Capítulo 43. O Golpe

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Julho, 2003

Dois meses haviam se passado desde que eu dopei Melanie para ela não sair de casa sem mim, e se eu dissesse que não fiz outras vezes, eu estaria mentindo. Eu usei os outros dois calmantes que peguei naquele mesmo dia e a dopei em situações diferentes. Eu a doparia quantas vezes fossem necessárias para mantê-la em casa e não sair sem mim. O problema era que eu não podia ficar pegando os calmantes da minha mãe sempre que eu queria e em grandes quantidades, ou ela perceberia que estavam acabando. Então peguei mais dois que eu estava guardando para algum caso extremo do qual eu não poderia usar da minha interferência verbal.

Usar os calmantes de minha mãe para fazer Melanie dormir e ficar em casa, não me ajudaram apenas nisso. Melanie não fazia ideia do que estava acontecendo, mas se questionava o por que de sentir sonolência de repente nas três vezes em que a dopei, e isso me deu mais uma oportunidade de mexer com a cabeça dela, de confundir a sua mente e desestabilizá-la. Eu ia mexer com o seu psicológico ao ponto dela se questionar se o excesso de sono não se tratava de uma gravidez e fazê-la duvidar da pílula. O meu objetivo com isso era um só: iniciar o meu plano de fazê-la parar de tomar o anticoncepcional.

Eu passei o final do mês de Maio até o meio de Junho enchendo a paciência dela, para lhe causar estresse, assim ela teria enjoos e eu poderia fazer ela pensar que estes estavam sendo causados pela pílula.

Inicialmente ela não caiu nessa, mas eu continuei dizendo mesmo assim, até a convencer de que deveria parar e trocar por outro anticoncepcional. Faltava pouco para o meu aniversário e que melhor presente eu teria do que a notícia de um teste positivo? O que seria melhor do que passar o mês do meu aniversário com Melanie grávida?

Nada! Nada seria melhor do que isso.

Na última vez em que a dopei, quando ela acordou ela se sentiu muito confusa, se questionando o excesso de sono, e eu a questionei:

— Mel, será que esse sono todo não é...

— Não fala gravidez, Phillip. – Ela me interrompeu, já irritada.

— Mas é que é um sintoma, e seus enjoos voltaram.

— Eu sei disso, mas eu sei que não é! E não me faça fazer mais um teste. Eu não aguento mais fazer xixi em um bastão!

— Irritação também é um sintoma... – disse em tom de voz baixo, mas que ela pudesse escutar. Melanie me olhou de cara feia, me fuzilando com o olhar. – Olha aí – apontei o dedo para ela –, seus hormônios estão em erupção! – exclamei, gesticulando. – Você está tendo oscilações de humor...

— Não diga mais nenhuma palavra.

— Está irritada... – continuei, ignorando o que ela disse.

— Você que está me irritando! – Ela exclamou ainda mais irritada e eu a olhei com as sobrancelhas erguidas.

— Sabia que algumas grávidas sentem aversão ao parceiro na gravidez? Ficam irritadas até com a voz deles.

— Ah, Phillip, não me enche! – Melanie se levantou da cama, irritada.

— Viu só?! Eu estou aqui conversando de boa e você se irritando comigo por nada – comentei, olhando para ela passar pela entrada do closet. – Deveria fazer um teste, Melanie! – aconselhei e, segundos depois ouvi a porta do banheiro fechar. Eu sabia que tinha conseguido irritá-la e colocar dúvida na cabeça dela. Eu ri, achando graça e feliz por meu plano estar dando certo. – Ah, Melanie... você vai parar com a pílula em dois tempos – disse para mim mesmo e ri.

Eu tinha certeza de que ela faria um teste de gravidez por conta própria, sem eu precisar comprar e mandar ela fazer. Eu não sei se ela fez, pois não fiquei sabendo, tive apenas as afirmações dela me dizendo com convicção de que não estava grávida. Eu só não sabia se ela tinha certeza porque tinha feito um teste ou porque ela sabia que não tinha a possibilidade.

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Where stories live. Discover now