Capítulo 14 - Histórias de Fogueira - Parte I

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Seth explicou a todos o que havia acontecido, no momento em que voltou a reserva, para pegar nossas vestimentas.

Quando voltei para casa, todos me olhavam com dó.

Leah me aconselhou a cortar meus cabelos, pois, quanto maior for seu cabelo em forma humana, maior será seus pelos, na forma animal, o que prejudica muito nossa caçada.

Fui levada a casa de Emily Young, para conhecer o restante da matilha e cortar meus cabelos.

Billy convocou uma reunião com os anciões da reserva. Teríamos fogueira de histórias esta noite.

Seth passou a maior parte do seu dia, me explicando como funcionava essa história de ser lobo. Tudo se resumia a não ficar brava que estaria tudo bem, pelo menos de início, até que finalmente consiga controlar meu espírito lobo.

Quando chegamos a reunião, todos os anciões já estavam presentes, alguns membros da tribo e os garotos da matilha, todos sentados, envolta de uma enorme fogueira.

Nos acomodamos ao lado de Jacob, que por sua vez, estava ao lado de Billy.

— Olá, a todos presentes, convoquei esta reunião com os anciões e membros da tribo, pois, nossa matilha hoje, ganhou mais um membro. - Fala Billy, que aponta em minha direção.

— Sua sobrinha neta se transformou? - Perguntou Sue.

— Kayra é neta de minha irmã, Emmie Black, - que por sua vez é neta de Ephraim Black - portadora dos genes lobo, que transferiu a Adahy Black, sua única filha. Adahy, o transferiu a Kayra, que obteve contato em seu tempo de floração, - aproximadamente dentre treze á vinte e cinco anos - com um frio, um vampiro. - Responde Billy, voltado a todos presentes.

— Isso significa que Leah não é mais a única mulher na matilha? - Pergunta outro ancião. - Velho Quil, um homem de aparência frágil e cabelos brancos.

— Por muito tempo acreditamos que Leah, seria a única mulher, mas hoje, podemos perceber que será possível que mais mulheres com, os genes, venham a se transformar futuramente. - Conclui Billy.

— Então, esta reunião é apenas para apresentar Kayra a tribo e lhe contar nossas histórias? - Sue questiona.

— Não somente, Sam Uley, tem um comunicado a nos fazer também. - Lhe responde o velho Quil. - Mas apenas o fará após as histórias.

Ouço tudo com muita atenção, fui instruída por Seth a me atentar a cada detalhe das histórias contadas.

— Os Quileutes têm sido poucas pessoas desde o início. - Billy disse. — E ainda somos poucos, mas nós nunca desapareceremos. Isso é porque sempre houve a mágica em nosso sangue. Não era a mágica de mudar de forma – isso veio depois. "Primeiro, éramos espíritos guerreiros". - Complementa ele.

— No começo, assim que nossa tribo chegou a essas terras, se transformaram em habilidosos construtores de barco e pescadores. - Acrescenta Quil o ancião.

— Como a tribo ainda era/é pequena, com um porto rico em peixes, haviam outros que desejavam nossas terras, uma tribo maior se colocou contra a nossa, nos obrigando a entrar em nossos barcos e fugir.- Acrescenta Billy. — Kaheleha não foi o primeiro espírito guerreiro, mas nós não lembramos de outras histórias que venham antes dessa. - Continua ele.

— Kaheleha foi o primeiro grande Espírito Chefe na nossa história. Nessa emergência, vendo que estavam perdendo nosso lar, Kaheleha usou a sua magia para defender as nossas terras. "Ele e todos os seus guerreiros abandonaram o navio – não seus corpos, mas seus espíritos. As suas mulheres cuidaram de seus corpos e das fortes ondas, e os homens levaram seus espíritos de volta ao nosso porto. - Sue conta. — Eles, na verdade, não podiam tocar nos inimigos fisicamente, mas eles tinham outras formas. - Explica ela.

— As histórias nos contam que eles podiam fazer um vento feroz soprar nos acampamentos inimigos; fazendo um grande grito no vento que os aterrorizou. — Então os Quileute retornaram para seus corpos e suas esposas, vitoriosos. - Billy conta, com um olhar orgulhoso.

— E assim foi, sempre que aparecia um inimigo, os espíritos guerreiros os afastavam. - Quil perfaz.

— Gerações se passaram. Então veio o primeiro grande Espírito Chefe, Taha Aki. Ele era conhecido por sua sabedoria, e por ser um homem de paz. - Billy novamente toma a frente da história. — A tribo vivia contente e em paz sob seus cuidados, mas havia alguém que não estava contente, Utlapa, um dos espíritos mais fortes do chefe Taha Aki.

