Capítulo 31 - O Intruso

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O caminho de volta para casa, teve um clima menos pesado e intenso.

Rudá tentava de várias formas, parecer alguém legal e prestativo.

Já no carro, em meio a estrada, perguntei algo que a muito gostaria de saber.

— O que aconteceu com sua esposa? - Finalmente disse.

Ele me olhou por um instante, voltando sua atenção novamente para a estrada e começou a falar.

— Alyssa, era uma mulher doce e dedicada, quando estávamos esperando nosso primeiro filho, sofremos um acidente de carro, fazendo com que ela perdesse o bebê, nos anos seguintes tentamos de várias formas ter outro filho, mas as sequelas do acidente não nos permitia. Aos poucos ela foi entrando em uma depressão profunda. Ao fim, tirou sua própria vida. - Me responde ele com expressão de dor.

Permaneci calada. Adahy - minha mãe - sofreu com a separação, mas ao fim ainda restava a mim para lhe fazer companhia. Rudá havia perdido o filho e a esposa, e assim como minha mãe, só lhe restava a mim.

— Sinto muito. - Lhe respondo sentida.

Tentando amenizar o clima tenso que criei, liguei o som do carro no rádio local e a música que tocava me surpreendeu, por ser uma das minhas preferidas. - Apesar de triste.

Is there love, tonight
When everyone's dreaming
Of a better life
In this world
Divided by fear
We've got to believe that
There's a reason we're here
Yeah, there's a reason we're here...

(Tradução)

Existe amor, hoje a noite,
Quando todo mundo está sonhando
Com uma vida melhor
Nesse mundo
Dividido pelo medo
Você tem que acreditar
Que existe uma razão para estarmos aqui..
Sim, que existe uma razão para estarmos aqui... - Our Lives - The Calling

Ouço o cantor iniciar a melodia, mas algumas lembranças, de uma época triste, me veem a mente. No segundo após acabar o primeiro refrão, desligo o rádio e sorrio como se estivesse tudo bem, tentando disfarçar o meu incômodo.

Rudá parece estar se preparando para iniciar uma conversa, mas estava com medo de não saber o que falar.

— Presumo que já conheça o Paul? - Me pergunta ele finamente.

— Sim. Ele é amigo do Seth, estudamos na mesma escola, além disso, ele faz parte da matilha. - Lhe respondo.

— Sou irmão caçula de Enepay, o pai do Paul. - Ele me conta.

Em meio a nossa conversa, ouvimos um uivo ao longe, faltavam mais de seis quilômetros até a reserva.

Rudá acelerou o carro - com certo limite, pois, a estrada estava levemente coberta por gelo - na intenção de chegarmos logo.

Jacob nos avisa que haviam um intruso e todos eram necessários com urgência.

Rudá desacelerou o carro e o estacionou na estrada.

— Se troque, a matilha precisa de nós. - Me fala ele, saindo do carro e começando a retirar sua roupa - já do lado de fora - me dando a total privacidade de fazer o mesmo no interior do veículo.

Retirei minhas roupas por completo e sai do carro. Ele já me aguardava em sua forma de lobo.

Seguimos em disparada na direção em que a matilha se localizava.

Havia um Volturi em nossas terras, pela aparência - pele negra, olhos vermelhos e o manto utilizado pelo clã - se tratava de Santiago Volturi.

Não possuía nenhuma habilidade em especial, mas era ágil e extremamente forte.

O perseguimos por um longo tempo, ele fazia zig-zag por entre a floresta, mas não ia embora. Possivelmente viera procurar por Demetri.

Por sorte, Demetri havia saído da cidade, seu destino estava a aproximadamente cento e noventa e sete milhas de nós. Não havia a possibilidade de os Volturi imaginarem nossa aliança.

Meu coração acelerou com a possibilidade dos fatos. Meus pensamentos foram transmitidos a todos da matilha.

— Santiago é perigoso, se por algum motivo imaginar que Demetri nos avisou dos planos de seu clã, tudo estará perdido. - Fala Rudá.

— Precisamos matá-lo, assim não contará nada aos Volturi's. Talvez até enviem outros atrás deste, e levamos uma pequena vantagem matando alguns dos seus. - Seth supõe.

Jacob permaneça em pensamentos, procurando a melhor resposta para a situação então falou:

— Precisamos dele vivo para saber o que faz por aqui. - Fala ele então.

— Não acredito que Santiago nos permitirá interroga-lo e se fugir tudo pode estar perdido. - Lhe aconselha Sam.

— Matem-no. - Decide ele de imediato, dando a carta de euforia para que nos divertíssemos.

Nunca havia matado um frio, estava prestes a participar da primeira caça onde haveria morte.

Santiago nos despista por um instante.

Seth é Leah se aproximaram assim como Rudá e Jacob.

Decidimos nos separarmos em grupos, para cobrir uma área maior. Ao longe, em meio a floresta, pude sentir um cheiro diferente, não pertencia a nenhum frio que conhecia, meus pensamentos foram novamente transmitidos a matilha.

Seguimos em sua direção e com poucos quilômetros, lá estava ele, Santiago Volturi.

A matilha já havia decidido seu ataque, e aquele do qual Santiago estive próximo durante a execução, seria quem o mataria.

Santiago pulava por entre as árvores, se desviando com elegância e audácia de nossos ataques.

Houve então minha oportunidade. Santiago se distrairá ao se esquivar do ataque de um dos garotos, me permitindo pular em suas costas e gravar meus dentes em sua cabeça.

De imediato, ele começou a forçar minhas têmporas - cabeça - entre as mãos, na intenção de esmaga-la.

Rudá e Seth, percebendo o perigo, correram ao meu encontro.

Seth grudou em um dos braços do frio, enquanto Rudá se atentou ao outro lado.

Jacob e Sam que estavam próximos, também partiram para o ataque.

Em minutos haviam cinco lobos com as presas cravadas em Santiago, que insistia em tentar correr e nos afastar.

— No três, puxamos, cada um para um lado. - Nos disse Jacob.

— 1... 2... 3... AGORA. - Gritou ele.

Nesse instante, cada um dos lobos fez força para um lado, na intenção de partir nosso inimigo em vários pedaços.

Santiago não aguentou por muito tempo, então seu corpo caiu ao chão, com vários pedaços em sua volta, sua cabeça longe ao chão, piscava seus olhos, várias vezes por segundos.

Agora seria necessário queimar o que restou, alguns diziam que um frio era capaz de se colar novamente utilizando sua saliva, então queimá-lo era nossa única solução.

Segui a frente de Rudá em direção ao local, onde havíamos estacionado seu carro, me vesti e o aguardei.

Em minutos ele também voltou, parecia orgulhoso, pude sentir a felicidade de seu lobo.

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