My Eternal Jones

Parte 9

Era estranho vê-lo daquele jeito. Por que as coisas tinham de ser assim? Por que a vida pregava essas peças, fazendo com que tudo mudasse drasticamente e nos obrigasse a se adaptar a essas mudanças? Por que coisas ruins aconteciam com pessoas boas? Ver Bryan daquele jeito me levantava todos esses questionamentos. Só de pensar que, há meses atras, ele estava bem, andando pra la e pra cá, fazendo as coisas como se estivesse sempre com pressa, e, do nada, ele não poderia sequer andar. Mas, o que me confortava, era a força dele. Bryan era uma das pessoas mais resilientes que eu conhecia. Qualquer pessoa naquela situação poderia facilmente perder a vontade de viver e cair em uma depressão profunda. Mas parecia que, mesmo nessa situação, o brilho dos olhos característicos dele ainda estavam la, junto com sua vontade de viver.

- Desde que o acidente aconteceu, vovó não sossega. Ela anda atras de mim vinte e quatro horas, como se eu fosse quebrar há algum momento. Ela não aparece na floricultura há uma semana, mesmo que eu insista pra ela que ficar algumas horas sozinho não teria problema nenhum.

- Sua avó se importa com você, ela é uma boa pessoa. Já a minha, as vezes eu me questiono. Nunca vi alguém ser tão ranzinza. Ela só faz reclamar das coisas, sempre colocando defeito em tudo. É desgastante. Não vejo a hora de sair de casa de novo.

- Tem noticias de Claire?

- Não. E nem quero ter. O que aquela traidora faz ou deixa de fazer não me interessa.

- Ela foi na minha casa há uns dias atrás. Inclusive, deixou a carta que você escreveu pra mim. Eu até trouxe ela comigo - disse, enquanto tirava o envelope lacrado com um adesivo rosa.

- Então você leu...

" Me dói ter que te escrever essas palavras. Me dói mais ainda ter que partir sem me despedir. Primeiro de tudo, eu sinto muito. Talvez eu não deveria, mas eu me sinto um pouco culpada pelo que aconteceu com você de alguma forma. Só Deus sabe o quanto eu queria estar aqui do seu lado para te ajudar a passar por esse momento. Eu amo você. E eu posso te dizer com toda a certeza que você foi meu primeiro amor. O amor que me fazia passar horas imaginando sobre um futuro. Casa, filhos, Carro, passeios de férias... Eu comecei a me sentir a pessoa mais brega de todas, uma mocinha de comédia romântica. Mas, eu me permiti sentir aquilo. Era um sentimento puro, e eu não deveria me sentir culpada por isso. Obrigado por ter sido o melhor namorado do mundo. Eu sinceramente não sei como será daqui pra frente, e eu queria poder fazer o impossível pra que nosso relacionamento desse certo mesmo a distância, mas eu já não sei de mais nada. Estou confusa. Na verdade, nem sei se deveria estar escrevendo essa carta (alias, escrever carta é tão século passado). Eu amo você, nunca se esqueça disso. Ass. Madison"

Parece que foi ontem que eu estava sentando na beira da cama, com uma caneta vermelha na mão, escrevendo essa carta, enquanto limpava algumas gotas de lagrima que caiam em cima do papel. Eu sabia que, parte de mim, não queria que Claire achasse aquela carta. Por isso, coloquei em uma gaveta perto da cama que ela não costumava abrir, dentro de alguns manuscritos. Mas o destino fez questão de que ela achasse.

- Eu li. E começo dizendo que você não tem culpa de nada que aconteceu. E segundo, foi muito difícil não ter você nos primeiros dias da minha recuperação. Não ter você para segurar minhas mãos dizendo que tudo iria ficar bem...

- Mas eu estou aqui agora, e é isso que importa. Eu estou aqui, e eu te amo. 

- Eu também amo você. Eu sempre vou amar. E é por isso que eu não vou conseguir ficar sem você por perto. Dói muito. Mais do que ficar sem andar. E é por isso que eu tomei uma decisão. Acho que nós devíamos nos separar por algum tempo.

- Nos separar? Mas por que?

- Eu estou confuso, Maddie. Vários pensamentos e sentimentos estão passando pela minha cabeça e coração. E, depois de refletir muito, eu cheguei a conclusão de que não tem como viver desse jeito. Ter que viajar onze horas pra te ver, ainda mais nas minhas condições, não é algo que eu poderia fazer sempre. Você entende? É a decisão mais dolorosa que eu já tive que tomar na minha vida...