Capítulo 2

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Estou em um cômodo perto do lobby, onde ficam os computadores para os hóspedes usarem. Não há quase ninguém aqui – em um lugar maravilhoso como esse, quem escolheria passar o tempo mexendo no computador?

Meu notebook está aberto, e a tela mostra uma das fotos que tirei do pôr do sol. Suspiro, porque ela está belíssima, realmente demonstrando o momento que presenciei.

Viro o rosto para o lado. Há duas estantes de livros, uma de frente para a outra. E vejo Mark entre elas. Em um lugar maravilhoso como esse, quem passaria o tempo lendo? Ele continua com os óculos de grau e veste jeans, camisa cor-de-rosa e moletom azul-marinho. Ele só pode estar usando moletom por causa do ar-condicionado, porque lá fora está quente, muito quente.

Ele devolve o livro para a estante e fica encarando-o por um instante. Sem que eu perceba, um sorriso toma conta de meus lábios. Forço-me a ficar séria e a me focar nas fotografias, e não no garoto que me permitiu – tecnicamente – tirá-las. Abro uma das fotos no Lightroom. Mordo o lábio.

Sei exatamente o que fazer para deixar a foto perfeita, ou mais perfeita ainda. Às vezes, não gosto de modificar as fotos que tiro, mesmo quando sei que ela ficaria mais bonita. Para mim, dependendo da situação, isso tira um pouco da essência do momento.

– O que é isso? Destino? Coincidência? – ouço uma voz masculina soar à minha frente, o que me faz erguer a cabeça na sua direção e me deparar com Mark. Recosto-me na cadeira e o encaro com os braços cruzados.

– Não acredito em destino, nem em coincidência. Nem em amor à primeira vista. Tudo isso é pura idiotice. Pensar na existência dessas coisas só faz de você um idiota. Acredite em mim. Quanto mais cedo você se tocar que isso não existe, melhor para você.

– Sinto muito. Eu não queria trazer um assunto delicado à tona – diz ele com simplicidade, seus olhos castanhos brilhando. Gostaria de saber o que houve para você ficar assim... tão irritadinha.

Franzo o cenho e aperto os braços cruzados.

– Você nem me conhece para dizer isso de mim – retruco com uma risada sarcástica. – A gente só se encontrou uma vez. Duas agora. Não trocamos mais do que poucas palavras. Então, não tem como nos conhecermos, de modo que não tem como você me denominar "irritadinha" – faço aspas no ar e volto a cruzar os braços.

Ele quase encolhe os ombros, mas consegue manter a postura.

– Eu só... pensei... – sua voz falha. Passa a mão no cabelo, pensativo. – Você não era assim, Spencer. Nunca foi. Você pode nunca ter reparado em mim, ou no meu grupo de amigos, mas estudamos juntos por anos. E você simplesmente não era assim – aponta para mim. Sinto como se tivesse levado um soco no estômago.

Estudei com ele? Como não me lembro?

– Impossível nós termos estudado juntos. Eu saberia... – tento argumentar, mas não faço ideia se devo prosseguir. Será mesmo que estudamos juntos e não lembro? Só pode ser que sim, porque, caso contrário, como ele saberia meu nome? Ele meneia a cabeça de um lado para o outro. – Faz muito tempo que estudamos juntos, Mark?

Ele balança a cabeça novamente.

– Sabia que você não se lembraria de mim. É difícil alguém saber quem sou, além da minha família e dos meus amigos – dá de ombros. – Não que eu me importe, porque não dependo dos outros para nada. Não preciso que saibam que existo.

– Bom saber – retruco de forma irônica, revirando os olhos e pousando-os em Mark. Ele sorri um sorriso sincero. Seus olhos brilham. Como isso é possível? – Não quero ser grossa, mas preciso terminar isso aqui – aponta para o notebook. – Então... tchau.

Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora