Two Ghosts

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Draco Pov

Eu me sentia cansado.

Como se o mundo inteiro estivesse sendo sustentado por mim, como se minhas pernas fossem ceder a qualquer momento e meu corpo simplesmente fosse parar de obedecer minha mente.

Eu precisava descansar.

Nesse momento não existia nada que eu quisesse mais do que algumas horas de sono, e isso realmente me deixava muito irritado.

Eu não poderia sair dali, porque estava aguardando para finalmente vê-lo, depois de um longo tempo.

Suspirei, olhando de relance para meu braço, observando os contornos que formavam aquela grande tatuagem, que para muitas pessoas era algo assustador.

Eu ainda me lembrava de quando recebi minha marca negra. Me lembrava de como todos ficaram orgulhosos de mim, de como meu pai se sentia feliz por eu ter feito as escolhas certas.

As vezes, quando caminhava na rua, as pessoas olhavam para aquele símbolo e automaticamente mudavam de calçada. Desviavam seus caminhos.

E mesmo sabendo disso, eu jamais tive vergonha de andar com ela exposta.

Ela tinha tantos significados que iam além de Voldemort, que eu se quer me preocupava com as opiniões alheias.

Se fosse parar para reavaliar minha vida, não tinha arrependimentos.

Eu lembrava-me do primeiro ano de Hogwarts.

De como eu me sentia ansioso para me destacar, de como estava entusiasmado com a escola e o que tudo poderia significar.

Havia feito alguns amigos, mas também tinham diversos alunos que não gostavam de mim. Pela minha criação, por ser sangue puro, por dizer coisas como 'sangue ruim', e todas as outras características que havia aprendido de berço.

Na realidade, foi um choque muito grande descobrir pessoas que não pensavam como eu.

Sempre fui criado em um meio de pessoas que seguiam as idealizações de Voldemort, então foi realmente algo estranho perceber que nem todas as pessoas concordavam com os ideais dele, porque minha mente inocente achava que o mundo era apenas aquela bolha onde eu vivia.

É claro que ele havia ficado desaparecido por anos. Se recuperando, se fortalecendo. Ninguém sabia ao certo.

O único boato que corria era que algo havia o enfraquecido quando ele assassinou Lilian e James Potter, que sacrificaram-se para salvar seu filho Harry Potter.

E ele voltou, na noite de 31 de julho, alguns anos depois, quando sequestrou Harry Potter de sua casa, arrancando-o dos braços de seus padrinhos.

Foi a ultima vez que o garoto foi visto.

Eu me lembrava de como a revolta havia sido enorme, e a mídia fez o mundo bruxo virar um caos.

Voldemort costumava deixar um rastro de sangue e corpos. Mas nunca havia sequestrado uma criança.

Os boatos das razões para ele ter levado o menino eram as coisas mais terríveis e assombrosas que corriam pelo mundo bruxo.

Demorou quase quatro meses para finalmente a mídia descobrir que Harry Potter não estava na escola por ter sido sequestrado por Voldemort.

E embora eu houvesse sido criado para apoiar incondicionalmente aquele homem, eu me lembrava de ter pensado, enquanto lia os jornais, que aquilo parecia muito errado.

Harry era apenas alguns anos mais novo que eu. Era apenas um garoto, que devia estar na escola junto comigo. Deveria estar aprendendo magia. Deveria estar começando sua vida, suas descobertas.

Eroda || DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora