dezoito

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Renan não me atende, não responde minhas mensagens, se quer visualiza. Estou a entrada da comunidade tentando algum contato com o mesmo. Minhas pernas doem e no momento tudo o que preciso é uma carona.

Desisto — penso.

Resolvo ir até minha residência caminhando, como sempre. Acho que pobre não pode se acostumar com carro ou moto a qualquer momento a nossa disposição. Me surpreendo a ver a cesta básica em cima do sofá.

Ele se preocupa tanto comigo.

Tomo um banho e me alimentar devidamente. Guardo os alimentos no armário, todos em seu devido lugar.

Minha vontade era de sair para lanchar com Renan mas ele simplesmente sumiu. — óbvio que isto me gerou uma certa preocupação—. Observo o livro em cima da televisão e penso que preciso devolvê-lo urgentemente a biblioteca da escola. Não terminei de ler mas se surgir outra faxina, não terei tempo se quer de estudar.

— Ja falei contigo sobre a porta aberta. — A voz de Renan soa atrás de mim.

Abro um sorriso ao encara-lo. Ele parecia preocupado, tenso seria a palavra correta, além de cansado.

— Você esta bem?

— Tranquilo. — ele sorri e se aproxima — como foi la?

— Bem legal, gostei bastante e vi que a dona do apartamento também. Vai até me indicar para outra pessoa — Digo animada.

— Que 'dahora, bebê — Suas mãos rodeia minha cintura — desejo o melhor pra você.

Beijo seu queixo sentindo sua barba me espetar. Logo uno nossos lábios em um selinho rápido. Um cheiro diferenciado toma conta de mimhas narinas.

Perfume de bebê.

Cheirinho de bebê.

— Ah, eu sou um bebê. — Responde rindo. — Bora lanchar, morena. To morto de fome.

— Vamos. Ja deveriamos estar lá, mas você não respondeu minhas mensagens, nem visualizou.

— Não posso ficar com o celular na mão o tempo inteiro amor.

Dois dias se passaram, uma mulher com o nome de Priscila entrou em contato comigo, era uma nova faxina isso me animou tanto. Uma perfeita indicação da primeira cliente. Marcamos para amanhã a tarde. Envio algumas mensagens para Renan contando sobre a novidade mas ele não visualiza, ligo mas ele recusa a chamada. Desde ontem ele está estranho, como se não quisesse ficar comigo. Pode ser coisa da minha cabeça porque ontem a noite ele quis fazer sexo, mas minha situação mensal não permitiu.

Olho em meu celular seis e vinte da manhã, ele esta trabalhando, talvez seja por isso.

Me levanto indo preparar minha meu café e me vestir para ir a escola. Quando esta tudo pronto eu saio de casa sentindo a garoa fina em meu rosto. Tenho pensado seriamente em interromper meus estudos, mas algo dentro de mim grita para que eu não faça isto. Caminho lentamente até o colégio, sem me importar com a chuva. Alguns conhecidos me cumprimentam mas nenhum pergunta sobre minha mãe — acho que todos a esqueceram — uma mãe que faz isso com o filho, sem dúvidas merece o esquecimento eterno.

Mas ainda tenho sérias dúvidas. Ela me amava e muito, sempre fez de tudo por mim e me abandonar estava fora de seus planos. Algo pode ter acontecido com minha mãe. Eu se certa forma sinto que ela não me deixou.

Não demora muito para que eu entre ao colégio e logo a minha sala de aula. Avisto Raquel sentada em sua carteira com o celular em mãos, ela ri sozinha encarando o mesmo. Desde a nossa discussão, faço questão de manter distância e parece que ela percebeu e respeitou meu espaço.

A professora de matemática entra e ouço murmúrios de desânimo dos alunos. Meus pensamentos voam e não termino se quer de copiar o que estará na lousa. Na hora do intervalo vou até o refeitório e aguardo na fila para me alimentar. Normalmente eu sempre fazia tudo ao lado de Raquel, sempre foi minha melhor amiga. É ruim estar sozinha.

Pude vê-la adentrar ao refeitório, também sozinha. Torço para que alguém entre atrás de mim na fila para que assim o contato com ela seja mínimo, mas ela toma o lugar. O cheiro do creme em seu cabelo toma conta do local. Ela não deveria usar creme de hidratação para pentear os cabelos.

Vejo Ludmila entrar junto a sua trupe de meninas arrogantes, ela canta alguma funk e para em frente a fila rebolando. Desta vez ela me olha e vem até a mim sorrindo e deixando sua trupe de lado.

Céus, se ela me xingar desta vez, eu juro que lhe acerto um soco.

— Alícia, deixa eu entrar na sua frente?

Não.

Claro — Digo baixo e ouço Raquel bufar.

Essa seria a boa ocasião para perguntar sobre Renan.

— Argh! Hoje é figado, que nojo. — Reclama Ludmila. — quer o meu Alícia?

— Pode ser. — Digo sem ânimo.

— Animada com a a chegada do seu enteado? — Ela me encara.

Arqueio a sombrancelha sem entender.

— Que enteado?

— O filho do Renan, ta doida? — Pergunta.

Ela não fez de propósito, realmente não sabia que essa informação era desconhecida por mim.

— Como assim filho? Ele não me falou nada. — Digo um pouco alterada.

Meu coração bate forte.

— Ué Alícia, o filho do Renan nasceu faz uns cinco dias. A mãe do bebê posta mo status direto foto deles. — Diz Raquel.

A mesma busca algo em seu celular e logo me mostra uma foto de Renan com um bebê no colo. A legenda me choca. “Papai babão” ele segura a criança sem jeito mas seu sorriso solto diz tudo.

Um ódio descomunal toma conta do meu ser. Saio daquela fila pisando firme e vou até a parte de trás do colégio. Eu iria fugir, preciso encontrar Renan, não suportaria esperar a hora da saída para tirar essa história a limpo. Vejo Ludmila e Raquel respirando fundo, ambas correram para me alcançar.

— O que você vai fazer, Alícia? — Ouço Raquel perguntar enquanto subo a grade com dificuldade.

— O que está parecendo, fugindo.

— Caralho, Renan vai me matar — Ludmila diz preocupada.

Consigo subir a grade e jogo minha mochila, logo pulo sentindo o impacto contra meus pés. Pego minha mochila e saio apressada, ouvindo Raquel me gritar.

Esse desgraçado me paga.

Entre Rosas -(DEGUSTAÇÃO) Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα