57. Dahyun

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Depois de milhares de tentativas, finalmente consigo chegar ao tom púrpura certo. Infelizmente, eu gastei todo os tubinhos de tinta azul e vermelha. Foi por uma boa causa, minha mãe entenderá os 39 contos que eu precisei tirar da conta dela.

Paro de pintar o fundo do quadrinho quando escuto a campainha tocar. Não me lembro de estar esperando ninguém... Talvez seja o Jimin, ele gosta de chegar de surpresa.

Deixo o pincel em cima da escrivaninha e desço as escadas correndo. Se for o Jimin, é bom que tenha trazido algo para comer.

Assim que abro a porta, meu sorriso some. A reação do garoto de cabelos negros é totalmente diferente. Cresce um sorrisinho no canto de seus lábios enquanto me analisa dos pés a cabeça. É quando me dou conta que estou apenas com uma camiseta larga — que uso para pintar —, cobrindo até pouco antes das minhas coxas.

— Puta que pariu, amor...

Tento disfarçar me escondendo atrás da porta, mas o desgraçado faz questão de continuar encarando.

— Jungkook, o que caralhos você está fazendo aqui?!

— Eu avisei que vinha para cá, amor — dá de ombros. — Você que me bloqueou.

Não convidei esse paspalho. Jungkook esgota a minha paciência.

— Se eu te bloqueei, eu não vi, cabeça oca!

— Vai me convidar para entrar? — penso em suas intenções.

Ele não é trouxa, sempre dá um jeito de fazer brincadeirinhas. O pior é que já percebeu que estou praticamente sem nada por baixo da camisa... Mas deixá-lo plantado do lado de fora também não é legal.

Que dê tempo de eu me trocar, amém.

— Entra logo — ele sorri e tira os sapatos na porta. — Quer alguma coisa? Uma água, suco... — vou indo em direção a cozinha acompanhada do garoto.

— Você... — Jungkook me puxa e segura meu rosto com as duas mãos. Fico paralisada, encarando seus olhos — está com tinta no rosto, bobinha.

Ele passa o dedo na minha bochecha e mostra que o mesmo ficou manchado. Começa a rir quando vê meus olhos arregalados. Eu tinha certeza que ele ia...

— Amor, posso ir no seu quarto? — semicerro os olhos. — Digo, ver seus desenhos? Já que estou aqui.

Como é abusado! Deixa as segundas intenções estampadas na cara dura... Porém, eu tive a chance de usar sua câmera, e mesmo tendo chegado em um péssimo momento, também prometi a ele que o deixaria ver meus desenhos um dia.

Se extrapolar os limites, um chutão no saco resolve.

— Sem gracinha, está escutando? — ele concorda com aquela típica cara maliciosa de Jeon Jungkook. — Ah! Se eu te pegar olhando para minha bunda enquanto subo, vou te arrebentar!

— Que ofensa! — coloca a mão no peito, alimentando o drama. — Confesso que me deu gatilho, mas sou um homem de respeito, Dahyun.

"Homem de respeito", que piada.

Puxo a barra da camisa, a esticando para baixo, enquanto subo os degraus praticamente correndo. Dou uma olhada no garoto que, como prometido, não lançou sequer uma olhadela.

TEXT ME • jungkookWhere stories live. Discover now