA, tive sorte de ter conseguido manter minha bolsa e minha vaga na universidade. Claro que esse privilégio só foi estendido à mim por conta do cargo do meu pai. Se Greg não fosse o reitor e não tivesse influência nos diversos departamentos, eu com certeza poderia ter dado adeus à faculdade de psicologia. Mikkelsen, por exemplo, não teve a mesma sorte que eu, logo, foi "convidado a pedir demissão de seu posto".

Ele abandonou, ao menos por hora, sua profissão de professor e passou a dedicar-se inteiramente a sua de origem. Seus pacientes ocupavam quase que completamente sua agenda, havendo longas listas de espera solicitando seu atendimento. Mads pode não ter conseguido manter seu emprego na universidade - tampouco conseguiria cargo em outra do país - contudo, nosso caso foi abafado o suficiente para que seu prestígio nos meios psiquiátricos se mantivesse.

O processo de ter que me acostumar com sua ausência durante as aulas foi doloroso, pois toda as vezes que eu pisava naquela sala, as borboletas no meu estômago batiam suas asas incessantemente, desnorteadas, e pareciam morrer quando eu me dava conta de que não teria mais o dinamarquês como professor. No entanto, ás sextas-feiras, lá estava ele, parado ao lado de seu carro bem diante do prédio onde eu tinha aulas, esperando para me levar para sua casa onde passávamos os fins de semanas juntos.

Meu dia-a-dia era estressante, mas os dias ao lado de Mads era como um breve sonho bom, que me tirava da realidade o suficiente para que eu pudesse recarregar minhas energias e então poder voltar para a dura rotina.

Não foi fácil, contudo, depois de um árduo trabalho, e também da ajuda da minha mãe, Gregory passou a aceitar meu relacionamento com seu melhor amigo, e hoje em dia torce muito para a gente e até faz piadas. Ele não perde a oportunidade de lhe perguntar "quais são as suas intenções com a minha filha?" de repente no meio de qualquer evento em que estejamos, e vive pedindo desculpas por ter sido forçado a desligar o estrangeiro de seu antigo emprego na Universidade da Califórnia em Los Angeles. "É apenas a burocracia. Você entende", ele costuma dizer em tom amistoso.

Brooklyn BabyOù les histoires vivent. Découvrez maintenant