Paixão insignificante e medos quebrados

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Nine on

Era a minha vez de ir ver Joong. O Dome tinha chegado há alguns segundos e eu apenas me preparava mentalmente para encontrar o meu P' num estado deplorável.

Muito provavelmente o Pavel tinha percebido a minha duvida em decidir se deveria ou não ir até aquele quarto e então tentava encorajar-me com o simples gesto silencioso de acariciar os meus cabelos.

É claro que eu queria ir, eu precisava ir, e saber que ele estaria inconsciente ajudava a facilitar a situação, pelo simples facto de eu não ter a mínima ideia do que dizer. Por isso, o meu plano era ir embora muito antes de ele acordar. Eu poderia parecer um cobarde ao fazer isso, mas a última coisa que eu queria era ter uma conversa. O que eu deveria dizer?

"eu gosto de ti mas já entendi que não é reciproco"?

Iria ser ridículo.

Na realidade, eu tinha sido empurrado pela preocupação até este hospital, mas isso não mudava o facto de eu estar magoado com as palavras dele. Eu não o odiava pelo que ele disse, eu até percebia muito bem o porque de ele o ter dito. Quem poderia gostar asserio de ti, Jungkook? Não sejas um idiota. Sempre foi assim, apenas eu e o Pavel. O meu P' tinha sido uma das poucas pessoas que me tinha dito que me amava, porque raios eu achei que agora poderia existir outro alguém? Mas eu sabia que tudo iria melhorar, esta paixãozinha insignificante iria passar como todas as outras passam e no futuro eu até iria rir de mim mesmo por alguma vez ter gostado dele desta forma. Mas enquanto não passava era doloroso. Triste. E apesar de eu ter vivido a minha vida toda sem amigos e sem o amor dos meus pais, sempre era difícil aceitar que mais uma pessoa me descartou.

Alguns minutos de reflexão se passaram e então, finalmente, resolvi levantar-me. O Pavel deu um leve sorriso ao entender que eu iria ver Joong, enquanto o Dome apenas permanecia sentado com a cabeça encostada na parede e os olhos exaustos fechados.

Suspirei várias vezes e caminhei pelos corredores onde os funcionários corriam apressadamente de um lado para o outro, e depois de um longo caminho finalmente avistei a porta numerada com o mesmo numero que Pavel me tinha indicado.

Num ato de repentina coragem apressei os meus passos em direção ao quarto e rodei a maçaneta da porta. Era um comodo relativamente pequeno, que tinha pouco espaço disponível pela imensa quantidade de equipamentos que albergava.

Fechei a porta devagar e fechei os olhos com força no exato momento em que olhei para Joong. O seu rosto coberto de hematomas vermelhos e roxos mostravam o quanto ele tinha apanhado há algumas horas atrás. Uma pequena seringa estava espetada na sua mão direita por onde o soro entrava para as suas veias e um enorme penso colado na sua testa provavelmente a cobrir um ferimento mais grave.

Aproximei-me dele com passos lentos e arrastados enquanto tentava controlar a minha respiração que se deixava dominar pela preocupação, e permaneci de pé ao seu lado a observa-lo dormir com um ar sereno. Nem parecia o mesmo homem ríspido que discutia comigo incessantemente, e nem mesmo as pequenas imperfeições provocadas pela luta lhe tiravam a beleza natural do seu rosto. Ele era indiscutivelmente lindo.

Aproximadamente 10 minutos depois, eu continuava ali, em pé a encara-lo silenciosamente sem mexer um único músculo. O meu peito dividia-se entre esperança e medo. Esperança de que ele acordasse e me dissesse que estava bem, e medo que ele acordasse enquanto eu ainda estivesse ali. Isso podia parecer confuso, mas esse era outro dos sentimentos que rodeava o meu interior... a confusão.

Movi a minha mão vagarosamente direcionando-a ao seu rosto e passei os meus dedos com delicadeza na sua testa quente e macia e seguidamente guiei o meu polegar até aos seus lábios que, apesar de terem um corte no canto esquerdo, não deixavam de ser perfeitos e apelativos, relembrando-me das poucas vezes que eles tocaram nos meus, primeiramente com calma e depois com um toque de possessão.

I Hate Loving You ( Joong Nine, PavelDome)Where stories live. Discover now