Parte 5

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Depois de esfregar os olhos, consegui identificar Rebecca na minha frente. Olhei pela janela, e o sol já estava se pondo.

- Finalmente você acordou, achei que iria hibernar.

- Que horas são?

- Hora de você levantar dessa cama, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Poxa, Claire... Já faz uma semana. Você não pode ficar se martirizando desse jeito, já passou. E eu tenho certeza que ela já te perdoou.

- Eu acho bem difícil. Ela não atende meus telefonemas, visualiza minhas mensagens e não responde... Acho que eu estraguei tudo!

- Claire, está tudo muito recente. Com o tempo, ela vai entender que você tomou a decisão certa e tudo vai voltar aos eixos. Agora, você vai levantar dessa cama e me acompanhar até o supermercado para eu comprar os ingredientes do jantar. E arrume o cabelo antes, parece que você acabou de sair de um furacão.

♡♡♡

O calor ameno da primavera era o convite perfeita para atrair os moradores para a rua, enchendo os bares, os cafés e as praças da cidade. No final de semana, eles costumavam sair do seu trabalho para confraternizarem nos comércios locais, enquanto bebiam e escutavam musica até de madrugada.

No caminho para o mercado, passamos em frente a um desses bares que estavam sempre cheios de pessoas, mas, o que me chamou atenção foi um rosto conhecido no meio da multidão. Na verdade, afastado dela.

Num canto da calçada, em frente ao bar, vi Jerry, com uma garrafa de bebida na mão, em um estado visivelmente péssimo. Apontei-o para Rebecca, e rapidamente nós fomos em direção a ele:

- Jerry, o que aconteceu? Você esta bem? - perguntei a ele, e, depois de dar um gole em sua bebida, ele respondeu:

- Estou péssimo. Nunca estive tão mal em toda minha vida. Elaine me deixou. Assim, sem mais nem menos. Disse que nossa relacionamento havia perdido o brilho; disse que, de alguma forma, parecia não fazer mais sentido pra ela.

Essas palavras de Jerry me fizeram lembrar da minha separação de Jake. Lembro de me questionar sobre o porquê dele decidir terminar comigo tão de repente, e de não conseguir aceitar a explicação que ele havia me dado, sobre o desgaste que nosso relacionamento estava enfrentando nos últimos anos. Eu tentava procurar uma explicação que de alguma forma tornasse ele o único culpado, como uma traição, por exemplo.  Mas no fundo, eu sabia que ele estava certo. O único culpado da nossa separação fora o tempo, que, de alguma forma, havia apagado a chama do nosso amor.

- Ei, Claire. Me ajude a levantá-lo. Eu vou levar ele pra casa enquanto você faz as compras, pode ser?

- Vocês não precisam fazer isso. Eu estou bem. Eu posso chegar em casa sozinho - disse Jerry, enquanto tentava se desvencilhar de Becca, que o levantava do chão.

- A gente não pode te deixar aqui assim, nesse estado. Vamos, Jerry. Você consegue me mostrar o caminho até sua casa?

♡♡♡

A casa toda cheirava a molho de tomate, o que me trazia a tona memorias de quando eu morava em Manhattan. Rebecca e eu adorávamos nos juntar, pelo menos uma vez por semana, para fazermos macarrão a bolonhesa e tomarmos vinho. Nossas noites de jantar e bebedeira já haviam virado rotina, até e, mesmo quando nós duas nos casamos, nunca deixávamos de nos encontrar eventualmente.

Apesar de Becca conhecer Damien quando eu e Jake já namorávamos, nós nos casamos praticamente na mesma época. Adorávamos fazer encontros de casais, fosse na nossa casa ou na casa deles. Lembro do deslumbramento que ela sentira quando conhecera Damien, que vinha de uma realidade diferente da que ela estava acostumada.

My Eternal JonesWhere stories live. Discover now