Capítulo 47. Passando dos Limites

1.7K 163 70
                                    

Agosto, 2003

Um mês havia se passado desde o acidente e nada tinha mudado, o meu namoro com Melanie continuava da mesma maneira, com exceção de que, naquela noite no hospital, eu fiz uma promessa para ela, e pelo menos essa eu pretendia cumprir.

Ela tinha acordado ainda na ambulância, confusa e com uma dor forte na cabeça. Ela estava imobilizada na maca, com um colar cervical no pescoço e eu segurava a sua mão com firmeza, aliviado e feliz de ela ter acordado. Beijei a sua mão com força, enquanto o paramédico a examinava e lhe fazia perguntas simples, para checar a consciência dela, a fala, e descartar uma amnésia, talvez. Eu até queria que ela tivesse esquecido o que tinha acontecido no carro, mas não foi esse o caso. Melanie estava um pouco confusa pelas perguntas e parecia não entender o por quê disso e de estar imobilizada em uma ambulância, mas respondeu assim mesmo. Depois do paramédico lhe perguntar se ela estava sentindo enjoo ou tontura, e ela negar, ela perguntou:

— O que... O que aconteceu? Por que eu estou... ?! – Ela olhou, limitadamente o interior da ambulância e tentou se mexer.

— Senhorita, se mantenha calma e imóvel. – O paramédico disse com a voz calma.

— Meu amor, não se mexa – falei, segurando a mão dela com as minhas duas mãos e ela me olhou.

— Phillip, o que... ?!

— Você bateu a cabeça, e está com um pequeno corte na testa, mas não se preocupa, está bem? Estamos indo para o hospital.

— O quê?! – Ela me olhou assustada, e o monitor cardíaco começou a apitar mais rapidamente, indicando que seus batimentos estavam acelerando.

— Senhorita, fica calma.

— Mel, fica calma, está tudo bem.

— Meus batimentos estão sendo monitorados? Por quê? O que é que está acontecendo? – Melanie perguntou, nervosa.

— Senhorita, se não se acalmar eu vou ter que te aplicar um sedativo – avisou o paramédico.

— Phillip... – ela me olhou, apavorada.

— Amor, está tudo bem, se acalma – pedi, querendo tocar em seu rosto, mas não era possível. – É só por precaução, Melanie, você estava desacordada. Mas agora você está consciente e está bem, vai ficar tudo bem.

— O que aconteceu? Você já tinha controlado a direção, Phillip, por que freou? – perguntou e o paramédico olhou para ela e depois para mim, sem entender, pois quando eles chegaram viram Melanie no banco do motorista, e eu contei o que tinha acontecido.

— Mel, amor... Você está confusa. Você estava dirigindo, lembra? – perguntei e ela franziu o cenho. Melanie me olhou por alguns segundos e eu continuei olhando para ela, esperando que ela confirmasse. – Você estava dirigindo, o cachorro passou na frente do carro, você desviou e depois freou, você estava sem o cinto e bateu a cabeça. Lembra, amor? – perguntei, olhando para ela e torcendo para que ela confirmasse ou eu estaria muito encrencado. Melanie ficou me olhando estática. Ela sabia que ela não estava dirigindo e o que eu tinha feito. – Mel...

— Senhorita, se lembra disso? – perguntou o paramédico e continuamos nos olhando.

Eu estava suplicando com o olhar para que ela confirmasse. Ela travou o maxilar e respondeu ainda me olhando:

— Lembro. Claro. Eu estava dirigindo.

Eu fiquei aliviado, mesmo sabendo que Melanie estava querendo fazer picadinho de mim, se não estivéssemos na ambulância com certeza ela ia me bater por ter feito isso e, eu sabia que no momento que ficássemos a sós ela ia me dar um sermão. Mas o que eu poderia fazer? Era isso, ou passar uma noite preso, ou pior. Sabendo como o meu pai era, ele só pagaria a fiança para me soltar depois de três ou quatro dias, como lição.

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora