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2 anos antes...


Thomas' POV


"— Tudo bem. A vida é sua."

A voz da Jess ecoava na minha cabeça a cada, pelo menos, cinco minutos. E ela estava certa. A vida era minha, logo, eu deveria tomar todas as decisões acerca dela. Meu futuro, minhas escolhas e minhas razões pertenciam somente a mim.

No entanto, ninguém me avisou que seria tão difícil. Por isso, eu também culpava a Jess. Ela vinha controlando minha vida há tantos anos, sendo parte imprescindível de cada momento, que eu parecia não ter mais a capacidade de fazer nada por conta própria. Se é que já tive algum dia porque nós nos conhecemos desde que me entendo por gente e não foi o namoro que despertou este lado dela.

Eu sabia bem que ficar pensando nela enquanto deveria estar tomando a decisão que iria influenciar diretamente no resto da minha vida não me ajudaria em absolutamente nada, porém esse era o nível da minha burrice às vezes. E falta de controle.

Nem as três batidas repentinas na porta do meu quarto foram capazes de tirá-la por completo da minha mente, pois tive esperanças que ela surgisse para me salvar daquela agonia. Mas quem apareceu foi a minha mãe, como se o universo quisesse me lembrar de que haviam outras pessoas que me amavam e que deviam ser consideradas, não apenas a minha namorada.

— Ei, não vai sair desse quarto? É noite de sexta-feira, tenho certeza que você tem algo melhor para fazer. - disse, se aproximando da minha mesa.

— Não posso sair enquanto não fazer algum progresso aqui, mãe. - respondi, encarando todos aqueles papéis que, sinceramente, estavam sendo inúteis.

— Bom, trouxe um copo de suco para você. - disse, colocando o copo gelado na minha frente. - Tem muito mais de onde isso saiu, tá? Mas você vai ter que sair e ir buscar.

Eu sorri, agarrando uma de suas mãos para depositar um beijo nas costas.

— Obrigado.

— Que monte de papel é esse, Tommy? - questionou, bisbilhotando por cima dos meus ombros.

— Textos institucionais, listas de prós e contras, programas de extensão, cartas de aceitação e por aí vai...

— E por que a Jess não está te ajudando com isso?

— Porque eu sou capaz, mãe. - respondi, falando muito sério, mas ela riu mesmo assim.

— Tudo bem. - disse, apalpando rapidamente um dos meus ombros em apoio e indo em direção a porta. Eu relutei por alguns segundos, porém, antes que ela saísse completamente do quarto, chamei sua atenção. - Pode falar.

Engoli em seco.

— Você e o meu pai estudaram em universidades diferentes, não é? - ela assentiu. - Isso abalou a relação de vocês de alguma forma? Você se arrepende?

Pensativa, ela entrou novamente no quarto, indo se sentar na beirada da minha cama, próxima a mim. Antes de dizer qualquer coisa, soltou um longo suspiro, o que só me fez pensar que a resposta não poderia ser tão boa assim.

— Bom... Acho que eu estaria mentindo se dissesse que não abalou. É claro que abalou. Foram anos de relacionamento a distância, nos víamos a cada dois meses e nas férias, era muito difícil. É muito mais complicado lidar com desconfianças, ciúmes e, bem, outras companhias a quilômetros de distância. Por sorte, eu e seu pai sempre fomos muito calmos e racionais, então conseguimos sobreviver sem grandes problemas.

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