Arya Kira Clover é uma princesa, destinada a governar todo o Reino Clover. Apesar de viver no conforto de um castelo e usufruir de toda riqueza e privilégios que poderia ter, sua vida nunca foi perfeita como todos pensam.
Depois da morte da mãe, el...
Yuno levantou-a novamente, desta vez mais alto e mais rápido, arrancando outro riso de Arya em resposta. E então em mais um passo, direto em seus braços antes que ele a mergulhasse, tão baixo que a ponta que seus cabelos dourados tocaram o chão enquanto a música chegava ao fim.
Eles se encaravam intensamente, enquanto voltavam para a posição inicial, finalizando a valsa. As mãos de Yuno permaneciam em sua cintura em um aperto forte, e Arya sentia a área que suas mãos tocavam estava em chamas, incendiando com seu toque firme.
Todos ao redor pareciam insignificantes naquele momento, enquanto a princesa e o plebeu orbitavam um ao redor do outro, como se fossem imãs atraídos pelo magnetismo, cada vez mais e mais perto, suas respirações próximas demais, até que...
─ Creio que esteja na minha vez ─ afirmou Julius, se aproximando da princesa, que enfim quebrou o contato visual com seu parceiro de dança ao ter seu momento interrompido.
─ C-Certo ─ Arya gaguejou, um tanto confusa, como se não tivesse percebido que estavam lá parados há bastante tempo.
Yuno se despediu rapidamente, e saiu de perto, sendo acompanhado pelos olhos de Arya, que começava a dançar valsa com o Rei Mago em uma outra música.
─ Estou curioso ─ comentou Julius, um sorriso malicioso brincando em seus lábios.
Arya franziu a testa, sem entender. ─ Sobre o quê?
─ Achei que iria me contar quando tivesse sua primeira paixão.
Ela arregalou os olhos ao ouvir aquilo e desviou o olhar, constragida. ─ Paixão?! Quem disse em paixão?! Claro que não é isso, somos ótimos amigos, fazendo uma boa dupla de missões no esquadrão e nos damos bem, apenas isso.
Julius suspirou pesadamente, sentindo que o tempo estava passando rápido demais. ─ Ainda lembro quando seu passatempo favorito era colher flores do jardim para fazer coroas. Eu a chamava de "solzinho".
Arya corou com intensidade, ainda negando aquilo. ─ Nós estávamos apenas dançando! Não foi nada demais.
─ Arya? ─ perguntou Julius, com uma última insistência.
─ Tudo bem, talvez eu goste dele ─ sussurrou Arya, fechando os olhos. Aquela dança havia sido bem esclarecedora sobre seus sentimentos com Yuno, afinal, era difícil não se atrair por ele.
O Rei Mago assentiu, sorridente. ─ Yuno é um bom garoto, eu o acho agradável.
A música terminou depois de um bom tempo conversando enquanto dançavam, e Arya decidiu pegar uma bebida, sentindo sua boca seca. Ela caminhou pelo salão, cumprimentando todos ao seu redor e sorrindo, recebendo mais convites para dançar, garantindo que tivesse bastante companhia por toda a noite.
Um garçom ofereceu uma taça preenchida com bebida em uma bandeja e a princesa aceitou no mesmo momento, com sede. Antes que bebesse o ponche, observou sua coloração escura e roxa, tendo uma memória de anos atrás despertada.
Em uma ocasião como aquela, durante um baile de comemoração, Arya tinha sete anos quando sua mãe foi envenenada. A pequena princesa estava ao lado dela naquele momento conturbado, vendo a taça com vinho cair das mãos de Daphne Kira Clover, as mãos perto do pescoço inchado com veias escuras, como se estivesse sem ar e poucos minutos depois, sua respiração havia parado.
Arya encarou a taça de ponche, com as mãos trêmulas e a respiração ofegante. Ela largou a taça em cima de uma mesa e atravessou o salão de forma apressada até a varanda, precisando de ar puro.
A princesa tropeçou na bainha do vestido e quase caiu, sentindo o pé virar para o lado, com uma dor aguda na mesma hora. Pela intensidade da dor, poderia ser uma leve torção em seu pé.
Usando sua magia para acelerar a cura de seu machucado, Arya tornou a andar rapidamente, mas precisou parar quando sentiu uma mão segurar seu ombro.
Sua prima, Finesse Calmreich, parecia preocupada. ─ Você está bem?
─ Estou ótima ─ Arya forçou um sorriso. ─ Aproveite a festa, estou indo trocar meu vestido para um mais confortável.
Finesse assentiu, e estava prestes a perguntar se sua prima gostaria de companhia, mas Arya saiu antes que ela falasse algo. A princesa entrou de forma discreta na varanda, sem chamar atenção das pessoas ao redor, fechando as portas e abafando o alto som da orquestra.
Arya respirou fundo, sentindo-se melhor agora que estava sozinha. Alheia ao seu redor, ela tirou seus saltos altos de cristal e olhou para seu pé direito, com um inchaço roxo, que lentamente diminuía.
─ Como isso aconteceu?
Arya gritou ao ouvir aquela voz rouca. Ela levantou a cabeça, finalmente percebendo a presença de Yuno, que estava sentado na mureta da varanda, observando-a com curiosidade.
─ Yuno, que susto! ─ exclamou Arya, aproximando-se dele e sentando ao seu lado na mureta, com os sapatos nas mãos. ─ O que está fazendo aqui?
─ Pegando um vento. A vista do céu está mais bonita aqui fora ─ explicou ele, olhando para o horizonte, sem nenhum sinal de nuvem e apenas o céu escuro, iluminado por belas estrelas e a lua cheia.
Arya suspirou, balançando os pés descalços, parecendo pensativa. ─ É, está bem bonito mesmo.
Yuno franziu a testa, sem entender porque ela estava ali com ele, quando todos os seus amigos estavam no baile. ─ Não está gostando da festa?
─ Ficar com você aqui é bem melhor ─ disse ela.
A resposta saiu de seus lábios antes que pudesse pensar direito. Arya corou intensamente e escondeu o rosto entre as mãos, sentindo-se arrependida do que havia dito. Estava deixando claro demais o seu interesse nele, e se o sentimento não fosse recíproco?
Yuno virou o rosto para o lado, sendo possível enxergar apenas a ponta de suas orelhas vermelhas. ─ Você é a única pessoa que diz essas coisas para mim ─ sussurrou ele.
E ali estava, aquele pequeno e quase imperceptível sorriso do plebeu que significava tanto para a princesa.
Ele não sorria muito. Arya esperava fazer ele sorrir mais vezes, com ela.
Arya o encarou, sentindo um calor em seu peito. Sentada na mureta, tentou chegar mais perto dele, com suas mãos quase se tocando, e a princesa esticou mais o braço, enfim tocando a ponta dos dedos de Yuno.
Ambos ficaram em silêncio, observando o céu, enquanto a luz da lua criava uma sombra atrás deles, suas silhuetas feitas perfeitamente uma para a outra.
Talvez as estrelas estivessem mesmo sorrindo para ela.
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