β͵

3.1K 209 25
                                    


Eu nunca gostei de acordar cedo. Eu até tentava, mas uma força maior simplesmente parecia fazer com que todos os pedacinhos do meu corpo não obedecessem as ordens do meu cérebro de levantar e ficassem lá, jogados na cama, me esperando dormir novamente para que eles pudessem descansar mais.

Mas não foi isso que aconteceu naquela terça-feira.

Assim que meu celular despertou, às 8:00, eu abri os olhos com uma energia desconhecida e me sentei imediatamente. O sol entrava pela janela, minha cama era de solteiro, o cômodo era pequeno e April me olhava assustada da sua cama. Eu estava no meu quarto, no meu dormitório, na UCLA e eu era uma universitária. Não tinha sido um sonho, era tudo muito real!

Olhei para April com um grande sorriso no rosto. Ela ainda me encarava, parecendo ter sido pega de surpresa pelo meu despertador e meu levantar repentino. Ela tinha um livro em seu colo. Quem levanta cedo para ler? Quer dizer, ler é ótimo, mas levantar antes das 09:00 pra fazer isso é no mínimo estranho. Mas algo me dizia que April não era a pessoa mais normal do mundo, então decidi não dar muita atenção para isso. Quem era eu para julgar, certo?

— Bom dia! – exclamei, me espreguiçando.

— Bom d-dia. Que bom que acordou animada.

— É, hoje nada vai estragar o meu dia! Nem a Julie, nem o Thom... – foi quando minha memória pareceu voltar a funcionar e eu me lembrei do que teria que passar o dia fazendo. É, o meu dia ia ser uma merda. Bufei, de repente perdendo todo o meu ânimo, e me joguei novamente de costas na cama.

— Algum problema? – April perguntou. Fiz uma careta.

— Eu tinha me esquecido da minha programação para essa terça-feira. – ficar andando pra lá e pra cá nesse calor, conversando com garotas que eu não estava realmente afim de conhecer não era exatamente a minha definição de dia perfeito.

— Ah, o recrutamento... – ela concluiu e eu assenti.

E eu ainda teria que fazer tudo aquilo sozinha, já que a Julie já tinha passado por tudo aquilo e não poderia ficar comigo durante o processo. Dá pra ficar pior? É claro que dá. Só tenho que acrescentar que todos os meus amigos pareciam ter esquecido completamente do filha da puta que meu ex havia sido comigo e a partir de agora eu iria ter que ver a cara do imbecil o tempo todo.

— Que ótima maneira de começar minha vida universitária, não? Brigando com o meu ex, fazendo coisas que eu não quero... Perfeito!

— Não pensa assim, talvez você se divirta lá. Sabe, eu já pesquisei bastante e vi muitas garotas falarem como o recrutamento é legal. Eu já vi uma que entrou em uma irmandade e acabou saindo, mas mesmo assim disse que com certeza faria tudo aquilo de novo. Não pode ser tão ruim. – quando uma garota doce com uma voz doce tenta te ajudar, acredite, você para pra ouvir. Mas, sendo a Jessica que eu era, aquilo obviamente não me convenceu.

— Eu aposto que é. Já até imagino as garotas das irmandades nos olhando de cima, como se fossem melhores que todo mundo.

— Isso com certeza deve acontecer, mas eu sei que você não vai se deixar abalar por isso. – olhei pra ela, agora com um sorriso no rosto, piscando.

— Não vou mesmo! Querendo ou não, eu tenho que entrar para as Kappas. É minha missão da semana! – disse, me forçando a soar animada.

Seriam cinco dias terríveis, mas o prêmio no final, o de poder esfregar na cara do Thomas de que eu me encaixava em qualquer lugar que eu quisesse, era bom demais para ser jogado fora.

VERSUSWhere stories live. Discover now