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Algo estava tocando. Lá no fundo, eu conseguia ouvir um barulho irritante que atrapalhava o meu sono, apesar de eu ainda estar sonolenta demais para identificar de onde vinha. Mas estava tocando, há tempo demais, eu diria.

Virei minha cabeça para o outro lado, na esperança de que desaparecesse, mas não rolou. Ainda estava lá. Qual é, será que alguém poderia fazer aquilo parar?

E então parou.

Eu sorri e relaxei na cama, pronta para voltar a dormir, quando o som voltou. Dessa vez, parecia ainda mais estridente, o que me fez abrir os olhos, irritada. Era uma manhã de sábado, alô!

Procurei ao meu redor e encontrei meu celular com a luz acesa na mesinha ao lado. Peguei-o, sem nem mesmo olhar quem ligava porque minha visão ainda estava parcialmente embaçada, e atendi.

— Que é?

— Porra, finalmente! – disse uma voz que eu chutei ser da Mina. Logo ela? Eu esperava ser acordada pela Julie, mas pela Mina... Era decepcionante. – Eu já te liguei 5 vezes, caralho, tem celular pra que?

— A falta de resposta deveria ser um sinal claro para parar de ligar. – resmunguei, jogando novamente minha cabeça no travesseiro.

— São quase 11h00 da manhã, se liga. – franzi o cenho, surpresa. – Além do mais, eu preciso da sua ajuda.

— Para que?

— Você sabia que eles tem milhões de tipos de sprays diferentes? Vômito, lixo, número 2... Tem até um chamado cadáver aqui que tá me deixando meio preocupada.

— Ah, sei lá, cara, eu tô com sono demais pra pensar nisso. – disse, já de olhos fechados, mais do que pronta pra desligar.

— Acorda, mulher! Eu não sei qual escolher. O cara aqui que vende falou que o de vômito é bem ruim, já o de número 2 é o mais vendido, o que você me diz? – ela perguntou e eu suspirei.

— Eu digo: compre os dois.

— Os dois?

— Isso, você entendeu certinho, te vejo amanhã.

Desliguei.

Eu não tinha o melhor dos humores quando acordava.

— Bom dia, família! – eu disse ao encontrar meus pais na cozinha.

— Já era hora, pensei que não fosse acordar hoje. – meu pai brincou e eu balancei os ombros. Eu realmente tinha dormido pra caralho. Saudade da minha cama, talvez.

— Mas acordou bem a tempo de ajudar no almoço. – minha mãe anunciou com um sorrisinho esperto para o meu lado. Fiz uma careta.

— Sério? Vocês sabem o quanto eu odeio cozinhar. Querem mesmo toda essa energia negativa na comida de vocês?

— Queremos sim, amor.

Bufei, já sabendo que não tinha como fugir dali.

Só tive tempo de comer duas bolachas antes da senhorita Claire me entregar um bom tanto de batatas cozidas para picar. Então eu comecei a trabalhar. Assim que eu terminava alguma coisa, eles já me entregavam outra e foi assim que eu passei a hora seguinte.

VERSUSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora