⋆⊰ Capítulo 20 ⊱⋆

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...

Em meio a uma deliciosa conversa, comemos e bebemos longe de distrações, no nosso pequeno mundo.

De repente percebo o olhar de Tyler agitado, se desviando para o longe de vez ou outra.

— Por que... nós não vamos em outro lugar? — Ele questiona e ambos os encaramos.

— Por quê? — Pergunto, olhando em volta.

É quando avisto o que ele queria afastar de mim, caminhando distraidamente em nossa direção com um garotinho nos braços.

— Mãe?

A palavra sai da minha boca por puro impulso e o olhar dela se volta em minha direção, o sorriso desaparecendo do seu rosto.

Essa é a primeira vez que vejo Lori desde que ela foi embora de casa. Ela parece diferente, os cabelos claros mais longos do que me lembro, seu olhar dourado e seu semblante mais vivo.

— O que faz aqui? — Indago impulsivamente.

— Bom, acredito que o parque seja público. — Sua resposta ríspida me traz de volta a realidade e desvio o olhar.

É como se uma avalanche de lembranças ruins caísse sobre mim. Me sinto três anos no passado.

— Quem é mamãe? — O garotinho em seus braços me aponta com curiosidade.

— Mamãe? — Repito a palavra, atônita com a situação.

— Uma conhecida, filho, ninguém importante. — Lori responde com agitação e, por mais que eu não queira, isso me machuca.

— Claro, pode ir embora. Você não precisa ficar aqui. — Boquejo, reprimindo o nó que se forma em minha garganta.

— Tudo bem aqui, amor? — Um homem alto se aproxima, nos observando com curiosidade.

— Tudo sim, vamos embora. — Ela nos dá as costas e vai embora sem olhar para trás.

Mantenho o olhar concentrado em minhas mãos e retraio toda a coisa ruim que dança em meu peito, ignorando o toque que sinto em meu ombro.

— Ally? — A voz de Ryan me chama atenção e então volto meu olhar a ele.

— Eu tô bem. — Sorrio por cima da minha amargura, respondendo o que ele me pergunta com os olhos.

— Vamos pra casa. Já tá ficando tarde. — Tyler diz, sua voz forçada ao soar normal.

Sem mais ânimo, pegamos tudo e seguimos de volta para a casa em silêncio. Pelo caminho, tento dispersar meus pensamentos, mas vê-la foi como se alguém mexesse em uma ferida que nunca esteve totalmente fechada.

Sinto o olhar atento de Tyler sobre mim quando chegamos em casa, mas ignoro esse fato.

— Você quer conversar? — Ele questiona de repente, se aproximando.

— Sobre o quê?

— Sobre o que aconteceu com a sua-

— Não temos o que conversar. — Corto sua sentença, me negando a continuar o assunto.

— Certo. — Tyler avança mais e me abraça. Um apertado abraço de conforto que quase me arranca lágrimas, mas me controlo.

Eu não quero chorar por ela. Aquela mulher não merece uma só lágrima minha.

— Amanhã eu volto, tá bom? — Tyler acaricia meus cabelos por um instante e apenas assinto.

Percebo que ele cochicha algo com o irmão na porta e me disperso, arrumando as coisas que trouxemos para a casa.

Luzes da VidaWhere stories live. Discover now