CAPÍTULO QUARENTA E NOVE

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A música do carro tocava baixinha, é quase quatro da tarde, Kauã me buscou no estágio e agora estamos indo buscar as crianças na escola, isso se chegarmos a tempo. O trânsito estava bastante congestionado, acontecia uma grande manifestação no centro da cidade em prol de melhor educação nas escolas públicas.

Os olhos de Kauã já estavam pequeno, ele está completamente exausto depois de duas semanas de intensa correria e trabalho duro na academia, hoje Gugu ficou pra fechar vendo o estado do meu namorado. Sem contar as pesquisas e no grande projeto que ele tem em mente para as crianças de rua. Descobrimos que apenas na rua da academia vivem quinze crianças, de idades variadas entre um ano e meio a quinze. Então ele tá tentando encontrar um bom número de pessoas disposta a ajudar ele a dar uma oportunidade a essas crianças.

— Quer que eu dirija um pouco? Podemos mudar de lugar, o trânsito tá parado. — ele me olhou, seus olhos vermelhos e suas feições cansadas não foram capazes de negar.

Ele tirou o cinto e eu fiz o mesmo, mudamos de lugar um pouco atrapalhados e batendo os pés em tudo quanto era lugar, mas conseguimos. Ele riu e beijou minha bochecha.

Passei o cinto novamente esperando os carros a frente voltar a se movimentar.

— Tá cansado né, meu bem? — coloquei a não sobre sua cocha e ele segurou minha mão.

— Olha, vou mentir não, eu tô morto Tay.

— Eu fico com as crianças hoje pra você descansar. — passei a mão pelos seus cabelos e ele fechou os olhos aceitando o carinho.

— Quero que fique comigo.

— Você vai dormir antes mesmo que eu deite ao seu lado.

— Mas quero acordar com seu cabelo no meu rosto.

— Não amor! — eu sorri. — melhor que descanse.

O trânsito andou alguns poucos metros e eu andei com o carro.

Kauã focou os olhos em algo que viu do lado de fora, seu olhar assustado me deixou curiosa, mas antes que eu perguntasse o que ele havia visto ele disse.

— Olha! Meu Deus! — sorriu surpreso.

— O quê? O que está vendo? — nada do lado de fora havia chamado minha atenção.

— Aquela moça, está vendo?

— Qual?

— A dos cabelos longos, com uma bolsa do lado. — agradeci o vidro escuro do carro, ou ia parecer dois idiotas apontando para as pessoas que passavam pela rua.

— Aham, sim! O que tem ela?

— É a Morena, a mãe de Lizzie.

— O que disse, Kauã?

— O nome dela é Morena, ela é a mãe da Liz, meu Deus ela não mudou em nada.

— Tá me dizendo que aquela mulher ali é a mãe da Lizzie? Nossa pequena Liz? — meus olhos quase caíram do rosto.

— Sim Tay. — ele riu. — por que essa cara?

— Eu só... Não a imaginei assim.

Certo! Estou completamente espantada! Quando Kauã me descreveu a mãe de Liz ele não deixou muito claro a sua beleza. Mesmo distante eu conseguia ver o quanto aquela mulher é linda. Seus cabelos são enormes, e quando eu digo, enormes, quero dizer enormes mesmo, abaixo da bunda, perfeitamente cacheados.

Ela andava com tanta leveza que parecia mais flutuar, estava descalça com uma saia longa e um cropped, andava na calçada bem ao nosso lado, seus olhos cor de mel pareciam brilhar no sol da tarde, assim como sua pele.

FeniceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora