Mamoritai I Eu quero te proteger.
Kakashi está em meio ao caos do pós guerra, lidando com a perda dos companheiros como consegue e com as consequências de tentar seguir apesar de tudo, quando é capturado em missão por uma seita que adora uma divind...
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Dois meses tinham se passado enquanto Kakashi permanecia no hospital para ser cuidado das lesões fisicas que sofrera em cárcere privado. Tinha costelas quebradas, queimaduras profundas, além muitas lesões menos perigosas; Dias se passaram com ele desacordado e transitando entre a névoa da febre por conta de inflamações. Isso sem contar os pulsos em carne viva.
Se olhando no espelho do banheiro do hospital, porém, Kakashi achava curioso que a única cicatriz que tivesse permanecido fosse a que tinha logo ao lado da boca. Não importava. Ela não apareceria. Até formava um conjunto interessante com a cicatriz que cortava seu olho.
Ele subiu a máscara no rosto e observou os olhos aparentemente indiferentes. Ele piscava, dia após dia, e sentia uma energia inquieta borbulhando dentro de si.
Ficar parado depois de uma semana de carcere e tortura parecia... Bem, outra tortura.
– Kakashi? – Era a voz de Minato. Ele o visitava com frequência. O Hokage precisava parar de pavoneá-lo como se fosse seu pai... Aquilo começaria a parecer mal para Minato e os ninjas que não gostavam de Kakashi. Até os que não tinham nada contra ele poderiam se incomodar com o favoritismo... O Hokage apareceu na porta do banheiro e observou o garoto. Ergueu o livro que estivera em sua cama. – Sério?
– Jiraya-sama achou que seria uma boa distração. – Kakashi respondeu com indiferença. Minato soltou um suspiro cansado.
– Me diga que não leu isso. – Perante o silêncio de Kakashi ele pinçou o nariz e pareceu além de enervado. – Eu preciso ter uma conversa séria com Jiraya. Quem sabe, talvez, lembrá-lo da classificação indicativa dos livros dele.
Kakashi achou de bom tom não mencionar que Jiraya lhe dera edições de cada um dos livros que já tinha publicado. Eram uma ocupação estúpida, mas uma ocupação. Descobrira que, apesar da natureza depravada das histórias, o Sennin realmente era um bom escritor. Distraía sua mente dos pesadelos e memórias.
O novo rosto em seus pesadelos.
Varreu o assunto para o fundo da mente. Ele e Minato não falavam sobre aquilo.
– Recebi alta? – Minato assentiu para Kakashi e o rapaz anuiu, querendo não parecer aliviado, mas sabendo que demonstrara. Não aguentava mais aquele hospital.
– Enfim... Kushina quer um jantar em família hoje, então você e Jiraya devem estar lá em casa as sete. – Minato sorria de forma acolhedora ao rapaz, que o encarou com feições vazias. O Hokage andou pelo cômodo, os cabelos louros e grandes olhos azuis-claros fazendo dele algo tão distante de família para Kakashi quanto pela atitude deste. – Vamos, Kakashi, é importante. Comemoraremos sua alta também. E, oras, sabe bem que você e Jiraya são parte da nossa família.
Kakashi suspirou, mas assentiu. Talvez fosse bom. Melhor do que entrar naquela espiral que descia descia descia descia por aquela quantidade de sangue, pelo som do próprio grito de agonia ecoando nos ouvidos, a visão embotada que só se focava em uma garota sangrenta...
