Capítulo 37

1.4K 153 18
                                    

Eu estava com fome e com cansaço, estava degastada. Era muita coisa acontecendo em tão pouco tempo durante esses dias.

- Diga logo, o que irá fazer comigo? - Digo cansada olhando ele de costas para mim

- O que o Sr. Corfin anda fazendo durante os últimos 14 anos? - Pergunta inexpressivo

- Brincando de bonecas.

- Acabou a graça? - Exclama levantando a voz demonstrando sua irritação

- Falei a verdade, brincando de bonecas. No caso as bonecas seriam as décimas e helians.

- O que difere as décimas das helians?

- Por que acha que vou ficar te falando? Acabou de dizer que quer me matar junto com as outras, que se foda então você.

Quem ele pensa que é?

- Admita, você quer que suas amigas saiam dali. Não acha que a morte delas seria o melhor jeito para acabar com o sofrimento?

- Não! Nem tente me influenciar a aceitar isso. - Exclamo irritada e uma breve tontura me atinge

- Então vai preferir morrer aqui, agora, sem dizer nada que possa ajudar a encerrar o sofrimento delas? Realmente quer ser egoísta a esse ponto? Preferir todas vivas e sendo feitas de bonecas e escravas só porque não vai aguentar viver num mundo onde elas não estejam, para não se culpar de ter sobrevivido? - Aponta cruzando os braços e levantando uma sobrancelha presunçosa

- Calado - Digo puta cerrando meus punhos - Não diga asneiras. Elas merecem escolher querer viver nesse mundo.

- Diga com total sinceridade. A dor encerrou? - Pergunta e eu o olho confusa - Você parou de sofrer quando saiu daquele inferno? Conseguiu sua almejada paz? Está contente com sua nova vida?

Eu não respondi, só encarei a silhueta da minha mãe, que estava um pouco afastada, buscando abrigo e conforto. Fui surpreendida quando ela se pronunciou.

- Eu não te pedi para ser uma boa menina? Para ser obediente? Por que quebrou sua palavra?

Suas palavras duras pesando dentro de meu peito.

- Não sabe ou não quer afirmar? Me diga, você foi realmente feliz vivendo em sociedade estando livre dos deveres e rotinas do Instituto? - A voz de Daniel retornou

- Eu fui. Eu conheci e toquei várias flores, principalmente a azaleia, corri, conheci gente e animais simpáticos. Eu fui. - Digo respirando fundo

- Você já tinha conhecido a azaleia, estado perto, não negue os acontecimentos. Não dá para refazer a primeira vez de algo. - Ela dizia mas eu sabia que era coisa da minha cabeça.

- Negue então, te deixarei em paz se conseguir, negue que você não sentiu raiva e ódio, não planejou ou executou estratégias para os fazer sofrer ou descontou em alguém isso. Afirme para mim que pegou a paz de espírito que almejou receber quando escapasse e vez algo bom, sem fazer alguém sofrer. - Ele diz desafiadoramente

- Eles foram atrás de mim e eu revidei! Eu me defendi, todas as vezes! Eu fiquei na minha... - Exclamo lembrando dos lacaios que me cercaram na floresta uma vez e do dia da invasão.

- Se você ficasse, se cumprisse suas palavras, não te levariam a quadra, não forçariam Décima a te atacar para proteger a irmã materna. Décima sabia o que fazer, apanhou e não deixou o ego transparecer, você se intrometeu num assunto que não foi chamada, a forçou a ter que te defender também como dívida. Quanto sofrimento você pouparia se somente ficasse na sua e fosse uma boa menina? - Mama disse ácida atrás de Daniel.

A Loba SelvagemWhere stories live. Discover now