Enquanto ouvia a história, minha mente imaginava cada palavra.

— Utlapa queria mais de sua magia, queria terras e escravizar os Hoh e os Makah, tribos que fizeram aliança com os Quileutes. - Sue comenta.

— Foi então, que ganhamos o dom da telepatia, entre a matilha. — Agora, quando os guerreiros se transformavam em seus espíritos, eles podiam ouvir os pensamentos uns dos outros. - Conclui ela.

— O chefe Taha Aki pode então ouvir os pensamentos impuros de Utlapa e o baniu, proibindo-o de voltar a utilizar seu espírito de novo. - Fala Quil. — O Chefe Taha Aki, deixava o seu corpo para trás e andava pelas florestas e pela costa, para ter certeza de que nenhuma ameaça se aproximava de seu povo, mesmo em tempos de paz, permanecia vigilante. - Profere ele.

— Utlapa o vigiava, pois, não aceitava seu exílio, planejava matar o chefe Taha Aki, mas sabia que os outros espíritos o puniria por tal ato, decidindo então observar e esperar. - Billy novamente começa a falar. — Utlapa esperou pelo momento certo, quando Taha e seu corpo estivesse longe de proteção e saiu de seu corpo, voltando novamente, mas no corpo de Taha, cortando seu próprio pescoço para que o chefe não pudesse voltar do mundo dos espíritos. — Taha Aki observou com desespero enquanto Utlapa pegava o seu lugar como chefe dos Quileute. - Explica ele.

— Como Utlapa não tinha bondade em seu coração, sua primeira ordem foi a que, estava proibido qualquer guerreiro de entrar no mundo dos espíritos sem sua autorização. Utlapa tinha medo de que Taha tentasse se comunicar com algum guerreiro e contar sua história, tirando-o do poder. - Continua Billy.

— Então seus sonhos de conquista com um exército de espíritos guerreiros era impossível, e ele teve que se contentar em reinar sobre a tribo de homens. - Esclarece Sue. — Com o tempo, Utlapa - agora Taha Aki - se tornou um fardo, exigindo privilégios e se recusando a trabalhar com os outros guerreiros, se casando com uma segunda jovem esposa, e depois uma terceira, apesar da esposa de Taha Aki ainda viver – sozinha em algum lugar desconhecido da tribo. - Taka Aki observava furioso no mundo dos espíritos. - Complementa ela.

— Em um ataque de fúria, Taha Aki ordenou que um lobo feroz da montanha, fosse atrás de Utlapa, que se escondeu atrás de seus guerreiros, o lobo então, matou um jovem que estava protegendo seu falso chefe, Taha Aki se sentiu terrível, então fez com que o lobo fosse embora. — O grande lobo seguiu o espírito de Taha Aki que se contorcia e se estica em agonia pelas florestas. O lobo era muito grande para a sua espécie, e lindo. - Conta o velho Quil. — Taha Aki por um instante, sentiu inveja do grande animal, pois, ele possuía um corpo. - Concluiu ele.

— Foi então que Taha Aki, teve a ideia que mudou a vida de todos nós, ele pediu ao lobo para compartilharem o mesmo corpo. O lobo permitiu. Taha entrou no corpo do animal com muita gratidão, não era um corpo humano, mas bem melhor que a escuridão onde costumava vagar. - Sue conta enquanto faz gestos com as mãos.

— A primeira coisa que fez no corpo do lobo, foi seguir para sua casa, sua tribo. As pessoas correram apavoradas, solicitando os guerreiros que chegaram rapidamente. — Utlapa, é claro, ficou seguro e escondido. - Billy comenta. — Mas Taha Aki não atacou os guerreiros, ele tentava uivar nossas canções e expressar em seus olhos seu verdadeiro ser, alguns guerreiros notaram que aquele animal era diferente, que havia uma influência espiritual nele. — Yuti, um guerreiro ancião, desobedecera as ordem de seu chefe e tentou se comunicar com o lobo. - Continua ele. — Assim que o espírito Yuti cruzou a linha para o mundo dos espíritos, Taha Aki saiu do grande animal e foi ao seu encontro. - Complementa.

— O falso chefe que, foi confirmar se o animal havia sido morto, viu o corpo de Yuti caído ao chão e sendo protegido pelos guerreiros, intendeu o que se passava ali. Pegou então sua faca e seguiu em direção ao corpo ao chão, alegando traição. Era proibido viagens espirituais e Yuti havia desobedecido uma ordem. — Yuti voltou rapidamente para seu corpo, mas Utlapa tinha lhe cortado a garganta, antes que pudesse contar o que aconteceu a outro guerreiro. - Quil fala.

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