Capítulo 3

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Magic acaba e A sky full of stars se inicia, ambas da banda Coldplay.

Derek está em algum lugar do resort, provavelmente, perto da piscina, conversando com alguma garota. Flertando com uma garota, para ser mais específica. Estou de frente para o bar, sentada no banco, olhando para o copo quase vazio à minha frente. Quantos copos de cerveja já tomei? Não faço ideia.

Também não sei quantos garotos idiotas vieram até mim para tentar flertar comigo. Dispensei todos eles depois de ganhar uma bebida, claro. Não estou a fim de ficar com ninguém. Não estou a fim de fazer nada no momento, apenas beber e ficar quieta.

Levo o copo à boca e tomo um longo gole da cerveja gelada. Peço ao barman que me dê uma latinha, já que não vou continuar no bar.

– Ou talvez seja melhor uma garrafa – sugiro, dando uma breve risada.

O homem que está atrás do bar me lança um olhar preocupado, ao qual respondo com um dar de ombros.

– Desculpe, senhorita, mas vou precisar da sua identidade – pede o barman, apoiando as mãos no balcão entre nós.

– É sério isso? – digo, dando uma risada.

– Sem identidade, sem bebida – retruca, sério.

– Estou aqui há sei lá quanto tempo, bebendo, e ninguém pediu minha identidade.

– Se meus colegas não pediram sua identidade, não é problema meu. Só vou dar a bebida, quando eu ver a sua idade – insiste, estendendo a mão na minha direção. – E, pelo que percebi, você não comprou uma bebida sequer até agora.

Sorrio.

– Existe idiota em todo lugar disposto a pagar a bebida alheia. Então, onde está a bebida?

Ele estende ainda mais a mão na minha direção. Eu devera ter voltado para buscar a identidade falsa no quarto. Fiz ela especialmente para essa ocasião. Suspiro, apoiando o rosto nas mãos; os cotovelos apoiados na mesa.

Penso no que dizer, em como convencê-lo. Penso em como discutir com ele até que ele ceda, mas não estou a fim de discutir com ele.

Ou com qualquer pessoa...

...até que Chaz Houston surge ao meu lado.

– Ei, Spencer, o que você está fazendo? – diz ao apoiar o braço no balcão do bar, com o corpo todo virado para mim, sorrindo. Viro o rosto para encará-lo e o desprezo com o olhar. Acho que é óbvio o que estou fazendo, não? Tomo um longo gole da cerveja, ignorando-o. – É sério que você não vai falar nada?

Ah... Agora você tem algo para falar comigo? Uma pena que o que eu tinha para dizer morreu há três anos, quando eu tinha quinze anos. Meu coração acelera. Percebo que seu sorriso simplesmente desaparece. Deve ter percebido que não quero conversar com ele. Deve ter percebido que foi um babaca. Deve ter percebido que não me importo.

Ou não quero me importar.

Com o copo pela metade – ou bem menos da metade – em mãos, eu me levanto. Sigo na direção oposta à que ele se encontra. Ele faz o que temo: me segue. Apresso o passo, e ele também se apressa ao meu lado. Mas que m... Xingo-o em pensamentos, apertando o copo com cada vez mais força.

Spencer... – sua voz ecoa na minha cabeça, antes de se misturar com o barulho ao nosso redor. Sua mão segura meu braço.

Ele não me aperta, mas me segura, e isso me deixa irritada. Por mais que não seja com força, sinto-o me apertar. A dor cresce e cresce dentro do meu peito, dentro de mim. Quero gritar para que se afaste. Quero gritar, mandando-o para o inferno. Mas sei que o silêncio é a melhor resposta.

Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora