Capítulo 07

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Marina

Demorei mais do que imaginava para escolher algo para vestir, mas por fim me decidi por um vestido preto de alças largas bem princesinha, era bem acinturado e ostentava um decote mais fundo nas costas que revelavam algumas das minhas tatuagens. Nos pés coloquei uma sandália baixa bem confortável, com sola de corda e com as tiras de um tecido também preto.

Mantive meu cabelo solto e fiz uma maquiagem bem simples, só tentando disfarçar a noite mal dormida e as poucas lágrimas que eu havia derramado.

Devo ter levado cerca de duas horas para fazer tudo isso e me sentei novamente na cama - sim caro leitor, se acomode em sua cadeira pois até aí eu não tinha a menor ideia do que ia fazer - peguei meu celular, tirei uma foto e guardei no rolo da câmera para usar um dia, ou não.

Fiquei uns minutos olhando as redes sociais até que decidi que sim, eu ia descer. A essa altura já devem estar todos bêbados, passo por lá rapidamente e volto pro quarto. É, aproveito e dou uma olhadinha no Jorge, não que ele precise de mim ou queira me ver. Minha eu mental ria "você sabe exatamente o que vai fazer lá, ta com medinho da possibilidade de nunca mais sentar naquela pi..." , sacudi a cabeça rindo para espantar essa voz depravada da minha cabeça.

Conectei meu celular ao carregador e sai do quarto, escutava ao longe aquelas vozes incríveis cantando, me arrepiei inteira ao identificar entre tantas - por que sim, eram muitas - a voz dele "não para de chover...". Meu Deus, o que esse homem fez comigo?

Cheguei até a varanda onde eles estavam reunidos e nossos olhares se cruzaram, não sei explicar o que senti, só sei que o sorriso que dei foi instantâneo, como se fosse só dele. Continuei caminhando sem desviar o olhar, ele quebrou a conexão primeiro pra voltar a cantar, então abracei a Karina pela cintura, ela me olhou ainda brava e eu lhe sussurrei.

--- Ka, me desculpa, eu precisava de um tempo e você sabe sufocar igual a mamãe - ela bufou e saiu me puxando pelo braço, pra próximo ao chaise onde fiquei na noite passada.

--- Marina, você precisa entender que eu quero cuidar de você igual você cuida de mim - nos abraçamos forte - eu quero que você seja feliz, que você beije na boca, transe, beba, se divirta...

--- Mas Karina, eu to vivendo do meu jeito, e ta tudo bem - menti descaradamente, eu também queria todas essas coisas que ela falou, mas não tava pronta pra isso, não ainda.

--- Quer saber? Eu desisto de você! - ela falou me encarando, meu queixo caiu e não tive reação - tô cansada de sempre tentar te mostrar que a vida é boa, que você não morreu quando o Gustavo te traiu, chifre não mata sabia? - tá bom, ela estava meio bêbada, mas não tinha o direito de falar assim comigo - você paga de durona, mas é uma covarde Marina, covarde!

--- Você tá se ouvindo, Karina? - perguntei e ela gargalhou.

--- Não volto atrás em uma sílaba sequer - nos encaramos por uns segundos - eu te amo Marina, mas tá sendo burra.

Ela saiu andando e me deixou lá, ela era assim, vomitava tudo e saia andando. Eu que lutasse! Mas dessa vez ia ser diferente, não ia atrás dela, não com ela bêbada pelo menos, ela está segura então foda-se.

Permaneci encarando a escuridão por um longo tempo, escutava a música, conversas e risadas, mas não estava com clima de festa. Eu sei que até certo ponto ela está certa, mas não é uma escolha dela, nem de ninguém.

Estava tão absorta nos meus pensamentos que tomei um leve susto quando escutei aquela voz grave ao meu lado.

--- Então você decidiu brigar com todo mundo hoje? - soltei um riso fraco.

Pergunta bobaWhere stories live. Discover now