onze

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Tudo em seu devido lugar — exerto pelo quarto de minha mãe, cujo eu havia revirado ao avesso. — estava tudo da forma que antes eu havia deixado. O cheiro de mofo era perceptível, mas sempre tivemos esse problema, há infiltração no teto e causa este cheiro ruim quando a casa fica fechada, sem tomar ar por muitas horas.

Impossível entrar e não lembrar dela. Muito embora eu tivesse razões razoáveis para odiá-la, não consigo. Tem algo mais forte que eu que grita dentro de mim, o amor. Apesar de tudo, ela é minha mãe e desejo que a mesma esteja bem. Há dúvidas em minha mente, será que ela está se alimentando? Será que está dormindo bem? Espero que esteja melhor que eu, pelo menos no sentimental. Sei que esse abandono geral algo grande dentro de mim, e esse sentimento ruim de rejeição encontrou um solo fértil.

Meu rosto está quente, denunciando que em breve eu iria chorar. Não demora muito para que isto ocorra. É, em questão de segundos ponho para fora tudo o que não chorei na presença dos outros. Apoio minha mão no sofá e solto um grito não muito alto, mas neste grito saiu toda a dor proporcionada pela minha genitora.

Respiro fundo e me contenho, antes que algum vizinho apareça todo curioso. Entro em meu quarto e vou em busca de meu óculos. Sempre no mesmo lugar onde deixo. Ponho o mesmo em meu rosto e caminho saindo do cômodo. Entro ao velho banheiro e encaro meu reflexo no espelho quebrado.

Como eu detesto esse óculos.

Ouço o barulho de passos, logo desconfio. Não havia conhecidos meus por perto, apenas o demônio em pessoa. Aquele que nem ouso citar o nome. Rapidamente saio do banheiro e sinto o cheiro forte do cigarro invadir minhas narinas. Eu não mereço isso, odeio cigarros. Diminuindo a velocidade de meus passos, caminho vagarosamente até a sala e lá estava ele...Eu posso dizer que ficaria feliz se encontrasse com o próprio Lúcifer em minha sala, mas não ele.

Sua camiseta preta esgarçada deixa a mostra suas tatuagens e alguns de seus músculos, ele usará bermuda e chinelos. O cigarro preso em seus dedos me irrita fortemente. Seus cabelos estará um pouco maior do lado esquerdo, enquanto do direito não havia sinal dos mesmos, ao invés disto, uma tatuagem com cores vívidas. Sendo branco como a porra de um pó compacto, todas os pigmentos em sua pele ficam com cores vívidas. Seus olhos perdidos correm pelo local, captando cada centímetro.

Sinto meu coração pulsar com força, como se a qualquer momento pudesse pular para fora de meu peito. Minha boca seca atrapalha um pouco. Respiro fundo e finalmente tomo coragem.

— O que você quer? — Indago um tanto exasperada.

Seus olhos agora estão a me encarar. Não sei decifrar sua feição.

— Pensei que eu estava na minha comunidade. — debocha — estou errado?

— Essa é minha casa. — Retruco.

Ao vê-lo se aproximar um pouco mais, dou alguns passos para trás. Notando meu completo desespero ele sorri. Isto é patético.

— Faz tempo que não usa esses óculos. — comenta.

— Eu não sei o porquê de você reparar tanto em mim.

— Você é uma menina bonita — Confessa — mas é só isso, uma menina.

Abro minha boca tentando dizer algo mas nada sai. Dou conta que pela primeira vez estamos conversando um pouco "civilizadamente", quer dizer, sem que o mesmo me xingue.

— Eu não preciso que ache nada sobre mim. O que preciso neste momento é que o senhor se retire de minha casa.

Faço um gesto apontando para a saída. Ele ri.

— Dormiu na casa do trem? — indaga se aproximando.

— Por que quer saber?

— Não posso? — Ironiza. — ele deve ser muito bom.

— Não é de seu interesse.

Ele apenas corta os poucos centímetros que havia entre nós me empurrando contra a geladeira. Contenho-me para não gritar por socorro.

— Se acalme, realeza. Mais um pouco seu coração irá sair pela boca.

— Pode ficar na casa. Eu estou indo, só vim buscar meu óculos. — Confesso em desespero.

— Ele é melhor que eu? — indaga — RESPONDE!

sua voz rígida fez meu corpo saltar.

— Eu não entendo. — Murmuro prestes a chorar.

Ele, sempre ele. — ri — esse porra merece sua atenção? Você é uma estúpida, Alícia.

Pela primeira vez ouço meu nome em sua boca, sua voz exalava raiva. A essa altura eu já chorava. Anseio por sair desta casa sem olhar para trás. Tudo piora, cada sentimento ruim se aflora quando sinto sua mão em minha cintura, por baixo de minha blusa. Sinto os calos ásperos na mesma.

— Por favor... — suplico.

— Ele não vai estar sempre com você, não estará aqui para te defender.

— Deixe que eu vá embora.

Nunca.

Seus dedos saem de minha cintura e acariciando meu rosto, ele ri. Sinto o nojo tomar conta de cada célula de meu corpo amedrontado.

Como um estalo, ele se afasta de mim rapidamente. Respiro fundo e corro, sim, eu corro saindo fora daquela casa. Deixo aquele homen esquisito para trás. Não me importa o que irá acontecer com a casa, eu só preciso ficar mais longe possível dele.

Olho para trás e vejo minha casa sumir aos poucos enquanto perguntou-me se devo ou não contar para Renan o que acabará de acontecer. Passo minhas mãos pelo rosto, sentindo os óculos nas mesmas,  tentando me recompor aos poucos. Opto por ir a casa de Raquel que com certeza esta a minha espera.

Não demora muito para que eu chegue em sua casa. Chamo algumas vezes e ela aparece, com os cabelos bagunçados e descalça.

— Estou tão feia assim? Parece que viu um demônio. — Dispara.

— Fui até minha casa buscar os óculos e o Alê me seguiu. — explico rapidamente — disse um monte de coisa sem sentido e me agarrou.

Raquel arregala os olhos surpresa.

— O Alexandre te agarrou? — Pergunta desesperada.

— Fala baixo. Tecnicamente não, mas fez umas carícias estranhas. Eu estou com medo, cara.

Alinho o óculos em meu rosto e suspiro.

— Entra logo. — Ela ordena. Eu o faço.

Sei que lá vem inúmeras perguntas em relação ao acontecido.

________________NOTA_______________

Espero que vocês estejam gostando. Comentem bastante porque isto me faz ter noção de algumas coisas e principalmente de quem está acompanhando a estória.

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Até o próximo capítulo.

Entre Rosas -(DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now