Pelo menos por enquanto.

  Suspiro, com a cabeça entre os dedos. Presa, em meu próprio eu.

  Decido tomar um banho. Mesmo com toda a dificuldade, é a única coisa que pode me acalmar agora. É o que sempre faço.

  Insignificantes. As lágrimas caem sobre meu rosto, mas o banho as disfarça. Meu corpo nu, encharcado na banheira está fraco, arrepiado pela água fria.

  É impressionante o quão perfeita é a minha auto tortura.

  "Espere apenas". Meu coração soa de novo. Minha falta de esperança faz essas palavras parecerem vento. Nada e tudo, ao mesmo tempo. Mas, por que esperar? Já está tudo ali, a poucos passos de onde estou.

  Engraçado. Me forço a rir, ao pensar na palavra passos.

  Saio da banheira.

  Me encaixo na cadeira de rodas, enquanto visto o roupão. Sigo até meu closet. Visto as roupas íntimas, uma blusa larga e uma calça, parte na qual sofro a mesma queda de sempre, mas levanto.

  Sigo até minha cama, deitando na mesma. Olhando para o teto, para não me virar na direção da escrivaninha.

  Não demoro dormir dessa vez, talvez seja pelo cansaço.

  ___

  Levei meu caderno para a sala hoje, quando fui tomar meu café da manhã.

  Namjoon não descansa em nenhum momento. Anda por todo lugar. Até quando se alimenta, ele se alimenta andando.

  — Namjoon, qual o botão de desligar?— pergunto, pegando o controle da TV.

  Ele me olha confuso, e direciona seu olhar para a televisão.

  — É esse vermelho, aí. — ele aponta. Eu, obviamente sei qual o botão de desligar, mas precisava desconcentrar Namjoon, da mesma forma em que ele está me desconcentrando.

  — Ah, tá. — aponto o controle na direção dele, que me olha totalmente confuso. Aperto mais algumas vezes. — Não funciona!

  Depois de algum tempo que ele começa a entender.

  — Essa foi ruim. — ele sorri com os olhos.

  — Ruim é você me desconcentrando dos meus poemas. — retruco, colocando o controle sobre o sofá, e me conduzindo à mesa. — Faça qualquer coisa, menos andar.

  Ele suspira.

  Eu suspiro.

  Me dá agonia, vê-lo se mexendo e andando. Porque além de eu não conseguir me concentrar em meus poemas, nunca vou poder acompanhar seu ritmo atlético.

  Volto aos meus poemas. Escrevendo linhas por linhas, de frases sem sentido mas totalmente coerentes. Seria muito melhor se as pessoas compreendessem o que sinto, os poemas seriam totalmente fáceis de entender.

  Namjoon subiu até seu quarto, e voltou do mesmo, se sentando de frente para mim enquanto eu me concentrava nos poemas.

  Palavras certas dominam minha mente. Rimo sem sair do contexto. Sorrio pela facilidade de concretizar minhas inspirações e sonhos.

  Faço por amor.

  Escrevo porque amo.

  — Está passando mal, Soyun? — Namjoon murmura, mas não devolvo o olhar.

  — Por que a pergunta? — fito a folha de papel.

  — Nada. — ele desiste.

  Não insisto. Apenas direciono meu olhar para suas mãos. Bonitas, e grandes.

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