Epílogo

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Era surreal olhar para todas aquelas pessoas e concluir que elas estavam ali para me prestigiar. Acho que eu nunca iria me acostumar com essas festas de lançamento, e, menos ainda, com o fato de ser conhecida mundialmente. Nem eu meus maiores sonhos eu poderia imaginar que eu figuraria em listas importantes, daria entrevistas para revistas e programas de TV e teria que me preocupar com paparazzis. Aliás, essas última coisa seria provavelmente a mais difícil de todas elas: aceitar que eu poderia estar sendo vigiada constantemente em qualquer lugfar que eu fosse. Mas, apesar disso, eu estava feliz. Feliz por ser reconhecida pelo que eu mais amava fazer: escrever.

- Eu ja perdi a conta de quantas taças champanhei tomei. Acho que nem o garçom aguenta mais olhar pra minha cara - disse Rebecca, enquanto olhava para todos os cantos da livraria, como se procurasse por alguém.

- Então acho melhor você parar enquanto há tempo. Imagina, você começa a cair de bêbada por aí. Amanhã estará em todos os noticiários: "Conheça Rebecca Thanya, a mulher que arruinou a festa de lançamento do mais novo livro de Claire Gale"

- Olha pra mim, garota, você acha mesmo que eu sou o tipo de gente que da vexame em público? Eu sei me comportar, viu!

- Claro que sabe, mas, por via das dúvidas, acho melhor maneirar na bebida. E posso saber quem você tanto procura?

- O Jerry. Ele me disse que estaria aqui há dez minutos atras e até agora nada. Eu espero que ele tenha uma boa explicação pra essa demora toda. Ele sabe que eu odeio atrasos.

- Relaxa, ele ja deve estar a caminho. Enquanto isso, me faça um favor e pegue um canapé pra mim. Desde que eu cheguei não consegui comer nada. Sem contar minha mão que está me matando, só nessa última hora eu devo ter dado uns mil autógrafos.

- Não sei como você ainda não se acostumou. Essa é a vida de uma best-seller, querida.

Enquanto olhava para o banner gigantesco pendurado na entrada da livraria - o qual estampava uma foto minha que eu não gostava mas que por algum motivo sismavam em utilizá-la - senti uma mão segurando o meu ombro. Ao virar, levei um  susto quando vi quem era. Apesar dos anos que haviam se passado, ele não havia mudado muita coisa. O cabelo estava mais grisalho e algumas linhas de expressão  marcavam um pouco mais, mas ele continuava lindo e elegante.

- Quando eu disse naquela época que compraria até sua lista de supermercado se você a publicasse eu não estava brincando, mas olha, esse livro aqui é bem melhor que uma lista de supermercado. "Claire Gale retorna em toda sua glória nos trazendo o que sabe fazer de melhor: um romance sensível, verdadeiro e que conquista o leitor a cada página" - The New York Times. Parece que as coisas ficaram sérias desde então, hein?

- Paul, eu não acredito que você está aqui, quanto tempo se passou desde a última vez em que nos vimos... Você não mudou nada praticamente.

- Sobre o tempo, sete anos para ser mais exato. E sobre as mudanças, bem, parece que a idade chegou para mim e as rugas não me perdoaram. Já você, está ainda mais linda, se isso for possível.

- Imagina, é gentileza sua. Mas então, como anda a vida lá em Manhattan?

- Vai tudo bem, na medida do possivel. Bem corrida, na verdade. Estou trabalhando em três escolas ao mesmo tempo, e, nas horas vagas - que não são quase nenhuma - eu escrevo artigos para revistas e jornais locais. Quanto a você, não preciso nem perguntar, né? A maior escritora desse país. Aliás, arrisco dizer, do mundo.

- Não é assim também. Quer dizer, graças a Deus as coisas tem dado certo para mim e as pessoas tem reconhecido o meu trabalho, e você não tem noção de como isso me deixa feliz.

My Eternal JonesWhere stories live. Discover now