Capítulo 18

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Erick Siqueira

Olho no relógio, ainda é cedo. Enzo não está na cama, provavelmente já deve estar tomando café. Preciso me levantar, tenho que estudar alguma forma de resolver minha vida.

Na cozinha se encontram Maria e Enzo, ele está bebendo um achocolatado que adora e comendo um misto quente. Entro e dou um beijo em Maria, agradeço-lhe por cuidar do pirralho. Ela me relata como ele e Roberto se deram bem, passaram o dia entre a piscina e o videogame. 

Maria está me servindo um delicioso café enquanto a tv está ligada. Algo me chama atenção no noticiário. Uma reportagem sobre dois corpos de adolescentes que foram encontrados carbonizados.

Maria fica atônita com a notícia:

— Meu Deus! Quanta crueldade! — Maria fala em choque.

Sinto todo meu corpo se arrepiar, recordo-me de cada momento em que assisti aquela cena horrenda. 

Não quero mais o café. Estou enjoado e triste .

Quando o repórter fala o nome da comunidade em que tudo aconteceu, Enzo me olha assustado. Ele é esperto, sabe que provavelmente Nicolas tinha envolvimento com esse crime.

Maria sai para levar mais café aos patrões e percebo meu irmão em pânico.

Enzo se levanta e caminha na minha direção.

— Erick... Me desculpe por tudo. — ele já está em lágrimas, e meu coração se parte.

— Não precisa se desculpar mais, Enzo — digo de forma carinhosa.

Ele me abraça e fico comovido.

— Sei que a culpa de tudo isso é minha. Agora não temos mais uma casa e sei que Nicolas vai querer me matar, mas eu não quero morrer, Erick. Ele vai me matar, eu sei!

Meu irmão está soluçando de tanto chorar, desesperado. Suas lágrimas caem em meus braços, fico desestabilizado. Retribuo seu abraço forte, acariciando seus cabelos.

— Não vai acontecer nada com você, eu prometo.

Naquele momento eu soube o que precisava fazer.

— Eu também prometo que vou te ouvir e nunca mais desobedecer, Erick.

Agora é Enzo quem me aperta forte, demonstrando toda sua confiança em mim.

Por mais que pareça loucura, só tenho uma alternativa para salvar minha família. Maria retorna e pergunto pelo Senhor Bernardo. Assim que diz que ele está tomando café, eu me dirijo até a sala. Quando chego, Rebeca também está.

— Bom dia, senhor Bernardo e senhorita Rebeca.

Eles correspondem o cumprimento um pouco desconfiados.

— Diga Erick, em que posso ajudá-lo? — pergunta senhor Bernardo, após um gole no seu café.

— Eu queria conversar com o senhor, a respeito daquele assunto.

Ele para de beber o seu café e me olha.

Vejo que Rebeca está se esforçando para disfarçar seu contentamento.

MIL DIAS COM ELA🌻Livro Físico EditoraLitteraWhere stories live. Discover now