Como Nicolas morreu e virou um ceifador

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Nicolas sentou em seu canto no chão do quarto enquanto Sander e Dylan ajudavam o falso doente a deitar na cama. O mais velho até mesmo preparou uma xícara de chá para ele e metade de Harley se sentia mal por estar mentindo, mas a outra metade sabia que aquilo era melhor do que dizer que havia um ceifador em sua vida e que ele tinha tido um surto por razões inexplicáveis.

Quando o garoto terminou de beber o chá, o mais novo ainda estava ao redor de sua cama perguntando a ele de dois em dois minutos se ele estava melhor, então Sander teve que fechar a boca do garoto com a mão. Por fim, Harley agradeceu pela ajuda e disse que precisava descansar e os dois amigos partiram ainda um tanto preocupados. Aquela era uma das razões pelas quais ele adorava aquele dois, eles tinham sido as primeiras pessoas a se preocuparem com ele quando ficava doente, a acompanharem-no ao hospital, prepararem chás e até mesmo dormirem ao lado de sua cama quando ele teve apendicite há uns anos. Eles podiam não ser as pessoas mais legais do mundo com os outros, mas eles eram maravilhosos entre eles, isso era inegável. E Harley adorava aquela amizade mais do que tudo.

Mas havia outra coisa que ele adorava ultimamente, e essa coisa era a companhia de um certo ceifador. Por mais que Nicolas fosse pé no saco com ele e tivesse tentado matá-lo com sua foice, ele gostava de vê-lo sorrir, gostava quando ele o olhava jogar videogame por horas em silêncio e como se entusiasmava com qualquer doce que recebia. Por causa de seus amigos e agora por causa daquele ceifador, ele não se sentia mais sozinho.

No entanto, Nicolas tinha chorado hoje, mas de forma muito diferente das outras vezes. Era verdade que ele chorava muito e por qualquer motivo, mas aquele choro pesado e desesperado tinha o deixado tão preocupado que ele até mesmo mentiu para os seus amigos. Então quando os dois finalmente estavam sozinhos no quarto, sabiam que aquela era uma conversa que não poderia se arrastar mais.

- Nicolas – o garoto bateu no colchão e fez sinal para o ceifador sentar ao lado dele.

- Eu estou bem aqui – ele se encolheu em seu canto no chão.

- Ok, então eu vou sentar aí com você.

Harley levantou e sentou ao lado dele, escorando as costas na parede enquanto dava um longo e preocupado suspiro. O ceifador ainda estava com o rosto escondido entre os joelhos e parecia muito mais triste do que em qualquer outro dia.

- O que aconteceu hoje? Eu preciso saber – o garoto insistiu.

- Eu não quero falar sobre o meu passado – a voz do ceifador saiu abafada.

- Mas se você não me disser, eu não tenho como impedir que aconteça de novo.

Nicolas ficou em silêncio e não respondeu nada, o que fez com que Harley resmungasse um pouco, ele estava muito curioso para saber sobre o que diabos tinha acontecido para que ele se tornasse um ceifador. Quer dizer, não era todo dia que isso acontecia, né.

Como o outro continuou em silêncio, ele tirou o celular do bolso e decidiu fazer algo que já tinha pensado antes, mas que não achava que era apropriado. No entanto, perante a falta de palavras em uma situação preocupante como aquela, decidiu digitar o nome dele na pesquisa do navegador. Se ele tivesse cometido um grande crime, talvez houvesse alguma notícia antiga sobre isso.

O ceifador não fazia ideia do que estava acontecendo enquanto o garoto lia todo tipo de informação inútil sobre outros Nicolas Jacobs que nada tinham a ver com o que ele procurava. Por fim, um site de notícias chamou sua atenção por conta de uma matéria antiga sobre um tiroteio em uma escola. Ele começou a ler com o coração nervoso no peito e segurou a respiração quando leu que o nome de um atirador que havia matado 15 pessoas em uma escola coincidia com o do ceifador.

Meu Querido CeifadorOù les histoires vivent. Découvrez maintenant