9.| uma boa ouvinte

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—então, o que você e o branquelo são do Sebastian?—Mary perguntou.

Depois que Mary e as mulheres terminaram o trabalho do dia, ela estava os guiando até a sua casa, onde tinha um quarto de hóspedes. Ela e Jade andavam na frente com um lampião, já que estava de noite. Gilbert e Sebastian estavam atrás dela.

—somos amigos. Ele e Gilbert se conheceram em um navio, trabalhando com carvão. Então eles vieram para Avonlea, desde então somos todos amigos.

—bom, me admira pessoas brancas se relacionaram com pessoas negras lá.

—na verdade, muitas pessoas lá ainda tem muito preconceito com as pessoas negras. Eu não entendo isso! Somos todos iguais! No final, todos vamos estar a sete pés embaixo da terra.

—as pessoa acham que somos inferiores pela cor da nossa pele, e pelas nossas características.—Mary diz.—fomos escravizados por muito tempo, e mesmo que tenhamos nossa liberdade, nos tratam como se ainda fôssemos serviçais.

—isso é injusto. Passamos por uma situação dessa hoje. O maquinista do trem não queria deixar Bash entrar por que ele é negro, disse que se fosse pra ele embarcar, teria que ser com a carga. Se não fosse pelo Gilbert, eu teria voado no pescoço daquele desgraçadinho.

—bom, ele deveria ter deixado.—Mary disse, fazendo as duas rirem.

Ao chegar na casa de Mary, ela ofereceu um banho para seus hóspedes, pegando as roupas sujas de Gilbert e Jade, e oferecendo limpas. Disse que ao amanhecer elas estariam lavadas.

No quarto havia apenas uma cama de casal. Mary ofereceu também um colchonete junto a alguns cobertores. Um deles teria que dormir no chão.

—vocês dois dormem na cama, eu fico aqui.—Sebastian disse, se deitando no colchonete.

—não, Bash. Eu fico deitada aí, você precisa descansar. Hoje tivemos uma aventura e tanto.—Jade insistiu, desamarrando o coque feito em seu cabelo.

—apenas fiquem quietinhos e durmam.—Sebastian se virou para a parede, se cobrindo com o cobertor.

Jade riu, ele parecia bem desengonçado no chão. Ela se sentou na cama, vendo Gilbert já deitado. Mas então só agora sua ficha tinha caído: ela iria dormir com um garoto.

Ok, muita hora nessa calma. Não que eles já não tenham dormido na mesma cama, mas já faz muito tempo, e eles tinham apenas seis anos de idade. Será que agora seria diferente? Esse pensando ficou martelando na cabeça dela. Estava nervosa, mas tentou disfarçar.

A porta foi aberta, revelando Mary.

—como vocês estão?

—muito bem e confortáveis.

—abençoada seja você por ter oferecido um banho a ele.—Gilbert disse, apontando para Bash, que respondeu com um "eu ouvi isso, Blythe".

—abençoada seja você, Mary. Você é um anjo.—Sebastian se senta, encarando a mulher.

—eu trouxe o seu recibo.—ela estendeu um papel a ele, que pegou sua carteira e tirou de lá um pouco de dinheiro.—ah, você me deu a mais.—Mary ia lhe devolvendo o que sobrou, quando Sebastian a parou.

—eu esperava um café da manhã.—ele sorriu, fazendo Mary rir.

—eu sei mesmo cozinhar, não sei?

—estou louca pra experimentar, Mary.—Jade cantarolou.

—boa noite então.—a mulher sorriu uma última vez, fechando a porta.

Jade se deitou, se cobrindo com a coberta.

—"abençoada seja você, meu anjo."—Gilbert zombou de Bash, arrancando risadas de seus dois companheiros.

—continua rindo, Blythe. Eu não me envergonho do que estou sentindo como alguns companheiros.—Sebastian retrucou.

—ah, cala essa boca.

—o que o Gilbert está sentindo?—Jade perguntou curiosa.

—ele não te contou?—Sebastian riu.—ele gosta d...

—Sebastian, fica calado!—Gilbert bateu na perna do amigo.

—que belo melhor amigo você é, ein Gilbert. Conta tudo pra ele mas não conta nada pra mim!

—eu sei que sou um ótimo amigo. Boa noite.—ele disse por fim, e se deitou.

Jade apagou o lampião, se deitando também.

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E lá estava ela, não conseguindo dormir de jeito nenhum. Jade estava realmente sem sono, e os roncos de Sebastian atrapalhavam um pouco.

Então ela se levantou e saiu do quarto, na esperança de que conseguisse um copo de água na cozinha, mas ela apenas encontrou Mary. Ela parecia estar chorando, mas quando viu a menina acordada tentou disfarçar ao máximo.

—me desculpe, Mary. Eu atrapalhei?

—claro que não, está tudo bem.—ela enxugou suas lágrimas.

—existe algo com que eu possa te ajudar?—ela se sentou na cadeira em frente a mulher.—você quer desabafar? Eu sou uma boa ouvinte.

—não quero te entediar com meus problemas.

—não diga isso. Falar pode te fazer bem.

Mary olhou para Jade, reconhecendo o quanto ela estava sendo gentil. Talvez Mary nunca tenha conhecido uma pessoa tão especial.

—eu tenho um filho. Ele tem quase dezoito anos, mas acabou indo para o caminho errado. Se envolveu com bebida muito cedo, e anda pelo gueto com gangues muito violentas. Ele nunca deixou que me prejudicassem, mas isso acabou prejudicando a ele mesmo. Ele se perdeu em um mundo que não era pra ele estar. As vezes sinto que fui uma péssima mãe, e que perdi o meu filho.

—Mary, tenho certeza que foi uma mãe maravilhosa. Você é uma mulher batalhadora, trabalha arduamente para conseguir o pão de cada dia, tenho certeza de que fez tudo por ele. Mas se ele foi pelo caminho errado, a culpa não é sua.—Jade secou uma lágrima que caia pelo rosto da mais velha.

—como pode ter tanta certeza que eu fui uma boa mãe?

—você nos abrigou aqui. Aceitou estranhos em uma casa, lhes ofereceu uma cama e um teto pra dormir. Você nos ajudou, nos trouxe pra sua casa sem saber se íamos te fazer mal ou não. Você é uma pessoa boa e gentil, eu consegui ver isso. E também tenho a plena certeza de que você foi a melhor pessoa para o seu filho.

—será que um dia ele voltará?

—se ele enxergar o seu erro a ver o que realmente é certo, ele vai sim. Os planos de Deus são perfeitos, Mary. Ele vai trazer o seu menino pra casa.

Jade lhe deu um abraço demorado, e que reconfortasse Mary ao máximo.

—agora vá dormir.—Jade diz.—já está tarde e você precisa descansar.

—obrigada, Jade. Você é realmente uma boa ouvinte.

—sempre que precisar.

Mary então foi para o seu quarto, e Jade teve seu copo de água.

𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭-𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐚 𝐋𝐮𝐚Onde as histórias ganham vida. Descobre agora