Antônio

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Tempi

- Qual é o seu nome, pequeno? - Pergunto, seguindo o corredor junto ao garotinho.

- É Antônio - Ele diz com animação - Era o nome em homenagem ao meu avô - Sua voz diminui - Pena que ele já virou estrela,  pelo menos foi o que minha mãe disse, mas como é possível alguém virar uma estrela? Porque as estrelas brilham lá longe.

- Também acho, Antônio - Digo, vendo o quão ele é inteligente - As estrelas realmente moram muito longe, mas vou te contar um segredo - Seu olhar brilha - Quanto mais ela brilha, mais a pessoa é lembrada e amada.

- Eu sempre lembro do meu avô - Diz, animado - A mamãe sempre me conta as histórias do avô. Sabia que ele foi marinheiro? Ele já encontrou um monte de monstros e coisas esquisitas. Um dia ele disse que já pescou uma sereia! Olha que ele mesmo me contou essa história.

Realmente, esse garoto é muito legal.

Quando me dei conta, já estávamos na sala de janta, Hades estava nos esperando. A sala era realmente enorme, a mesa praticamente era do tamanho dele, comprida. Várias e várias cadeiras estavam na mesa, sem contar as comidas. A mesa estava repleta de comida de tudo que é tipo de comida de se imaginar.

- Nossa - Digo, surpresa - E eu pensando que o Acampamento era exagerado.

- Não sabia do que vocês gostavam - Diz, Perséfone ao lado de Hades, que estava sentado na ponta da mesa - Então pedi para fazerem tudo.

- Eu amo a minha mulher, mas às vezes ela exagera - Diz, Hades - Era só ter perguntado. Ai! - Recebeu un tapa bem dado.

- Eu quis agradar nossa visita! - Diz, séria - Sentem-se - Pede, calmamente.

Eu e Antônio nos sentamos na mesa, Perséfone sorri. Parece que ela não via alguém fazia tempos.

- Então, Hades - Chamo a atenção de todos na mesa - Quando vai levar o Antônio para casa?

- O quanto antes - Diz, me encarando.

- Eu não quero ir! - Diz, Antônio.

- Mas vai! - Digo, sem olhar para ele - A mãe dele deve estar preocupada.

- Já enviamos uma carta da escola dizendo que ele foi para um passeio da escola - Diz, Perséfone - Ele vai voltar hoje mesmo - Me entrega uma bandeja de pão de queijo.

- Eu não quero ir, T! - Reclama Antônio - Eu quero ficar aqui!

- Já chega, Antônio - Diz, Perséfone, tentando manter a calma. Seus olhos já estavam ficando mais escuros.

Antônio pula em cima da mesa, começando a espernear, gritando, batendo o pé forte na mesa. Perséfone e eu só sabíamos gritar com o Antônio, mandando para que ele parasse de fazer tanta birra. Hades apenas terminava de comer seu café-da-manhã, calmo. Nem se importou quando o Antônio jogou em sua direção um pedaço de torta.

- Perséfone - Chamou, com a voz extremamente grossa - Tire a T daqui.

- Mas Hades... - Foi interrompida.

- Agora! - Se levantou bruscamente.

- T - Olha para mim.

- Eu não vou sair daqui! - Finalmente consigo pegar o Antônio - Vai saber o que ele é capaz de fazer.

- T, por favor - Pediu - Você não vai querer ver

- Ver o que, Perséfone? - Pego Antônio no colo, que se debatia forte - DEU, ANTÔNIO - Ele parou, me encarando, com seus olhos começando a encher de lágrimas - Era só o que me faltava.

- Perséfone, eu não vou me controlar - Diz, e um arrepio me percorre.

- T, por favor - Pediu mais uma vez - Deixe o Antônio aqui, confie em mim.

- Não tem como, Perséfone! - Ouço um estrondo enorme.

- JÁ CHEGA! - Gritou, Hades.

