O observo em suas ações enquanto o filme começa. Ele olha concentrado para a tela, com as bochechas cheias.

  — Obrigada... — sussurro baixinho, esperando que ele não me ouça.

  Viro meu olhar para a TV.

  Dessa vez, não comento nada do filme, como fiz das últimas vezes. O filme é hipnotizante, como? Não faço a mínima ideia.

  — Cenas pós-créditos, yeah... — Namjoon afinou a voz, balançando os dedos, quando o filme já terminava.

  Franzo o cenho, estranhando totalmente suas ações.

  — Meu cuidador é louco. — murmuro pondo minha mão sobre a têmpora.

  A risada de Namjoon é suficiente para concordar com minhas palavras.

  — Pelo menos você gostou desse, não é? — ele pergunta, recolhendo as coisas de cima da mesa de centro.

  — Até que sim. — concordo, juntando os fios negros do meu cabelo.

  — Isso significa que você vai parar de resmungar, pelo menos pelo resto do dia. — Namjoon perguntou, enquanto eu o olhava incrédulo.

  — Deixa de ser idiota, Namjoon! — jogo uma almofada nele, que deixa cair a bandeja no chão. — Bem feito, agora os espíritos da minha bisavó vão te assombrar.

  — Eu comprei essa bandeja semana passada. — ele a retira do chão.

  — Tempo suficiente para os espíritos se apossarem dela. — ergo uma sobrancelha.

  Ele me olha confuso, mas não contesta.

  — Não vou nem mais comentar. — ele se retira da sala de TV, enquanto saio do sofá, me encaixando com dificuldade na cadeira de rodas.

  — Vou subir, Namjoon! — grito, saindo em direção a escada.

  Entro no quarto, em direção à sacada.

  A lua está cheia no céu. Eu até dira que é uma ótima inspiração, mas não. Acho que vou só viver o resto do dia, em silêncio. Escrevo amanhã.

  — Amanhã. — suspiro pesado, me lembrando dessa palavra bonita.

  "Espere apenas". É o que meu coração me manda.

  Mas já venho esperado há tanto tempo.

  O que estou esperando?

  Meu coração acelera.

  Respiro fundo, cinquenta vezes, até me sentir calma.

  Sombras me invadem, de novo.

  "Não consegue ter paz, não é Soyun?"

  Graças à vocês.

  "Pode gritar à vontade, ninguém vai ter ouvir."

  Entrelaço meus dedos em meu cabelo, na esperança de conter meus pensamentos.

  "Nada vai nos separar."

  Luto contra as lágrimas.

  Não choro dessa vez, apenas seguro meus pensamentos, ou pelo menos tento.

  "Está tão perto, Soyun."

  "Eles estão ali, esperando por você!"

  "Pegue-os na gaveta."

  Os comprimidos. Viro para a direção da minha escrivaninha.

  — Não. — sopro baixo, mas firme.

Winter Flower Where stories live. Discover now