Capítulo 06

97 8 5
                                    


Jorge

--- Henrique falou que você só vinha mais tarde, parceiro - Mateus perguntou enquanto eu me aproximava do balcão e me sentava em um dos banco - tá tudo bem?

--- Tá tudo bem sim - menti, não estava tudo bem. Aquela mulher era louca e tinha me enlouquecido junto - Parceiro, bota um whisky aí pra mim.

--- Certeza que tá tudo bem? - Marcella, que estava no banco ao lado do que me sentei, perguntou quando virei o copo de uma vez.

--- Só preciso tirar umas coisas da cabeça, Ma, nada de mais - estendi meu copo e um Mateus meio desconfiado encheu mais uma vez - faz tempo que vocês chegaram?

--- Nada, tem uma meia hora - virei o copo mais uma vez e repeti o gesto para que o Mateus, que mal tinha pousado a garrafa na mesa, enchesse mais uma vez. Marcella me olhou, claramente reprovando a minha atitude, e saiu - vai, fala logo.

--- Não tenho nada pra falar - me encarou com uma sobrancelha erguida - tá bom, eu tenho algum tipo de imã pra mulher louca, só pode.

--- Já ta apaixonado, Jorge? - Só então me dei conta que a Marília se sentava ao meu lado - sabia que aquele olho azul ia te dar trabalho.

--- Ta aí, a culpa é sua - Mateus nos olhava sem entender nada, afinal ele tinha perdido algumas linhas dessa resenha - se você não sussurra no meu ouvido, eu nem tinha prestado atenção.

--- Alguma das duas princesas vai me explicar o que ta acontecendo? - Mateus disse enchendo nossos copos com Gim.

--- Ele perdeu as habilidades de piranhagem, Mateus, simples assim - Marília disse e nós três viramos o copo, minhas mãos já começavam a formigar, sinal claro do álcool fazendo efeito - algumas horas com a cunhada do Henrique e já ta assim.

--- Marília meu amor, você não sabe de nada - eu disse rindo, mas odiando o fato de ela saber ler tão bem as pessoas.

--- De uma coisa eu sei senhor Jorge Barcelos - disse enchendo meu copo e o dela, enquanto o Mateus nos encarava com uma cara de deboche que me fazia questionar o por que de eu ser amigo dele a tantos anos - se passou a noite junto e voltou chamando de louca é por que o impacto foi grande meu amigo.

--- Parceiro, eu ja vi esse filme - Mateus disse rindo - e se bem me lembro eu acabei em um terno caro te dando parabéns pelo casório.

--- Ah, cala a boca! - eles gargalhavam - Eu não acredito em paixão assim de cara - disse cruzando os braços e os encarando, tentando impor um discurso que eu não acreditava, não de verdade pelo menos - essas coisas precisam de tempo pra acontecer, ninguém dorme junto e acorda apaixonado.

--- Neném - Marília disse me encarando, enquanto o Mateus ria da minha cara - você sabe que isso não é verdade, você é um romântico inveterado.

--- Bom, tanto faz também - disse dando de ombros e bebendo um gole de seja-lá-o-que-for que alguém tinha colocado no meu copo - não vai dar certo - disse virando mais um copo - ela é completamente louca, cheia de traumas e nem tá disposta a tentar - avistei a Karina vindo, com uma cara de poucos amigos - e vamos mudar de assunto, por que a Karina ta vindo me matar.

--- Olha eu não sei o que você fez de certo - Karina, um furação que é, já chegou tomando o copo da minha mão, tomando um gole e fazendo cara feia - mas a Marina tá com muito medo de se apaixonar por você.

--- Eu não fiz nada - respondi erguendo os braços em posição de rendição - só fui eu mesmo.

--- Esse é problema Jorge - ela disse quando Henrique chegou a abraçando pela cintura e ela o olhou de cara feia, mais uma vez - a Marina é louca.

Sem que eu pudesse responder ela soltou as mãos do Henrique e saiu, nós três o olhamos com uma interrogação na testa, ele deu de ombros e pegou o copo da mão da Marília virando todo o conteúdo de uma vez.

--- Você tá se metendo em problema, a outra é pior que essa pelo jeito - gargalhamos alto - corre enquanto é tempo, porque eu já tô fudido.

--- É meu amigo, faz mal mas faz gostoso - Mateus soltou essa enchendo mais uma rodada dos copos, nós todos rimos alto.

***

Não sei dizer quanto tempo se passou, só sei que perdi as contas da quantidade de bebida que eu tinha consumido, estávamos sentados cantando umas modas e claramente estavam todos bêbados. Entre uma música e outra pude enxergar ela caminhando na nossa direção, nossos olhares se cruzaram de um jeito que esqueci até a letra da música. Ela sorriu tímida e isso me derreteu.

Aparentemente ninguém mais estava prestando atenção na gente, era como estar em uma bolha particular. Maiara me cutucou pra que eu cantasse o trecho de boate azul e então voltei minha atenção para ela e assim o fiz. Quando terminei olhei de volta e não a vi mais.

Pergunta bobaWhere stories live. Discover now