Aurora, um nome nada convencional para a época, está em sua primeira temporada. Não que ela precise, até porque já está prometida para um marquês, mas sua mãe insiste para que ela tenha a experiência de debutar. Contudo, seu noivo, desde a infância...
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Resolvi que passaria meus últimos dias, antes do casamento, na casa de campo da família. Na verdade, foi uma ideia completamente repentina, apenas acordei com uma vontade de revisitar o meu lugar preferido na infância. E com toda a certeza foi a melhor coisa que fiz, pude perceber assim que cheguei e senti o cheiro de natureza. A calmaria e leveza que o lugar exalava, totalmente o contrário de Londres, me trazia paz. Sem contar na beleza da antiga casa, mamãe nunca gostou exatamente deste lugar. Sempre venho a contra gosto, ela já gostava mais de Londres, do barulho, das pessoas e principalmente de estar cercada por pessoas influentes. Aquele sempre fora o jeito dela e eu nunca a questionei.
Desci da carruagem e praticamente corri até a soleira da porta. Eu não visitava a casa a tantos anos... Por um segundo me senti criança novamente. A mesma energia e a mesma vontade de explorar as "terras misteriosas", nome que dei aos arredores da casa — quando ainda criança. Mas agora eu podia observar a casa de um modo diferente. A beleza estampada na casa mais rústica era no mínimo reconfortante para mim.
Entrei pela porta e uma boa sensação me invadiu. O mordomo me ajudou com as malas e eu praticamente corri em direção à cozinha. Encontrei a mesma cozinheira de quando ainda criança e praticamente pulei em seu pescoço. Tantos anos e ela não mudara quase nada. Ela também me recebeu com um abraço extremamente carinhoso. Eu já estava feliz só por estar ali, mas confesso que já estava sentindo saudades de Charles.
— A quanto tempo, minha criança! — Ela acariciou meus cabelos. — Você ainda gosta de torta de limão?
— Claro que sim! Continua sendo meu doce favorito.
— E Florence? Como ela está?
— Agora ela é uma mulher casada. O marido a levou para a Escócia. Confesso que estou morrendo de saudades dela.
— Que bom que aparentemente vocês estejam felizes. As considero como filhas.
— Eu sei. — A abracei com ternura.
Lembrei-me então novamente do doce. Tinha sobremesa mais gostosa que torta de limão? Por que se houvesse eu certamente não conhecia.
— Eu farei uma torta agora mesmo! Servirei um pouco de chá para você. Enquanto isso tome um banho e descanse um pouco.
— Talvez mais tarde... Sebastian ainda mora aqui? Ele se casou?
— Não se casou. Você sabe como ele tem aquele jeito grosseiro dele, não tem mulher que ature. — Ela sorriu e eu também.
Sebastian era um dos meus melhores amigos de infância, filho dela aliás. Brincávamos com os dois filhos do vizinho ao lado. Até que, eu parei de frequentar a casa do cam...
— E você sabe muito bem que é por você que ele sempre fora apaixonado. — Ela pronunciou como se fosse a coisa mais fútil do mundo.
Não pude evitar a surpresa estampada em meu rosto e me engasguei com o chá. Aquilo soava estranho para mim. Sebastian também era o meu amor de infância, mas isso havia sido a tanto tempo... com certeza já deixara essa história no passado. E eu acreditava que ele também. E apesar de tudo eu o considerava como irmão.
