Reencontro

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- Que lugar é esse? – Nicolas olhava para seus arredores um tanto confuso.

Ele estava em uma sala, havia um sofá debaixo dele, uma televisão na parede, da janela de vidro entrava um pouco de sol e o som dos pássaros. O gato preto tinha pulado no colo do garoto de cabelos escuros e agora ambos o encaravam.

- É sua nova casa... – o outro respondeu – Primo.

Nicolas arregalou os olhos e então as memórias foram retornando... A pedra filosofal, sua nova chance de viver na Terra, as palavras de seu chefe, sua nova identidade, seu tataraneto psíquico... É claro, era ali que ele estava agora, aquela era sua nova realidade.

O garoto levantou e caminhou na direção dele, estendendo a mão para cumprimenta-lo. Havia algo naquela pessoa, uma aura um tanto misteriosa e diferente das pessoas com as quais ele era acostumado a conviver. Será que era porque ele tinha o poder de conversar com seres do além?

- Meu nome é Enrico Lin – disse enquanto o cumprimentava – Bem-vindo à Terra.

Nicolas sorriu e quase não pôde acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Ele levou uma das mãos ao coração, que batia freneticamente e mais vivo do que nunca. Era capaz de sentir cada órgão dentro dele funcionando perfeitamente, como se jamais tivesse morrido algum dia.

O mundo era mesmo muito mágico.

Mas Enrico não estava com muita paciência para esperar que ele reagisse a cada nova experiência que tinha e logo começou a atirar nele toda a papelada que precisaria de hoje em diante. O primeiro deles era sua nova identidade, seu novo nome seria Breno Lin, um jovem de 18 anos que tinha acabado de se formar no Ensino Médio. Os detalhes de cada documento deixaram Nicolas surpreso, tudo ali parecia muito realista como se ele fosse mesmo aquela pessoa. Não era à toa que Dominic Lin era o chefe do departamento dos ceifadores, né?

Além de sua nova identidade, ele também tinha recebido uma certa quantia em dinheiro, que o ajudaria a viver enquanto decidiria seu primeiro passo na Terra. O ex-ceifador não podia negar que sentia falta de estudar, já tinha sonhado em ir para a universidade, só precisava descobrir se conseguiria mesmo fazer isso.

Enrico também lhe mostrou o apartamento, não era muito grande mas era bastante confortável e ensolarado. A cozinha era bem equipada, a sala tinha um sofá confortável, os dois quartos tinham um tamanho razoável e ainda havia uma lavanderia ao lado do banheiro. Seu novo "primo" deixou bem claro que o quarto dele era terreno proibido, Nicolas "NUNCA-JAMAIS" poderia colocar os pés lá dentro, o que deixou o ex-ceifador um tanto curioso sobre o que diabos ele mantinha naquele quarto – mas preferiu nem pensar nisso. Na porta em frente estava o quarto dele, ainda vazio exceto por uma cama de solteiro e o guarda-roupa.

- Uau, não acredito que isso tudo é para mim – ele sorria e os olhos brilhavam de emoção – Queria tanto poder abraçar o Dominic agora... Estou tão grato.

- Nossa, você se contenta com pouco – o outro deu de ombros – Enfim, você vai precisar comprar coisas, tipo um cobertor, um travesseiro, roupas... Você não tem nada, né.

- Tudo bem, eu vou ficar feliz de comprar essas coisas.

Enrico olhou para ele e deu um longo suspiro.

- Você é muito colorido para mim, eu apenas gosto de preto – resmungou.

Nicolas riu e adorou o elogio, gostava de ser tão colorido quanto a pulseira que trazia no braço e não se importou nem um pouco que a intenção do garoto não fosse a de elogiá-lo.

- Acho que você seria um bom amigo de alguém que eu conheço – o ex-ceifador comentou.

- Espero que você não esteja se referindo à Nathan Korr – o outro revirou os olhos – Eu o odeio, ele sempre se mete nas minhas conversas com o meu tataravô.

Meu Querido CeifadorWhere stories live. Discover now