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Voltar para a casa das Kappas depois daquele terrível primeiro dia de aula não foi tão divertido. Depois de ter aula naquela sala enorme, cheia de gente desconhecida, professores que eu nunca havia visto na vida e da conversinha com a coordenadora e com o Thomas, eu me sentia diferente. Eu sei, eu devia me sentir diferente, afinal, era uma universitária agora, mas eu sempre pensei que aquela seria uma mudança boa. Eu comemorei quando fui aceita na UCLA, eu contei os dias para me mudar para o campus e experimentar um pouquinho dessa liberdade e não poderia estar mais ansiosa pelo dia de hoje, mas... Ninguém me disse como seria assustador me dar conta de que agora eu estava por conta própria, não tinha mais meus pais por perto o tempo todo, estudava em salas cheias de desconhecidos. Primeiro dia de aula e um total de 0 novas amizades. Tudo bem, não é como se eu tivesse tentado me comunicar com alguém, mas era preocupante. E se April e Mark logo conhecessem outras pessoas e começassem a sair com elas? Eu sabia que os outros já tinham novas turmas e eu odiava aquilo. Egoísta, sim, prazer, Jessica Corinne. É que estava tudo tão bem antes, quando éramos os melhores amigos do ensino médio, e agora tudo parecia distorcido e confuso. Patético, eu sei.

Não me pergunte como eu entrei nessa melancolia, eu também não sei. Só estava andando, parei para pensar e pãm, ela chegou. É por essa e outras que eu prefiro não pensar tanto sobre certas coisas, porque, às vezes, pensar, questionar, o que deu ou daria certo ou errado é um baita de um atraso. Talvez todos passassem por aquele questionamento ao começar a faculdade, ou talvez não, e eu sabia que logo ia passar, mas poxa, enquanto estava ali, acontecendo, era quase sufocante. Quase me fazia querer chorar, correr para a casa dos meus pais e ficar lá para sempre. Mas é claro que eu não faria isso, principalmente porque se eu dissesse para a minha mãe que tudo não estava exatamente perfeito, ela levaria aquele para sempre totalmente a sério e nunca mais me deixaria ir. E também, eu ia conseguir lidar com aquilo sozinha.

Cheguei em casa (uma hora eu teria que me acostumar a chamar aquele lugar de minha casa. Ia ficar por um tempo, só o suficiente para ter certeza de que não queria mesmo ficar ali) e encontrei April conversando com Lucy na sala. Dei oi para as duas e subi rapidamente as escadas, pronta para me jogar na cama.

— Ei, onde você se meteu? – April perguntou vindo atrás de mim.

— Na sala daquela tal coordenadora, Alice. Não te falei?

— Não... O que foi fazer lá?

Joguei minha bolsa do lado da cama e me deitei enquanto April se sentou na beirada.

— Ela me ligou ontem dizendo que queria ter uma conversa comigo sobre o meu comportamento no sábado. – expliquei, a surpreendendo.

— Não acredito! O Thomas te dedurou?

— Tá vendo? Não é uma conclusão absurda a se chegar! – exclamei, bufando. – Mas não, não foi ele. Provavelmente algum X9 de plantão. Ele estava tão surpreso quanto eu por estar lá. Bom... Eu não estava tão surpresa assim, mas enfim, não deu em nada. Ela só poderia fazer alguma coisa se ele, "o prejudicado", "a vítima", quisesse me denunciar e ele não quis.

— Legal da parte dele, né? Não te denunciar. Quer dizer, ele deve ter ficado muito bravo com você. – ela disse e eu dei de ombros.

— Nada além da obrigação dele. Mas é bom saber que ele mantém o espírito esportivo, da próxima vez só preciso me preocupar com os fofoqueiros e não com ele.

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