Orações e Deuses

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 Kakashi sabia que sua mente não era exatamente sã

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Kakashi sabia que sua mente não era exatamente sã. Ele vira coisa demais e reagira mal perante as perdas que tivera. O fato de ter tido crises de panico vergonhosas em plena missão tantos meses antes justificava, além do comportamento que vinha começando a adquirir e os seus refúgios terem se tornados os livros absurdos de romance adulto de Jiraya... 

Bem, era melhor do que o livro sobre morte que andara lendo antes de entrar para a Anbu. 

Mas ter alucinações? Aquilo estava se tornando ridículo. 

Ser assombrado, talvez? Ele nunca fora tão supersticioso quanto alguns dos colegas, mas... Ele não podia negar que seu coração disparava, as vezes, ao estar distraído e encontrar, repentinamente, olhos vermelhos que desapareciam a menor distração dele. Sua espinha estremecia e seus sonhos eram mais detalhados agora... A nitidez com que Kakashi conhecia as feições daquela garota, mesmo a vendo a distância, era assustadora. 

Ocasionalmente, era a foice de sua alucinação que se mesclava com o fantasma de sua memória tocando a pele do rosto dele. Kakashi acordava pela madrugada, lembranças de lábios rubros próximos aos seus com uma foice picando e rasgando seu rosto. 

Aqueles olhos vermelhos sempre o observando... Ele não sabia dizer se ela era demoníaca ou linda. Ambos, talvez; isso fazia parte do por que era tão aterrorizante. Não parecia existir. Ninguém comentava sobre ela, ninguém a via, ninguém olhava para ela... Não era uma pessoa discreta, nem sempre estava em locais escondidos, mas ninguém, além dele, a notava. Era como se aquela garota com cabelos e olhos como sangue fossem o mais lindo demônio feito especialmente para ele. 

E era isso que ela parecia naquele momento. Kakashi a vira, pela primeira vez em Konoha, usando mascara Anbu e capa. Ele não deveria ser reconhecível, mas lá estivera ela. Ela aparecia em momentos além desses também, então só podia ser fruto de sua mente. 

Seus sonhos não reconheciam isso. 

O rosto de Rin, a voz dela sussurrando seu nome enquanto seu Chidori perfurava o coração dela, o eco da promessa que fizera para Obito de protegê-la, então o rosto daquela garota de cabelos vermelhos a poucos centímetros dos seus. Como um Shinigami. Uma deusa da morte. Os próprios gritos enchiam o fundo dos sonhos, o escorrer gosmento do sangue pelos braços, a escuridão borrada e indistinta da dor, o gelo, o fogo e as laminas... 

Kakashi se ergueu da cama repentinamente, o suor frio cobrindo o corpo e os pés o levaram para a pia. Tinha algum tempo que ele não se perdia daquela forma, precisando lavar e lavar até conseguir tentar lavar o sangue gosmento de Rin em sua pele, o sangue que escorrera quando estivera em carcere, o sangue daqueles que passara a banhar suas mãos toda vez que ele ia em missão. 

Exausto e ensopado, Kakashi caiu de joelhos. Suas mãos estavam doloridas, esfoladas de tanto lavar, mas a dor era um fantasma pouco incômodo. Mal tinha amanhecido ainda. Começaria a vigia mais cedo, era o que precisava. O dia do parto de Kushina se aproximava, meses e meses de guarda com companhia intimidante e inquietante, mas estava chegando ao fim. Jiraya retornara a suas viagens tinha algum tempo, mas devia passar pela vila nos próximos meses para conhecer o filho de Minato. 

MamoritaiWhere stories live. Discover now