Murchei em minha cadeira, deixando claro que aquilo não era o que eu queria ouvir. Especialmente porque a Jess e eu éramos muito mais intensos que meus pais e, se mesmo eles tiveram seus problemas, era difícil imaginar como poderíamos fazer dar certo.

— Entendi. - murmurei cabisbaixo.

— Ei! - ela chamou minha atenção, me dando um beliscão leve no braço. - Eu ainda não terminei. Apesar de tudo isso, acho que eu e seu pai concordamos que não mudaríamos nada. Hoje, nós temos nossas experiências juntos e separados, não vivemos com o peso de um ter sacrificado algo tão importante quanto os anos de universidade em função do outro e nos entendemos melhor do que nunca, graças às incontáveis noites passadas tentando resolver nossos problemas. Quando nos víamos depois de semanas de distância, a euforia era tanta que quase fazia toda a dificuldade valer a pena e agora, Tommy, nós conseguimos realmente apreciar o valor da presença um do outro. O que eu quero que você tenha em mente é que sua vida vai muito além desses anos de universidade, então escolha o que vai te fazer bem durante essa vida inteira, não apenas os próximos quatro, cinco anos. Se estar perto da Jess é o que te faz mais feliz, tudo bem. Se ir para outro lugar atrás de oportunidades melhores, tudo bem também, mesmo que eu vá sentir muita saudade. Escolha com carinho, mas a você e ao que quer para você, ok?

As palavras da minha mãe me fizeram sentir melhor, eu tinha que admitir, pelo menos pelos próximos minutos. Porém, quando ela saiu e eu voltei para a minha pilha de papéis e escolhas, as dúvidas voltaram com tudo.

No entanto, eu estava disposto a fazer alguns avanços, então, com base no que ela falou, fui riscando alguns nomes. Em grande maioria, aqueles que a Jess me infernizou para tentar ainda que eu não tivesse o mínimo de interesse. Passei as próximas horas fazendo esse exercício de exclusão ao comparar programas de extensão, credibilidade e, também, distância. Eu não era forte o suficiente para apenas ignorar a questão da distância.

No final das contas, eu me vi encarando dois nomes. Dois grandes nomes. Universidade Internacional da Flórida e Universidade da Califórnia em Los Angeles. Ainda que a primeira tivesse tanto para me oferecer com um programa excelente de natação, uma voz em minha mente - muito parecida com a da minha namorada - insistia em me lembrar que Miami fica praticamente do outro lado do país.

Eu amava Los Angeles e a ideia de deixar a cidade onde passei toda a minha vida até então era desesperadora. Porém, se havia algo que eu amava mais ainda do que a cidade dos anjos, era a natação. Já havia parado algumas vezes para pensar se era aquilo que eu queria para o meu futuro profissional ou se seria apenas um hobbie - que me rendeu uma série de medalhas e prêmios com o passar dos anos, mas, ainda assim, um hobbie. Nunca cheguei a uma conclusão. Eu tinha 17 anos, como é que eu poderia já ter certeza sobre algo do tipo?!

Jess, com apenas 16, já tinha tudo resolvido. Não sabia ainda qual profissão seguir, mas ela definitivamente tinha um plano muito bem traçado. Inclusive, ela costumava ter um para mim (provavelmente para todos os nossos amigos também) e, para ser honesto, a ideia de jogar minha revolta para o alto e ligar para ela era extremamente tentadora. No entanto, os planos da Jess tinham um grande defeito: tendiam a contemplar aquilo que era conveniente para ela e, nesse momento, eu precisava pensar no que era melhor para mim... Certo?

De qualquer forma, sabendo ou não o que eu queria da natação, a Universidade da Flórida me dava essa oportunidade. Tudo bem, a UCLA também tinha um programa legal, mas por que me contentar com o bom quando eu tenho a oportunidade de aproveitar o excelente?

Corri os dedos pela minha cabeça, puxando alguns fios na esperança de que esse ato me trouxesse algum tipo de luz. A bagunça continuou, então eu grunhi de frustração.

VERSUSWhere stories live. Discover now