Quando o encaro, não era mais ele. Seu corpo foi mudando aos poucos, o que era algo extremanente agoniante. Seus cabelos e sua barba sumiam, sua pele foi ficando de cor diferente, uma cor de lava de um vulcão. Ele foi crescendo e crescendo, e seu corpo foi crescendo junto, trazendo coisas novas também. Nasceram chifres na sua cabeça, assas, que trouxeramum calor imenso para aquele lugar, foram crescendo nas suas costas. Ele ficou tão grande, que seus chifres bateram no teto.

- Solta esse garoto, T - Pediu, me trazendo um enorme arrepio.

Estava estática, não conseguia me mexer, meu corpo não me correspondia mais a minha cabeça. Eu estava tão em choque com tudo, que apenas segurava forte o pequeno garoto.

- T! - Gritou.

- T, por favor - Veio Perséfone até mim - Solte o garoto.

- Você 'tá louca? - Grito, agarrando mais Antônio nos meus braços - Olha como ele 'tá! Ele vai matar o Antônio!

- T, eu não quero fazer a força - Diz, Perséfone.

- T! - Gritou mais uma vez Hades.

- Confie em mim - Diz, se aproximando - Ele não vai matá-lo.

Solto Antônio dos meus braços, fazendo ele correr o máximo que podia. Me agarrei com Perséfone, não queria saber o que Hades iria fazer, muito menos como. Mau cheguei no Submundo e já do pior de Hades, como podemos ver, comecei muito bem.

Nas mãos de Hades começou a se formar um tipo de energia desconhecida por mim, mas soltava muito calor. Aquela energia parecia tão densa, mais tão densa, que eu não sentia mais o ambiente. A energia, nas mãos de Hades, começou a girar por si mesma, se transformado numa esfera poderosa e, provável, que indestrutível. Aquela esfera foi cada vez mais aumentando de tamanho, se tornando até maior que eu. Perséfone apenas me agarrava cada vez mais, como se pedisse para que eu não saísse correndo e salvasse o garoto, mas eu estava tão paralisada com tudo que estava acontecendo, que nem sei se conseguiria sair dos braços de Perséfone. Onde estava Antônio? Já tinha parado de correr, como se aquela esfera o impedisse de fazer isso.

Quando eu menos me deu conta, a esfera foi solta das mãos de Hades. Perséfone me agarrou mais ainda, impedindo que eu pudesse ver alguma coisa, coisa que agradeço muito. Só ouço um grito estridente coar pelo salão, o ambiente voltou ao normal aos poucos, fazendo eu me acalmar de certa forma.

- O que ele fez com o Antônio? - Pergunto assim que consigo coragem.

- Foi levado para casa - Diz Perséfone, depositando um beijo na minha testa.

- Perséfone - Ouço a voz normal de Hades - Procure roupas para mim e um Whisky, por favor.

Perséfone se solta um pouco de mim, para que pudesse olhar em meus olhos e sorrindo gentilmente.

- Eu já volto - Sussurrou - Se quiser - Apontou para algum lugar, fazendo eu olhar para para uma porta - Naquela porta tem uma sala de doces e salgados, tem uma TV e outras coisas - Respira fundo - Tenta relaxar, tá bom?

Assinto, ainda meio estático.

- Quer que eu te leve até lá? - Perguntou. Discordei.

- Cuide de Hades - Digo, desfazendo o abraço de vez - Tenho certeza que vai ser mais difícil para ele do que para mim.

- Desculpe qualquer coisa - Diz, com voz levemente baixa, como se estivesse se arrependido de algo.

- Não peça desculpa, você me ajudou - Sorrio meio fraco.

Ela assentiu, indo até Hades, que nem tive coragem de olhar. Só fui ate aquela porta e entrando, sem nem pensar. Quando cheguei, tinha um sofá e a primeira coisa que fiz foi deitar nela. Pronta para esquecer dessas imagens que vinha e repetia a cada segundo na minha cabeça. Do meu lado tinha uma pipoca de chocolate, do outro lado uma Coca-Cola gelada ao ponto de escorrer água pela garrafa. Mas eu estava sem vontade. Vontade de nada.

...

Tá curtinho, eu sei. Não consegui ter mais imaginação pra continuar. Desculpa.

Até a próxima!

A Filha Escondida Do Olimpo IWhere stories live. Discover now