Capítulo 03

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Marina - Goiânia, 11 de janeiro de 2020.

--- Karina do céu, que calor! - comentei assim que desci do jatinho ultra chique do "não namorado" da minha irmã - são oito da noite e parece que tem um sol pra cada um.
--- Te falei pra trocar de roupa - debochou do meu conjunto de jeans que combinei com uma camiseta e tênis igualmente branco, ela que vestia um short jeans preto, camiseta amarrada na frente e um coturno preto que a deixava bem mais alta que eu - não acredito! - ela correu em direção ao Henrique, que estava de pé na saída da pista de pouso.
    Continuei caminhando, mas em velocidade reduzida, durante a vinda Karina me contou que já fazia quase dois meses que eles não se viam, então achei sensato permitir alguns instantes de privacidade nesse reencontro. Quando os alcancei ele me abraçou bem apertado e me girou, ri alto e ele me soltou.
--- Você sempre sendo caloroso, né? - gargalhamos enquanto eu ajeitava minha camiseta - nunca mais te vi, tava com saudades!  
--- Culpa da sua irmã - falou divertido enquanto caminhávamos em direção a um carro de luxo que eu não sei nem falar o nome - ela não quer me assumir, aí não tenho como ficar indo lá.
---- Henrique, me poupa tá?  - minha irmã respondeu entrando no carro e sentando no banco do passageiro - já te falei, quando você me fizer um pedido decente, aí sim a gente vê como fica.. até lá, cas...
--- Eu sei, eu sei - ele falou dando partida no carro - caso indefinido e bla, bla, bla - gargalhei no banco traseiro, aparentemente essa discussão era frequente -  tá vendo né Marina, depois é cantor sertanejo que não presta, quem não vale nada é loira do olho verde.
--- Vou pintar meu cabelo de vermelho Henrique, ai vamos ver o que você vai inventar - ele deu de ombros e por alguns minutos ficamos em silêncio no carro - Anjo, para na lojinha conveniência, por favor? 
    Notei que ele assentiu e eles deram as mãos, tão bonitinhos! Peguei meu celular enquanto fazíamos o trajeto pelo centro, respondi algumas mensagens até que ele estacionou em frente a um mercado.
--- Mari, quer alguma coisa? - perguntou abrindo a porta do carro.
--- Quero não Ka, brigada - ela desceu e eu voltei minha atenção para o celular.
--- Mari - ergui o olhar e ele me olhava com uma cara de criança travessa - consegue guardar um segredo por uma hora? - assenti me inclinando pra frente pra que ele me contasse - tem uma festa nos esperando lá em casa, só pros amigos mais íntimos e tal.
--- Esse é o segredo? - perguntei arqueando a sobrancelha e ele riu alto - porque se for, vou ter que dizer que você é meio ruim de segredo.
--- Calma caraio, o segredo é que sua irmã me impôs uma condição pra namorar comigo - ele sorria com os olhos ao falar dela, isso me fazia pensar que ela tinha muita sorte - ela queria um pedido surpreendente, então, combinei com uns amigos e vou pedir hoje - ele me mostrou uma caixinha com um lindo anel de compromisso - eu to completamente apaixonado por ela...
--- Ai que lindo - é óbvio que meu coração se aqueceu com isso - você é um cara incrível, e ela é louca por você, do jeito dela, mas é...
--- É esse jeito dela que me mata - ele falou rindo, olhei pra fora e notei que ela estava voltando, rapidamente ele mudou de assunto - espero que você fique a vontade lá em casa, a Karina me falou como foi difícil te convencer a vir.
--- Karina é uma linguaruda - falei enquanto ela entrava no carro - não é que foi difícil me convencer, é só que
--- Só que ela acha que vai virar parte da mobília da casa - ela falou e eles riram alto.
--- Mas muito obrigada pela recepção, Henrique - falei rindo - prometo que vou me divertir.
    Rimos alto e fomos assim todo o restante do trajeto, depois de cerca de trinta minutos pegamos uma estradinha de terra que denunciava que estávamos próximos a fazenda. Assim que passamos pelas porteiras avistei uma casa enorme e o som vinha de algum lugar na lateral, eles falavam algo no carro, mas meu cerebro só registrou a quantidade consideravel de carros caros que estavam estacionados ali.   
    Ele estacionou na vaga mais próxima a entrada da casa, eles desceram primeiro e assim que abri a porta do carro e sai lembrei do calor absurdo que estava fazendo naquela cidade.
--- Tem como eu me trocar ou algo do tipo? - perguntei pros pombinhos que se beijavam delicadamente na minha frente, como se eu não estivesse lá.
--- Vish Mari, as coisas de vocês só chegam mais tarde, quando estacionarem o jatinho - ele falou meio que se desculpando, e só aí me lembrei que em momento nenhum pegamos as malas, e na minha bolsa de mão obviamente não tinha nada de útil - posso ver com a minha cunhada se ela pode te ajudar.
--- Que isso, não se preocupe - falei sorrindo - se eu puder guardar minha jaqueta já tá top - caminhamos rindo para dentro da casa que era imensa, daquelas de filme mesmo - sua casa é demais, preciso deixar isso bem claro.
--- Aqui é nosso recanto, morar mesmo, a gente mora lá em Tocantins - ele falou dando de ombros - a casa é grande pra caber a família toda, somos muito unidos.
--- Igual a casa da mãe, Mari - Karina falou colocando a bolsa em cima de um sofá, aparentemente ela já era da casa - onde vamos ficar?
--- Ué? Você vai ficar comigo, oxi - gargalhamos - Mari, tem um quarto prontinho pra você do lado do nosso - subimos dois lances de escada e eles me levaram até a porta - fica a vontade, te esperamos lá em baixo, é só seguir a música.
    Entrei no quarto e fiquei chocada de cara, qualquer hotel de luxo que eu já tenha estado é fichinha perto desse quarto. Havia uma cama gigante com lençóis tão brancos que dava até dó de usar, uma tv enorme na parede, alguns armários e uma janela que de dia deve ter uma vista incrível. Após um tour rápido pelo quarto e um xixi no banheiro que era maior que o quarto da Carol, avistei um bilhete no balcão. 

Pergunta bobaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora