Ele terá que dizer por qual motivo, razão e noção ele estava fazendo de frente para minha casa, olhando para a janela do meu quarto. Como ele descobriu onde eu moro? Essa eu quero entender. Só pode ter sido ele.

Como não pensei nisso no mesmo instante que o vi?

— Vim. — ele confirma, ofegante. Parece simpático agora. — Eu sou um cara sem carro.

— Hum, então aquela lata velha não é sua? — pergunto, tentando jogar com ele, pois afinal, minha intenção é esclarecer esse mistério.

— O quê? — ele parece não me entender e solta um riso sem humor — Do que você está falando?

— Você não me engana, Carter. Eu sei que esteve olhando para minha janela ontem há noite. — o lembro, tentando desmascará-lo.

— O quê? — ele persiste a me olhar como um sonso — Eu nunca olhei para sua janela, eu nem sei onde você mora. Acho que você está me confundindo com outro cara.

— E eu acho que você pensa que em São Francisco não existe departamento de polícia. — ameaço.

— E por que toda essa suspeita? O que eu fiz? — ele pergunta franzindo o cenho para mim com ar de preocupado. Ah, só pode ser brincadeira. Deixe-me refrescar a memória dele. Pego a folha de estudo que usamos na aula de ontem e mostro a ele todas as palavras de baixo calão que escreveu seguido de rabiscos sem fundamento. — Ah... Foi mal. Eu acho que eu comecei com o pé esquerdo.

— Acha?! — exclamo, achando claro que ele começou com o pé esquerdo. Ele parecia um encrenqueiro e ainda parece.

— Pois é... — ele suspira — Foi mal. Se isso faz se sentir melhor a diretora me deu uma advertência ontem.

— Hum. — achei mais que justo.

— Olha, desculpe por tê-la tratado daquela forma. Eu sei que eu vacilei contigo. Eu estava puto com umas paradas e acabei descontando em tudo, mas, agora eu estou bem melhor. — finalmente ouvi algo que preste saindo de sua boca, tirando o palavreado.

— Eu espero. — com certeza ele estava chapado ontem. Não tenho dúvidas disso. Ele respira fundo e eu volto a me lembrar de ontem — Por que você não voltou para a aula de ontem?

— Eu tava mal. — ele respondeu rápido. — Eu... não estava me sentindo bem e você percebeu isso.

— Sim né.

Silêncio outra vez.

— Será que podemos começar de novo? — ele me pede — Sem desentendimentos.

— Você foi grosseiro. — eu ressalto ainda indignada.

— Eu sei, foi mal. Isso não vai se repetir. Eu prometo, Kristin. — ele acaba de dizer meu nome. Ele realmente disse meu nome. Finalmente. — Então...

— Tudo bem. — posso respirar agora — Eu aceito sua desculpa.

— Que bom. — ele sorri e eu posso notar covinhas se formando nas suas bochechas.

Nathan Carter tem covinhas nas bochechas. Que interessante, ao mesmo tempo, isso... Isso é estranho.

— Mas, se você agir daquela forma de novo, eu vou cair fora. — aviso seriamente, tentando falar com gíria para que ele me entenda.

A Maré das LembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora