PRÓLOGO

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Poucos se perguntam o que realmente se passa na mente daqueles que perdem a memória

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Poucos se perguntam o que realmente se passa na mente daqueles que perdem a memória.

Eles se encontram assustados, desnorteados, sem ao menos entender a si mesmo e onde está. Se sentem sozinhos, sem rumo. Tudo é desconhecido à sua volta.

Para alguns, perder a memória é um desejo de esquecer aquilo que lhe atormenta. Outros acreditam ser um caso tão deprimente, pois, muitos se esquecem dos seus sentimentos mais relevantes e tudo que viveu de bom ou ruim com amigos, família; todos aqueles que já tiveram uma passagem pela sua vida.

Nem que fosse aquele cara do armazém, ou a moça da cafeteria. Ou até mesmo aquele que trocou olhar com você e pediu sua licença no meio de uma multidão.

Isso foi o que aconteceu comigo há quase três anos. Eu perdi minhas memórias.

Certas vezes - mesmo convicta de que isso seja em vão - eu tento me recordar de algumas coisas que meus pais me disseram antes de eu acordar naquele hospital.

Foi como se eu tivesse nascido naquele momento.

Meus pais, Helena e Will estavam lá, olhando-me perplexos, mostrando receio sobre minha reação ao saber exatamente o que aconteceu comigo.
Sofri a perda de memória. Meu caso era grave. Eu havia ficado quase em coma. Tudo isso por causa de um acidente de carro.

Eu morava em Daly City, cidade localizada no estado da Califórnia, próxima à cidade para qual eu me dirigia naquela noite; a querida São Francisco.

Era o aniversário da minha prima Jade - antes de sua mudança para Nova Jersey - em um dia de tempestade. Chovia tanto que as ruas ficaram escorregadias.

Essa tempestade não foi repentina, havia sido prevista pela meteorologia. Estávamos em Janeiro.

Eu, ansiosa e com pressa de chegar logo à casa dos meus tios, derrapei o meu carro na estrada, supostamente após desviar de outro e acabei capotando devido o clima instável.

Um casal de namorados me encontrou pela estrada e recorreram por ajuda, ligando para a emergência que me socorreu. Foi assim que chegou à notícia alarmante aos meus pais. Logo eles acharam meus documentos pessoais no carro, já que meu celular havia sido completamente danificado.

Provavelmente eu estava utilizando no momento do acidente.

Eu mesma nem consegui acordar mais. Eu desmaiei no carro. Poderia não ter mais acordado.

Essa notícia chegou ao ouvido de minha família em questão de horas e todos ficaram perplexos. Eu só tinha 16 anos, havia feito aniversário no dia 23 de dezembro, tirado carteira recentemente e foi provável de eu capotar por ainda ter acabado de aprender a dirigir.

Talvez eu não devesse ter passado na autoescola.

No entanto, acidentes acontecem a todo o momento. Eu fui uma dessas pessoas. Eu fui uma das que perderam as memórias como outras por aí, que agora carrega essas cicatrizes do passado por todo o corpo até partir.
Aquele acidente não me debilitou por milagre.

Eu sempre me pergunto se eu irei conhecer alguém como eu um dia.
Uma pessoa que tenha perdido a memória e está vivendo como eu agora.

Tentando ser ela mesma de novo.

Eu não fazia ideia de como eu era antes do ocorrido, contudo, meus pais disseram que eu era uma garota estudiosa, sempre tirava boas notas em todas as matérias - uma possível Nerd - por assim dizer.

Eu era caseira, não era muito de amizades. Não tinha muitos amigos, até porque, estávamos prestes a nos mudar daquela vizinhança dias antes de eu sofrer aquele acidente indesejável. Então, eu já estava partindo, com o caminhão de mudanças.

Por não ter deixado nada para trás, eu não me importei de ir.

Nós nos mudamos para São Francisco, cidade para qual eu dirigia na noite do acidente. Eu nem tive tempo de conhecer minha antiga casa, a antiga cidade, pois assim que tive alta do hospital fomos direto para a nova casa no carro do meu pai.

Lembro-me daquela manhã ensolarada, sem a chuva do passado esquecido. Eu escolhi meu novo quarto numa casa de três. É muito grande, espaçosa e arejada. Uma boa vizinhança; tranquila e bem cuidada.

Eu escolhi o quarto da frente, onde havia uma janela imensa que dava para ver toda a rua extensa da vizinhança. Aquele quarto é ótimo.

Papai e seus ajudantes me ajudaram com as caixas. Eu não tenho muitas coisas, fiquei abismada com tão pouco.

Organizar meus pertences foi um momento árduo, mesmo com poucas coisas, mas eu consegui. Tenho coisas guardadas em caixas até hoje, que eu ainda não vi.

Eu não digo que isso é preguiça, eu apenas procuro não deixar nada pelo caminho ou acumulando espaço.
Gosto de um cômodo organizado.

Eu amava leitura, então supostamente o que tem naquelas caixas são livros.

Minhas roupas eram simples, porém, muito cheirosas e com tecidos delicados. Pareciam até novas, como se tivessem acabado de sair da loja.

O tecido era tênue e as estampas eram floridas como as tulipas do nosso mais novo jardim.

No entanto, agora eu uso o básico, roupas sem descrição e apagadas, procurando não chamar nenhuma atenção.

Decorei todo o meu quarto, tentando fazer o possível para estar similar ao que eu costumava arrumar, então, mamãe entrou no cômodo e pareceu se emocionar. Ela chamou o meu pai que estava ocupado organizando a mudança.

Quando ele viu a decoração do meu quarto, também se emocionou. Ambos disseram que eu não mudei nada.

A coisa que mais me deixou feliz foi ouvir Helena dizer:

"Oh, Will, Deus ouviu nossas preces, ela está se curando"...

Mamãe sempre viu a verdadeira Kristin em mim. Kristin... O nome que eu passei a chamar de meu desde o dia em que acordei naquele hospital, que para mim, foi o dia em que eu nasci de novo.

Na nova cidade onde moro neste momento, fiz uma boa amizade na minha escola. Uma amiga incrível que se eu nunca tivesse me mudado, jamais iria conhecê-la.

Hoje tenho 18 anos. Err... Eu ainda estou na escola, estudando.

Nesse ano eu já deveria estar na universidade, porém, meus pais me colocaram na escola atrasada, pois eles se mudavam muito e passaram por dificuldades quando eram mais jovens e decidiram se casar para morar juntos e eu não tive tempo de começar a estudar no período certo.

Eu fiquei parada por um ano, mas, isso ocorreu quando eu ainda ia começar a estudar.

Dizem meus pais que eu me acostumei com facilidade, pois eu sempre buscava conhecimento e eles sempre me compraram livros de aprendizado desde os dois anos. Eu entrei ciente e não tive dificuldades.

Mas nunca pensei que teria agora.

︵‿︵‿ ᴀ ᴍᵃʳᵉ́ ᵈᵃˢ ʟᴇᴍʙʀᴀɴᴄ̧ᴀs ︵‿︵‿

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A Maré das LembrançasWhere stories live. Discover now