- Como é? – pela primeira vez me interessei por aquilo.
- Quando for sua vez vai saber, mas não se preocupe... Ainda tem muito a viver... – olhou novamente para mim. – Eu só não posso falar, cada um descobrirá no momento certo, deixei a mágica da vida acontecer e o que vem depois, deixe para depois...
- Um péssimo hábito humano... – constatei. – Querer saber o que vem depois... – ele concordou com a cabeça.
- A mágica tem que acontecer naturalmente, como o próprio ciclo da vida! – pegou um punhado de areia e depois viu ela se esvair ao abrir os dedos. – Mas eu não vim falar disso, eu só estou fazendo uma pequena e curta visita.
- Deveria vir mais vezes... – supliquei novamente.
- Eu já expliquei. – alçou a sobrancelha.
- Eu sei... Eu sei... Mas eu sinto sua falta. – choraminguei, encostando-me em seu corpo, sentindo sua presença acalentar meu peito. Meu pai olhou para o céu e depois se perdeu no infinito finito que era o mar.
- Você tinha tanto a viver... Você nem chegou a conhecê-la. – disse fazendo referência a minha pequena que agora brincava com a areia da praia.
- Eu tinha tanta coisa, você já perdeu inúmeras oportunidades... Esqueça isso! – ralhou. – O que passou, passou. Temos que viver com o peso de nossas escolhas e as consequências dela. – acariciou minha bochecha. – O meu tempo aqui já foi todo preenchido, não perca o seu com trivialidades... – voltou a encarar o céu e cantarolar: - I keep the ends out for the tie that binds – sorriu para mim. - Because you're mine, I walk the line
Um calor gostoso pinicava meu coração, ouvir meu pai cantar sempre trazia a minha menta a lembrança de chocolate quente. Ouvir aquela voz rouca cantando, mesmo que em momentos como aquele, era resgatar da memória lembranças únicas da minha infância.
- Eu preciso ir...
- Está cedo. – o cortei, com uma voz suplicante.
- Vai chover querida... – olhou novamente para o céu.
- O céu está sem uma única nuvem... – afirmei. – Como pode dizer isso?
Ele olhou, piscou de forma marota, abriu a boca para falar algo, mas negou com a cabeça. Pensei em protestar, mas um corpo súbito caiu sobre meu corpo e tirou todo o meu foco de meu pai.
- Aí! – levantei subitamente puxando o ar com força, coçando minha cabeça confusa.
- Desculpa mãe... – David pediu apressadamente, sua voz visivelmente preocupada. – Eu não quis acordá-la. – choramingou, olhei para o corpo que tinha me atingido e minha filha estava com o corpo jogado sobre o meu, rindo da situação. – Mama Camila pediu para eu passar mais protetor na Batatinha... – continuou a explicação. – Eu a deixei sentada enquanto procurava o protetor, mas ela se levantou e caiu sobre o seu corpo. – tentei coçar meus olhos, mas bati a mão em meus óculos de sol, levantei-os e cocei os olhos, suprimindo um bocejo, tentando entender o que estava acontecendo. Olhei rapidamente para o lado em busca do meu pai.
- Você o viu? – perguntei atordoada.
- Quem? – meu filho interrompeu a explicação e me encarou confuso. Olhei novamente ao redor sentindo o peso da realidade cair. Olhei novamente para minha filha, molhada da água do mar e sorri, realmente ia chover, neguei com a cabeça. Anabella tentava se levantar novamente.
- Ninguém... – respondi. – Mamãe estava tendo um bom sonho.
- Desculpa por acordá-la. – meu filho pediu novamente, sem jeito.
ČTEŠ
Secrets Segunda Temporada
FanfikceQuatro anos após o casamento, Lauren e Camila decidem aumentar a família e dar a David, o primogênito do clã Cabello Jauregui, um irmão ou irmã. Trabalho, escola, gravidez e um mundo a se enfrentar serão os desafios dessa família. Educar um filho é...
Capítulo XLV
Začít od začátku