...
Em meio a uma deliciosa conversa, comemos e bebemos longe de distrações, no nosso pequeno mundo.
De repente percebo o olhar de Tyler agitado, se desviando para o longe de vez ou outra.
— Por que... nós não vamos em outro lugar? — Ele questiona e ambos os encaramos.
— Por quê? — Pergunto, olhando em volta.
É quando avisto o que ele queria afastar de mim, caminhando distraidamente em nossa direção com um garotinho nos braços.
— Mãe?
A palavra sai da minha boca por puro impulso e o olhar dela se volta em minha direção, o sorriso desaparecendo do seu rosto.
Essa é a primeira vez que vejo Lori desde que ela foi embora de casa. Ela parece diferente, os cabelos claros mais longos do que me lembro, seu olhar dourado e seu semblante mais vivo.
— O que faz aqui? — Indago impulsivamente.
— Bom, acredito que o parque seja público. — Sua resposta ríspida me traz de volta a realidade e desvio o olhar.
É como se uma avalanche de lembranças ruins caísse sobre mim. Me sinto três anos no passado.
— Quem é mamãe? — O garotinho em seus braços me aponta com curiosidade.
— Mamãe? — Repito a palavra, atônita com a situação.
— Uma conhecida, filho, ninguém importante. — Lori responde com agitação e, por mais que eu não queira, isso me machuca.
— Claro, pode ir embora. Você não precisa ficar aqui. — Boquejo, reprimindo o nó que se forma em minha garganta.
— Tudo bem aqui, amor? — Um homem alto se aproxima, nos observando com curiosidade.
— Tudo sim, vamos embora. — Ela nos dá as costas e vai embora sem olhar para trás.
Mantenho o olhar concentrado em minhas mãos e retraio toda a coisa ruim que dança em meu peito, ignorando o toque que sinto em meu ombro.
— Ally? — A voz de Ryan me chama atenção e então volto meu olhar a ele.
— Eu tô bem. — Sorrio por cima da minha amargura, respondendo o que ele me pergunta com os olhos.
— Vamos pra casa. Já tá ficando tarde. — Tyler diz, sua voz forçada ao soar normal.
Sem mais ânimo, pegamos tudo e seguimos de volta para a casa em silêncio. Pelo caminho, tento dispersar meus pensamentos, mas vê-la foi como se alguém mexesse em uma ferida que nunca esteve totalmente fechada.
Sinto o olhar atento de Tyler sobre mim quando chegamos em casa, mas ignoro esse fato.
— Você quer conversar? — Ele questiona de repente, se aproximando.
— Sobre o quê?
— Sobre o que aconteceu com a sua-
— Não temos o que conversar. — Corto sua sentença, me negando a continuar o assunto.
— Certo. — Tyler avança mais e me abraça. Um apertado abraço de conforto que quase me arranca lágrimas, mas me controlo.
Eu não quero chorar por ela. Aquela mulher não merece uma só lágrima minha.
— Amanhã eu volto, tá bom? — Tyler acaricia meus cabelos por um instante e apenas assinto.
Percebo que ele cochicha algo com o irmão na porta e me disperso, arrumando as coisas que trouxemos para a casa.
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Luzes da Vida
RomanceALERTA DE CONTEÚDO: Contém palavras de baixo calão e sexo explícito! (+18) ALERTA DE GATILHO PARA: Uso abusivo de drogas, crise de abstinência, depressão, menção a/e suicídio, rejeição familiar, opressão psicológica. SINOPSE Ally Wilson é uma jovem...