Cinnamon Flower

2.6K 341 494
                                    

Mads

Eu só fui me dar conta dos problemas em que eu havia me metido naquela noite, quando cheguei no restaurante onde jantaria com Gregory, Mahara e a filha do casal. Eu nunca havia conhecido a garota, mesmo que os pais falassem muito dela eu nunca a tinha visto, e ainda quando me disseram que ela havia ingressado no curso de Psicologia na Universidade da Califórnia, nunca sequer passou pela minha cabeça que haveria a possibilidade dela ser minha aluna.

E foi então que o meu mundo caiu.

Sentada de frente para o casal estava a filha deles, uma garota de dezoito anos, de cabelos castanhos e longos que caiam pelos ombros arqueados como um véu que ocultava parte de seu olhar oblíquo de íris castanhas. Sua pele morena, delicada e doce como a flor de canela se empalideceu quando os olhos da adolescente encontraram os meus.

Minhas pupilas imediatamente dilataram, como acontece quando você avista algo de que gosta muito, contudo, meu corpo entrou em uma espécie de paralisia derivada do medo e assombro de ter me envolvido com a filha do meu melhor amigo. Sai daquele estado de torpor tão rapidamente quanto havia entrado.

Pelas feições de Madison percebi que ambos havíamos sido pegos de surpresa, logo, não nos restava alternativa a não ser agir naturalmente, e o melhor a fazer seria fingir que sequer nos conhecíamos. Ela aparentou alívio quando fingi que não me lembrava dela, contudo, voltou ao estado de pânico quando Gregory perguntou sobre minha suposta namorada e ainda por cima citou a minha ex. Da última vez que ouvi sobre Alana Bloom, foi depois de uma aula e junto da presença de Maddie. Não foi uma experiência agradável, e eu faria qualquer coisa para meu amigo deixasse aquela mulher no passado, mesmo que aquilo significasse enfiar um hashi no olho de Greg.

Eu permaneci calmo e impassível,pois sabia que poderia manter o controle daquela situação, e querendo ou não, eu havia adquirido muita experiência em me portar sob pressão. Após quase duas décadas clinicando como psiquiatra e ouvindo todo o tipo de delírios e atrocidades de pacientes com mentes perturbadas, aprendi a me manter neutro e imparcial.

O que não era o caso da garota.

Em determinado momento, a jovem se levantou e balbuciou algo sobre ir ao banheiro. No processo de se por em pé e dar um passo, ela se desequilibrou, e para impedir que fosse ao chão segurei-a pelos braços. Quando nossos corpos se tocaram, uma onda de adrenalina se espalhou pelo meu sistema nervoso, e ao ver seu olhar hesitante e aflito e o tremor que se precipitava por sua pele, precisei conter o ímpeto de joga-la contra a mesa e beija-la impiedosamente, independente de família, amigos e a sentença de morte que nos aguardaria a seguir.

Madison se desvencilhou dos meus braços e saiu correndo em direção aos fundos do restaurante onde possivelmente ficavam os banheiros. Acompanhei-a com os olhos, tomando cuidado para não chamar a atenção do casal que permaneceu comigo na mesa, em seguida, dirigi o olhar para os pais, buscando algum indício de desconfiança.

Passados alguns minutos os pedidos foram deixados sobre a mesa, contudo, a garota ainda não havia voltado.

- Vou ver se a Maddie está bem. - Gregory anunciou, afastando a cadeira de gesticulando na direção para onde ela havia ido.

- Não se preocupe. - me impus rapidamente, me levantando antes dele. - Fique com sua esposa, eu trago sua filha.

Aquela era a oportunidade que eu precisava para ficar sozinho com ela e traçar um plano, uma rota de fuga. Eu necessitava dizer que ficaria tudo bem contanto que fizessemos alguns combinados, mas antes que eu pudesse deixar a mesa, Mahara irrompeu de seu assento.

- Vocês são idiotas ou o que? - a indiana revirou os olhos.- Vocês não chegariam nem perto do banheiro feminino.

Dito aquilo, ela se afastou, caminhando a passos firmes porém graciosos.

Brooklyn BabyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora