Capítulo 47

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Seguimos para o bar. Estamos com fome – especialmente os integrantes da banda Captain, My Captain. Estamos ao redor de uma mesa, quando Lyle chega. Ela deixou Hope por alguns minutos para comer alguma coisa conosco, depois, vai voltar para o quarto. "Não é justo eu me divertir, enquanto Dylan tem que ficar lá em cima" – é tudo que diz. Nenhum de seus amigos a questiona.

Fazemos os nossos pedidos. Espero que não demore, mas é bem provável que leve muito tempo para preparar nossos pratos, porque o bar está cheio. Acho que todo mundo veio comer. Algo que sempre acontece quando estou com fome – e que odeio – é ouvir meu estômago roncar. Tudo bem se eu fosse a única que pudesse ouvi-lo, porém, como isso não é possível, todo mundo sofre comigo.

Lyle pergunta como foi o resto do show, e todos nós contamos nossos pontos de vista. Tori, Kyle, Chaz e Ethan estão felizes e satisfeitos de nos ouvir falar. Cindy está conosco, e todo mundo olha para ela quando chega sua vez. Ela encolhe os ombros. A maioria deles franze o cenho, talvez não compreendendo por que a garota mais popular da escola está se sentindo envergonhada, ou deslocada.

– Você não precisa falar, se não quiser – diz Chaz, colocando a mão no ombro da irmã, que está sentada ao lado dele.

– Não acho que tenho muito mais a acrescentar – manifesta-se Cindy, virando-se para o irmão e dando um sorriso. Respira fundo e se vira para os amigos dele. – Mas preciso dizer duas coisas. A primeira é que... sinto muito. Realmente sinto muito por tudo que fiz – seus olhos estão marejados. Fita as mãos entrelaçadas sobre a mesa. – E a segunda é que... obrigada. Obrigada por terem me aceitado aqui, quando poderiam ter me excluído. Obrigada por... não sei – dá de ombros, encarando-os. – Tudo, eu acho.

Os amigos de Chaz aquiescem com a cabeça. Não dizem nada. Talvez ainda estejam absorvendo o que acabaram de ouvir. Chaz aperta o ombro da irmã, como se dissesse: "Apesar de tudo, estou aqui". Ela olha para ele e sorri. Passa a mão no olho assim que as primeiras lágrimas escapam.

– Se você conseguiu conquistar o coração do Ethan – diz Lyle, atraindo a atenção de todos nós. Ela não está brincando, não está ironizando. Está séria –, então, acho que pode conquistar o nosso também.

Ethan sorri, olhando para a amiga.

– Nós estarmos agindo assim – retruca Kyle, suspirando –, não significa que os anos anteriores serão apagados da nossa memória. Não vamos esquecer o que você fez, tanto conosco quanto com outras pessoas. Não temos amnésia, Cindy. Mas isso também não significa que não podemos perdoá-la. O passado é passado, apesar de ter acontecido. Não vamos nos ater ao que você fez. Vamos nos ater ao que você está fazendo. O agora é o que importa.

– Obrigada pela compreensão – agradece, fungando e passando a mão discretamente no nariz, se é que isso é possível.

– Acho que cada um de nós quer deixar algo do passado para trás – argumenta Zoe, olhando para cada um de nós. Assinto com a cabeça. – Mas o que aconteceria se esse "algo" não existisse? Como nós estaríamos hoje?

"Será que estaríamos melhores? Ou será que estaríamos piores? Como Kyle disse, o passado é passado, mas faz parte de quem somos, de quem nos tornamos. Foi o que vivenciamos no passado que nos ensinou o que sabemos hoje. A vida ensina a cada um de nós de maneira diferente. Precisamos passar por algumas experiências para aprendermos a dar valor a certas coisas"

– Talvez você precisasse ter feito o que fez para aprender que aquilo não é a coisa mais importante do mundo. Talvez você precisasse ficar sem amigos, como me contou, para dar valor aos que vai ter – digo, engolindo em seco. – Talvez você precisasse de toda aquela atenção para aprender que não importa ter atenção de milhares de pessoas, se você não tem atenção das pessoas que realmente importam. Da pessoa que realmente importa.

Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora