Escancaro a porta do quarto — que está uma bagunça, por sinal — quando entro, e vou direto para o guarda roupa procurar algo simples para vestir. Os pequenos olhinhos de Jungkook analisam cada cantinho do cômodo com atenção. Pego um shorts jeans qualquer e uma blusa de alguma banda desconhecida, comprada num festival que fui com Yerim.

— Vira de costas — mando e ele junta as sobrancelhas, confuso.

— Por que vai se trocar? — cruza os braços, revezando o olhar entre meu corpo e rosto.

— Porque meus olhos estão aqui em cima, Jungkook — aponto para os mesmos. — E você não consegue me olhar diretamente neles.

Arranco uma risada debochada do maior que, há menos de cinco segundos, secava minhas coxas descobertas na maior cara de pau.

Jungkook é um safado. Já é um erro gigantesco me trocar a menos de seis passo de distância dele.

Seguro seus ombros e o viro de costas, escutando suas reclamações. Coloco o shorts enfeitado com alguns detalhes verdes no bolso de trás e tiro a camisa de pintar, jogando-a no chão. Visto a blusa da banda e vejo como ficou no espelho do armário. Ela também é larguinha, mas fica pouco abaixo da cintura.

Meu amor por roupas maiores que o meu tamanho é inexplicável.

— Agora a culpa é minha que atende a porta assim? — ri nasalado. — É perigoso, tem que checar quem é pelo olho mágico antes.

Pois é, amigo. Se eu tivesse checado, não teria aberto a maldita porta. O bonitão nem teve a boa vontade de trazer um lanchinho da tarde para mim.

Eu mereço.

— Pensei que fosse o Jimin.

— O quê, Dahyun?! — grita. — Você abre a porta para o Park desse jeito e fica de cú doce comigo? Sendo que há dois atrás quase rebolou em mim?

Pensar nisto me deixa envergonhada. Perdi totalmente a noção aquele dia.

Ele esquece que a tensão sexual entre nós é inevitável quando estamos sozinhos. Com Jimin é o oposto, nunca cheguei a beijá-lo, então não me importo o bastante.

— É a intimidade.

Bom, o que é verdade. Conheço Jimin desde o oito anos de idade e nós sabemos tudo um do outro. Muitas das vezes que eu estava prestes a morrer de cólica sozinha em casa, ele ou o Hoseok que vinham me salvar, distraindo minhas tardes e me dando comida. Foi uma sorte grande tê-los conhecido.

"Intimidade", é o caralho — diz num sussurro, batendo o pé esquerdo freneticamente no chão. Falta abrir um buraco e cair lá embaixo. — Sim, eu estou incomodado.

Novidade.

Cutuco o ombro do garoto, que vira com um semblante mal-humorado. Ele bufa, vendo as vestimentas mais "comportadas" que escolhi.

— Pode xeretar à vontade. Os desenhos que julgo serem os melhores, estão espalhados pela parede.

Meu quarto tem uma semelhança com o de Jungkook: eu também criei um mural para colocar minhas artes. No geral, as que tem um significado único para mim, ou que me surpreenderam com o resultado final.

TEXT ME • jungkookWhere stories live. Discover now